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Opinião de Paulo Pires do Vale

Glossário (I)

As palavras que edificam o Plano Nacional das Artes Cidadania – As artes, o património,…

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As palavras que edificam o Plano Nacional das Artes

Cidadania – As artes, o património, a cultura, podem ser uma mediação determinante para a compreensão das questões de cidadania do nosso tempo (e de todos os tempos) – e um apoio para trabalhar os temas da componente curricular de Cidadania e desenvolvimento, de forma transdisciplinar. Da experiência pessoal mais íntima (que é também a mais comum) à construção da comunidade (e a organização da Polis); do conhecimento do mundo em que vivemos à capacidade de indignação e projeção de outros modos de vida possíveis. Essas são também as questões que os artistas ao longo da História enfrentaram e às quais deram resposta, ou deram mais perguntas, nas suas obras. E continuam, hoje, a inquietar-nos e a lembrar-nos a urgência de não esquecermos esses temas: direitos humanos, interculturalidade, ambiente, sexualidade, consumo...

Colaboração – Em vez de “fazer para”, “trabalhar com”. Criar parcerias é o único modo de implementar uma mudança estrutural, duradoura e sustentada. O Plano só será implementado num trabalho concertado e continuado com os artistas, as comunidades educativas, os municípios, as instituições culturais (Museus, Teatros, Centros culturais...), as Universidades/Polítécnicos/Escolas Superiores, as associações artísticas, os Centros de Formação de Professores, os planos, programas e redes já existentes, as várias áreas governamentais...  De forma sistémica, cada agente tem o seu lugar e o seu papel insubstituível neste jogo. Valorizamos, também, a colaboração, porque temos consciência de que entramos numa história que começou muito antes de nós: não começamos numa página em branco.

Conteúdo/Forma – São inseparáveis. Não há conteúdo sem forma, nem forma sem conteúdo. Habitualmente, tende-se a desvalorizar a forma, o modo de apresentação, mas com os artistas aprendemos: a forma é já conteúdo. Tal como o meio é já a mensagem. Por isso, procuramos não esquecer a sua unidade – e promover a excelência nessa inseparabilidade.

Cultura – A cultura só existe no plural. É o sistema simbólico que atribui sentidos à vida e que se manifesta de formas múltiplas e de modos distintos em diferentes comunidades. Essa rede simbólica, que faz a mediação entre a pessoa e o mundo, permite compreender que o “mundo” seja um “horizonte de possibilidades”, mais do que um conjunto de coisas. Organiza uma mundividência própria, um olhar que cria e transforma o mundo em que cada um/cada comunidade vive. A cultura no plural, abrindo conscientemente aquele “horizonte de possibilidades”, exige a transgressão das categorizações arbitrárias e conservadoras que dividem a cultura em popular, de massas ou erudita. 

Democracia Cultural – Mais do que “democratização”, que transporta ainda uma hierarquização paternalista entre o especialista que define o que é importante e deve ser conhecido, e aqueles que consomem o que foi definido por outro. A noção de “democracia cultural” institui um modelo diferente: afasta-se da menorização do outro, valorizando o que ele sabe, o que é, a sua especificidade cultural, as suas tradições, a sua voz. Para que cada um possa participar na cultura de todos, temos de capacitar e dar condições para que isso aconteça -  para isso, é fundamental que se valorizem as especificidades culturais, pessoais, territoriais, e que todos tenham acesso a múltiplas e diversificadas experiências e manifestações culturais, e possam descobrir a forma própria da sua participação activa. Em vez de “levar cultura” ao território, é preciso dizer que em todo o território já existe cultura: é fundamental valorizar a cultura que aí existe para, depois, poder identificar as expressões culturais que aí faltam e que é necessário colmatar. Ou seja: cumprir a Constituição.

Desejo – Uma pedagogia do desejo, em vez da imposição obrigatória. Queremos que seja esse o caminho de implementação das medidas do Plano: que sejam desejadas pelos diferentes agentes no território. É preciso, então, pelo exemplo e pela palavra, motivar, seduzir, activar o desejo.

Deslocamentos – Uma estratégia de desvio: queremos tornar os espaços educativos em espaços artísticos, e os espaços artísticos em espaços educativos. Desse modo, criar novos espaços. De fronteira. Entre.

*Texto escrito ao abrigo do antigo Acordo Ortográfico

-Sobre Paulo Pires do Vale-

Filósofo, professor universitário, ensaísta e curador. É Comissário do Plano Nacional das Artes, uma iniciativa conjunta do Ministério da Cultura e do Ministério da Educação, desde Fevereiro de 2019.

Texto de Paulo Pires do Vale
Fotografia de Tomás Cunha Ferreira

As posições expressas pelas pessoas que escrevem as colunas de opinião são apenas da sua própria responsabilidade.

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