fbpx

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

Opinião de Selma Uamusse

Começar de novo

As coisas velhas já passaram eis que tudo se fez de novo, as coisas velhas…

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

As coisas velhas já passaram eis que tudo se fez de novo, as coisas velhas já passaram eis que tudo se fez de novo…Desafio hercúleo repetir este versículo neste já Outubro de 2020. Aqui em casa há estudantes, actividades extracurriculares, pais e professores para quem Setembro significa ainda mais o início de um novo ano. Não está a ser fácil e, quanto a mim, parece-me um (re)começar aos trambulhões. Andamos confusos, porque a rotina neste “novo normal” mascarado não parece querer instalar-se em nós entre muitas regras novas, alunos, professores, auxiliares e a suspeição de que alguém fique doente de forma imprevisível. Interrupção de aulas, desinfecções, testes, a incerteza de tudo traz algum cansaço, porque tentamos fazer uma vida normal, mas com cuidados e parece difícil não ficar obcecado com cuidados ou, por outro lado, borrifarmo-nos para tudo… confesso, como muitos, estou fartinha! Quero avançar e começar um novo ano mas o presente ano insiste em não terminar…Talvez esteja à espera de alguma dignidade? Talvez sim, talvez não mas há que (re)começar.

Quando nos casámos, cientes do que deixávamos para trás e ansiosos pelo que estava para vir, oferecemos um pin com esta passagem a todos os amigos que se juntaram à boda para lembrar que o que está para trás não nos define para sempre, há perdão para os nossos erros e há espaço para recomeçar mesmo em situações adversas como a que vivemos hoje. Deixei a engenharia para me dedicar à música quando tinha 28 anos e, hoje, com quase 40, vejo muitos amigos a não se acomodarem e a mudarem de carreiras profissionais. Fico orgulhosa e inspirada, porque na maior parte das vezes significa uma saída da zona de conforto e um enorme exercício de fé e esperança…Criar uma vida que reflita os nossos valores e que satisfaça a nossa alma é uma rara, ou pelo menos difícil, conquista ainda mais nesta conjuntura em que a ambição só é entendida se for para chegar ao topo de uma imaginária escada de sucesso.

As folhas já caiem das árvores, a chuva e o frio estão à espreita e anunciam uma nova estação. Começar de novo? Sim, sempre e com a esperança de que a cada dia haja uma oportunidade de fazer melhor, como numa nova estação, num novo ano, num novo Setembro…

Reeinventar ou começar de novo a nossa vida pode não ser fácil, mas estamos sempre a tempo de nos permitirmos isso e eu creio que só podemos ser mais felizes com essa ousadia e trabalheira toda de … Começar de novo para que tudo se faça de novo.

…"não penso que eu mesmo já o tenha alcançado, mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo”…

*Texto escrito de acordo com o antigo Acordo Ortográfico 

-Sobre Selma Uamusse- 

De origem e nacionalidade moçambicana, residente em Lisboa, formada em Engenheira do Território pelo Instituto Superior Técnico, ex-aluna da escola de Jazz do Hot Club, mãe, esposa, missionária e activista social,  Selma Uamusse é cantora desde 1999. Lançou a sua carreira a solo em 2014, através da sua música transversal a vários estilos mas que bebe muito das sonoridades, poli-ritmias e polifonias do seu país natal, tendo apresentado, em 2018, o seu primeiro álbum a solo, Mati.  A carreira de Selma Uamusse ficou, nos últimos anos, marcada pelas colaborações com os mais variados músicos e artistas portugueses, nomeadamente Rodrigo Leão,  Wraygunn, Throes+The Shine, Moullinex, Medeiros/Lucas, Samuel Úria, Joana Barra Vaz,  Octa Push etc. pisando também, os palcos do teatro e cinema.

Texto de Selma Uamusse
Fotografia de Rafael Berezinski

As posições expressas pelas pessoas que escrevem as colunas de opinião são apenas da sua própria responsabilidade.

Se este artigo te interessou vale a pena espreitares estes também

22 Outubro 2025

O que tem a imigração de tão extraordinário?

15 Outubro 2025

Proximidade e política

7 Outubro 2025

Fronteira

24 Setembro 2025

Partir

17 Setembro 2025

Quando a polícia bate à porta

10 Setembro 2025

No Gerador ainda acreditamos no poder do coletivo

3 Setembro 2025

Viver como se fosse música

27 Agosto 2025

A lição do Dino no Couraíso

13 Agosto 2025

As mãos que me levantam

8 Agosto 2025

Cidadania como linha na areia

Academia: cursos originais com especialistas de referência

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Comunicação Cultural [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Financiamento de Estruturas e Projetos Culturais [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo e Crítica Musical [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Criação e Manutenção de Associações Culturais

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Fundos Europeus para as Artes e Cultura I – da Ideia ao Projeto [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo Literário: Do poder dos factos à beleza narrativa [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Desarrumar a escrita: oficina prática [online]

Duração: 15h

Formato: Online

Investigações: conhece as nossas principais reportagens, feitas de jornalismo lento

27 outubro 2025

Inseminação caseira: engravidar fora do sistema

Perante as falhas do serviço público e os preços altos do privado, procuram-se alternativas. Com kits comprados pela Internet, a inseminação caseira é feita de forma improvisada e longe de qualquer vigilância médica. Redes sociais facilitam o encontro de dadores e tentantes, gerando um ambiente complexo, onde o risco convive com a boa vontade. Entidades de saúde alertam para o perigo de transmissão de doenças, lesões e até problemas legais de uma prática sem regulação.

29 SETEMBRO 2025

A Idade da incerteza: ser jovem é cada vez mais lidar com instabilidade futura

Ser jovem hoje é substancialmente diferente do que era há algumas décadas. O conceito de juventude não é estanque e está ligado à própria dinâmica social e cultural envolvente. Aspetos como a demografia, a geografia, a educação e o contexto familiar influenciam a vida atual e futura. Esta última tem vindo a ser cada vez mais condicionada pela crise da habitação e precariedade laboral, agravando as desigualdades, o que preocupa os especialistas.

Carrinho de compras0
There are no products in the cart!
Continuar na loja
0