fbpx

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

Acesso Cultura lança guia dirigido a profissionais de comunicação cultural e jornalistas

A associação apresentou o projeto “Como (e quando) falar da deficiência”, no dia 26 de outubro, no Museu do Dinheiro, em Lisboa. A publicação foi escrita pela jornalista Dora Alexandre e pela diretora executiva da Acesso Cultura, Maria Vlachou. “O setor cultural e o setor da comunicação social têm ajudado a perpetuar estereótipos em relação às pessoas com deficiência e Surdas”, escrevem as autoras, “é urgente quebrar o paradigma capacitista vigente na sociedade portuguesa”.

Texto de Débora Cruz

Lançamento do guia “Como (e quando) falar da deficiência: um guia para profissionais de comunicação cultural e jornalistas”, no dia 26 de outubro, no Museu do Dinheiro, em Lisboa. Fotografia de Acesso Cultura

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

Em junho, a bailarina, coreógrafa e escritora, Diana Niepce, enviou um e-mail a múltiplos jornalistas e profissionais da cultura. Nele, a artista partilhava o seu desagrado pela “grande falta de sensibilidade” com que comunicavam sobre o seu trabalho e a forma como contribuíam para a sua fragilização. “A obra e autor com deficiência não deve, de forma alguma, ser exposta de forma capacitista, criando um contexto de superação, paternalismo [e] condescendência”, escrevia. 

Foi o e-mail de Diana Niepce que motivou a Acesso Cultura a contactar a jornalista Dora Alexandre, autora de A deficiência na comunicação social: guia de boa práticas para jornalistas (2012), e diversas artistas e ativistas com deficiência e Surdas, com o objetivo de criar um guia dirigido a profissionais de comunicação cultural e jornalistas. Para além da contribuição de Diana Niepce, o texto conta também com a revisão e comentários de Diana Santos, Joana Reais, Mia Meneses, Mickaella Dantas e Patrícia Carmo. 

O capacitismo é a palavra que define a discriminação, opressão e abuso contra pessoas com deficiência, considerando-as inferiores às pessoas sem deficiência. Ou seja, é a discriminação em razão da capacidade (física, intelectual, psicológica). O capacitismo tem por base um conjunto de crenças, processos e práticas sociais que produzem um tipo de padrão corporal (físico e intelectual) sem incapacidade, visto como superior, perfeito/ideal e essencialmente humano. Pessoas que não se encaixam nesse padrão são, de certa forma, desumanizadas e excluídas. Esta perspetiva é altamente opressora, porque foca o problema nas pessoas, culpando a própria incapacidade pelos problemas que as pessoas vivenciam, ao invés de focar o problema na opressão e nas barreiras sociais.

Definição de "capacitismo" apresentada pela Acesso Cultura

A sessão de lançamento do projeto contou com a presença de Diana Santos, Joana Reais, Mia Meneses e Diana Niepce. As artistas e ativistas explicaram a forma como a comunicação dos seus trabalhos e histórias de vida revela, com frequência, referências capacitistas, termos incorretos e atitudes paternalistas ou condescendentes. “Quando usamos termos [incorretos] ou reproduzimos estereótipos, estamos a compactuar com um sistema que marginaliza e desumaniza as pessoas”, assevera Diana Niepce.

No prefácio do guia, a presidente da direção da Acesso Cultura, Rita Pires dos Santos, escreve que cada pessoa e, em particular, os profissionais de comunicação, tem a “responsabilidade de contribuir para a criação de uma sociedade onde todas as pessoas possam ter o direito de sonhar e de ser o melhor que puderem, sem ‘rótulos’”. Nesse sentido, Joana Reais, cantora, performer, investigadora e oradora, relembra que “as palavras têm muito impacto”, pelo que “as boas práticas na comunicação precisam de ser intencionais e consistentes”.

Por sua vez, Diana Santos, psicóloga clínica, conta que a comunicação social tende a desconsiderar as competências profissionais de pessoas com deficiência e Surdas. “Há contextos em quero falar de deficiência, no geral, e outros em que não quero”, explica, “precisamos de aparecer, mas pelo nosso trabalho e nunca nos pensam como pessoas competentes”.

A escrita da palavra “Surdo/a” com S maiúscula é uma convenção adotada por pessoas Surdas em vários países. Serve para identificar pessoas cuja língua materna é a língua gestual do seu país e que consideram que fazem parte de uma minoria linguística, tendo uma cultura própria. As pessoas Surdas não consideram que têm uma deficiência. As pessoas que se identificam como tendo uma deficiência auditiva são pessoas surdas que não falam língua gestual, que usam aparelhos auditivos ou que têm implantes cocleares. Podem ainda ser pessoas que perderam ou estão a perder a audição devido à sua idade, questões genéticas ou acidentes.

Esclarecimento oferecido pela Acesso Cultura no guia “Como (e quando) falar da deficiência”

O "Enquadramento" do guia oferece, entre outros aspetos, esclarecimentos e desconstrói mitos em torno da deficiência. A publicação contém também estratégias para profissionais de comunicação cultural e jornalistas, desde sugestões para a fase de preparação e recolha da informação, até à escrita, com a indicação de termos incorretos utilizados e a sua respetiva correção. Apesar de o foco da publicação ser a área da cultura, a associação alerta que o guia pode auxiliar a comunicação de outras áreas e espera que “possa vir a ser útil também para outros profissionais”. 

Podes consultar a publicação Como (e quando) falar da deficiência: um guia para profissionais de comunicação cultural e jornalistas, ao clicar, aqui

Publicidade

Se este artigo te interessou vale a pena espreitares estes também

16 Junho 2025

Para as associações lisboetas, os Santos não são apenas tradição, mas também resistência

29 Maio 2025

Maribel López: “Temos de tentar garantir que os artistas possam dar forma às suas ideias”

28 Maio 2025

EuroPride: associações LGBTI+ demarcam-se do evento mas organização espera “milhares” em Lisboa

1 Maio 2025

Literacia mediática digital além da sala de aula 

22 Abril 2025

“Pressão crescente das entidades municipais” obriga a “pausa criativa” dos Arroz Estúdios

17 Abril 2025

Estarão as escolas preparadas para os desafios apresentados pela IA? O caso de Portugal e da Bélgica 

17 Março 2025

Ao contrário dos EUA, em Portugal as empresas (ainda) mantêm políticas de diversidade

6 Janeiro 2025

Joana Meneses Fernandes: “Os projetos servem para desinquietar um bocadinho.”

23 Dezembro 2024

“FEMglocal”: um projeto de “investigação-ação” sobre os movimentos feministas glocais

18 Dezembro 2024

Portugal é o país onde mais cresceu o risco para o pluralismo mediático entre UE e candidatos

Academia: cursos originais com especialistas de referência

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Viver, trabalhar e investir no interior

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Escrita para intérpretes e criadores [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo Literário: Do poder dos factos à beleza narrativa [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Artes Performativas: Estratégias de venda e comunicação de um projeto [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Comunicação Cultural [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Gestão de livrarias independentes e produção de eventos literários [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Desarrumar a escrita: oficina prática [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Patrimónios Contestados [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo e Crítica Musical [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Iniciação ao vídeo – filma, corta e edita [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Introdução à Produção Musical para Audiovisuais [online]

Duração: 15h

Formato: Online

Investigações: conhece as nossas principais reportagens, feitas de jornalismo lento

02 JUNHO 2025

15 anos de casamento igualitário

Em 2010, em Portugal, o casamento perdeu a conotação heteronormativa. A Assembleia da República votou positivamente a proposta de lei que reconheceu as uniões LGBTQI+ como legítimas. O casamento entre pessoas do mesmo género tornou-se legal. A legitimidade trazida pela união civil contribuiu para desmistificar preconceitos e combater a homofobia. Para muitos casais, ainda é uma afirmação política necessária. A luta não está concluída, dizem, já que a discriminação ainda não desapareceu.

12 MAIO 2025

Ativismo climático sob julgamento: repressão legal desafia protestos na Europa e em Portugal

Nos últimos anos, observa-se na Europa uma tendência crescente de criminalização do ativismo climático, com autoridades a recorrerem a novas leis e processos judiciais para travar protestos ambientais​. Portugal não está imune a este fenómeno: de ações simbólicas nas ruas de Lisboa a bloqueios de infraestruturas, vários ativistas climáticos portugueses enfrentaram detenções e acusações formais – incluindo multas pesadas – por exercerem o direito à manifestação.

A tua lista de compras0
O teu carrinho está vazio.
0