Requalificada no âmbito do projeto RAMA - Residências Artísticas Maceira Alfeiria, a antiga escola primária, desativada em 2006, tem agora capacidade para acolher, em simultâneo, três a quatro artistas.
Destinada a artistas, investigadores e curadores nacionais e internacionais, a RAMA pretende desenvolver-se como centro de investigação avançada no campo das artes e do cruzamento com as ciências e a educação, procurando ideias para a sustentabilidade, a ecologia e o equilíbrio entre sistemas.
Com dois quartos individuais e um quarto de casal, o edifício possui ainda instalações sanitárias, uma sala de convívio, uma biblioteca de arte e uma cozinha.
A ideia de criar um espaço de residências artísticas em Alfeiria partiu de Paulo Brighenti, da RAMA, que possuía um atelier, numa sua propriedade, nessa mesma aldeia. Para esse projeto, propôs transformar uma adega, adjacente ao local, num estúdio de trabalho amplo para ser usado pelos artistas. Mas faltava espaço para o alojamento dos mesmos, “de modo a criar uma residência artística que proporcionasse um ambiente imersivo para os artistas e investigadores trabalharem concentrados nas suas pesquisas e ao mesmo tempo estarem próximos da comunidade”, partilha com o Gerador.
A proposta foi então feita à Câmara Municipal de Torres Vedras, que, em conjunto com a Junta de Freguesia da União das Freguesias de Carvoeira e Carmões, auscultou a comunidade sobre a ideia de converter a antiga escola num alojamento e espaço de encontros. Já a resposta "foi muito generosa e positiva".
Inauguração da RAMA - Residências Artísticas Maceira Alfeiria
Para Paulo Brighenti, a escola representa um encontro feliz entre vontades: "entre a vontade de trazer criadores para valorizar o território e a vontade da comunidade que vê a escola da sua aldeia ganhar uma nova vida, mantendo-se associada ao conhecimento e às aprendizagens."
Como conta, esta é também uma instituição com uma história especial. Construída em 1981, “nasceu da força empreendedora de um grupo de mulheres que no início dos anos 80 moveu mundos e fundos para construir a escola na aldeia, indo contra preconceitos. Diziam que aquela não era uma tarefa para mulheres.”
Outrora hostilizadas, estas foram as primeiras pessoas a visitar a RAMA. “Deu-nos imensa satisfação abrir-lhes as portas, ver os seus sorrisos e ouvir as suas histórias. A escola continua a ser da comunidade”, acrescenta.
O espaço foi inaugurado no passado dia 1 de setembro.