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Opinião de Manuel Luar

Comer em casa: O Arroz de Carnes da Beira

Esta reclusão obrigatória a que nos submetemos pode levantar problemas de convivência com a passagem…

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Esta reclusão obrigatória a que nos submetemos pode levantar problemas de convivência com a passagem dos dias. A falta de assunto de conversa começa a notar-se, mesmo entre amigos mais chegados, quanto mais entre mulher e marido, pais e filhos. Todos gostaríamos de dar um espaço e alguma distância aos relacionamentos mais próximos, ansiando pelo fim da crise para retomarmos a vida normal, com assuntos novos na ponta da língua e outra vez desejosos da companhia uns dos outros.

Uma das formas caseiras de distrair e ocupar as mãos e a cabeça, é cozinhar. Dividir essa tarefa pelos ocupantes, ajudando-se mutuamente e planeando em conjunto as refeições.

Trago hoje uma receita de Arroz de Carnes, que em minha casa se fazia para o aproveitamento das sobras do cozido à portuguesa, mas que pode ser feito com carnes verdes e fumadas compradas de propósito para este prato, mas que têm de ser previamente cozidas.

Se esse for o caso, a cozedura deve ser em panela suficientemente grande para caberem um ou dois chouriços de carne, a carne de cozer (aba da costela ou chambão) e um bom troço de toucinho entremeado. E fica sempre bem cozermos ao mesmo tempo meia cenoura cortada às rodelas.

Se as carnes não forem muito gordas - e na maior parte dos casos os chouriços e toucinho industriais não têm gordura que preste – podemos deitar um golpe de azeite na panela.

A água dessa cozedura das carnes, que se quer primeiro forte e depois lenta, vai servir para fazer o arroz.

Em estando tudo cozido desfiam-se as carnes, limpam-se de peles, e reserva-se a água.

Fazemos depois uma puxadinha leve de cebola fininha, alho e sal, com bom azeite, num tacho de fundo espesso. Quando a cebola ficar transparente deitamos um copito de vinho branco para refrescar e deixamos alourar mais uns minutos.

Depois fritamos o arroz (do vaporizado) e deitamos a água das carnes para o cozer, mas sem ficar muito espapaçado, praticamente "al dente". E convém provarem o teor de sal.

Aconselho que a medida - como vai para o forno - deve ser de uma chávena de arroz para três da água onde cozemos o chouriço.

Estando o arroz cozido começamos por cobrir com ele o fundo de um tabuleiro. Depois deitamos as carnes todas desfiadas à mão. Acabamos por encher  com o resto do arroz e alisamos por cima.

Decoramos com uns troços de chouriço que cozemos nesse dia e vai ao forno a uns 170º por uma hora mais ou menos, mas sempre controlando sff.

Com uma salada e - por exemplo -  um tinto Vallado Sousão de 2015 ( a cerca de 20 euros)  espero que lhes faça bom proveito e sirva para esquecer um pouco a cabra da crise.

-Sobre Manuel Luar-

Manuel Luar é o pseudónimo de alguém que nasceu em Lisboa, a 31 de agosto de 1955, tendo concluído a Licenciatura em Organização e Gestão de Empresas, no ISCTE, em 1976. Foi Professor Auxiliar Convidado do ISCTE em Métodos Quantitativos de Gestão, entre 1977 e 2006. Colaborou em Mestrados, Pós-Graduações e Programas de Doutoramento no ISCTE e no IST. É diretor de Edições (livros) e de Emissões (selos) dos CTT, desde 1991, administrador executivo da Fundação Portuguesa das Comunicações em representação do Instituidor CTT e foi Chairman da Associação Mundial para o Desenvolvimento da Filatelia (ONU) desde 2006 e até 2012. A gastronomia e cozinha tradicional portuguesa são um dos seus interesses.  Editou centenas de selos postais sobre a Gastronomia de Portugal e ainda 11 livros bilingues escritos pelos maiores especialistas nesses assuntos. São mais de 2000 páginas e de 57 000 volumes vendidos, onde se divulgou por todo o mundo a arte da Gastronomia Portuguesa. Publica crónicas de crítica gastronómica e comentários relativos a estes temas no Gerador. Fez parte do corpo de júri da AHRESP – Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal – para selecionar os Prémios do Ano e colabora ativamente com a Federação das Confrarias Gastronómicas de Portugal para a organização do Dia Nacional da Gastronomia Portuguesa, desde a sua criação. É Comendador da Ordem de Mérito da República Italiana.

Texto de Manuel Luar
Ilustração de André Carrilho

As posições expressas pelas pessoas que escrevem as colunas de opinião são apenas da sua própria responsabilidade.

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