Nascida em 1999, natural de São João da Pesqueira, distrito de Viseu, é licenciada em Ciências da Comunicação, pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. E, agora, está a iniciar o mestrado em Jornalismo, na Universidade NOVA de Lisboa. Já fez rádio, mas atualmente escreve e fotografa, aliando estas suas duas paixões, sobretudo no que diz respeito ao Interior de Portugal. Com ambição de fotojornalista/repórter de imagem e jornalista, gosta sobretudo de contar histórias e dar a conhecer o lado que nem sempre é ouvido e valorizado. É também isso que nos conta através do seu projeto @fotografandoestorias.
Ana decidiu ocupar as páginas desta obra, a que deu o nome de Codessais: uma residência em resistência, com fotografias que recolheu à medida que ia colecionando histórias que passam pela residência de Codessais, que serve de casa a vários estudantes universitários da zona de Vila Real. Fomos falar com a Ana sobre o que a motivou para esta obra e fotorreportagem que podes conhecer, na íntegra, no nosso site.
Gerador (G.) – Podes partilhar connosco o contexto em que surgiu esta obra dedicada à residência de Codessais?
Ana Marques (A. M.) – Esta obra surge como tantas outras obras que tenho realizado ao longo destes últimos tempos: na constante inquietação que tenho face ao que me rodeia. É com o que vivo e o que, por vezes, diretamente me toca, ou aos meus, que faz com que me inspire e trabalhe. Esta, em especial dedicada a Codessais, surgiu precisamente pela necessidade que sempre tive em mostrar quais as condições que existem em viver não só nesta residência, mas também a luta que muitos estudantes enfrentam aquando da procura de habitação numa das alturas mais importantes das suas vidas.
G. – Um dos teus objetivos para recolheres estas histórias da residência era perceber quais os motivos que levam os alunos a estar naquela residência. Que principais motivos encontraste?
A.M. – Alguns alunos procuram a residência porque, à pressão, é o que eles conseguem encontrar mais à disposição, mas sei de fonte segura que, a grande maioria, incluindo eu na altura em que lá estive, a escolhe principalmente por motivos financeiros. O ambiente é, sem dúvida, de família, a relação que se cria com as pessoas que trabalham na residência é de grande proximidade, porque elas são muito acessíveis e simpáticas. Estes são os principais motivos.
G. – «Nos últimos anos, tem sido cada vez mais difícil – e, portanto, um entrave – para muitos estudantes conseguirem ambientar-se nesses locais novos onde vão iniciar um novo desafio, muito devido ao preço para arrendar casa em Portugal», escreves. Que possibilidades identificas e te foram dadas a conhecer ao longo deste processo como sugestões para dar resposta ao desafio que é, hoje, arrendar casa em Portugal neste início de vida adulta para os estudantes universitários?
A. M. – Nesse caso, falo no geral, mas posso dar o meu caso, em particular. Vila Real, a nível de preços, não é das piores cidades. Mas, no meu caso, e quem tenha pais com rendimentos que não sejam mais do que apenas o ordenado mínimo, com despesas de quarto, mais água, luz, comida e transportes – ainda para mais agora com os preços altíssimos, a crescer – torna-se insustentável. No meu primeiro ano de faculdade, tornou-se insustentável por esse motivo. As residências são, sem dúvida, uma salvação para muitos alunos e dão resposta a dezenas que vêm cheios de preocupação e aflição pelo peso que sentem.
G. – De que forma esta série fotográfica, enriquecida por conversas, te impactou, tendo também em conta a tua própria experiência da residência?
A. M. – Todos os entrevistados – e muitos deles não incluí na reportagem – têm histórias de vida diferentes, mas estão ali com o mesmo propósito que eu estive: viver o mais pleno possíveis, terem pessoas que possam confiar e sentir-se bem ao redor deles, enquanto vivem a experiência académica. Gostei de perceber que a Comissão de Residentes não desiste de lutar pelos direitos dos alunos e que estão cada vez mais atentos a todos os problemas existentes com qualquer residente, seja ele português ou de outra nacionalidade. Mais do que escrever toda esta reportagem, eu vivi. E todos eles me ensinaram a partilhar mais, a ajudar o outro, a ter mais empatia e a valorizar as pessoas.
Podes ficar a conhecer a obra fotográfica, aqui.
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