A falta de coerência por parte da Igreja Católica face aos relatos de casos de abuso sexual e a postura inativa da mesma no que respeita à atribuição de indemnizações foram aspetos fortemente criticados por António Grosso. “A Igreja Católica não devia estar sentada na poltrona à espera que o mendigo passasse, que as pessoas vão pedir indemnizações”, frisou o co-fundador da Associação Coração Silenciado.
Nesta entrevista, gravada no final de maio - antes de o grupo Vita revelar que subiu para 39 o número de vítimas que requereram compensação financeira -, o porta-voz, que também sofreu abusos no seio de instituições religiosas, sublinhou ainda que todas as vítimas deviam receber uma indemnização de igual valor, ao invés da quantia ser calculada caso a caso. “Se o sofrimento não tem preço, também não tem tamanho nem medida”, diz.
Falando sobre o seu caso concreto, onde relatou os abusos que sofreu em criança, António Grosso frisou ainda que a violência exercida por elementos da Igreja Católica não era apenas sexual, já que eram comuns casos de agressões e maus tratos por negligência, nomeadamente ao nível da alimentação.
Pela gravidade do sucedido, o porta-voz da Associação Coração Silenciado critica também as prescrições dos crimes cometidos e indigna-se perante a utilização desse argumento. “Como é que a Igreja pode vir alegar prescrições do Direito civil, ou mesmo do Direito canónico, para uma coisa que foi tão pecado em 1960, como é em 2020?