A Cromoterapia, ou a terapia da cor, tem vindo a ser cada vez mais reconhecida como uma forma eficaz de ajudar à nossa saúde mental. Simplificadamente, trata-se de uma abordagem que utiliza os benefícios das cores (e também tons) para promover o bem-estar emocional. Dependendo de uns para os outros, há cores que relaxam, outras que estimulam e algumas que ajudam à concentração. Muitos profissionais de saúde apontam a sua energia como um factor determinante para ajudar ao tratamento de uma grande variedade de problemas relacionados com a saúde mental, desde depressão e ansiedade até à falta de auto-confiança.
Uma vez que o nosso próprio gosto também influencia na escolha de uma determinada cor para usar na pulseira do relógio, na capa do tablet, na mochila e também nas paredes de casa, a cromoterapia não é uma ciência exacta, mas mais uma ferramenta que nos pode ajudar a aliviar o stress quotidiano. Vamos a alguns exemplos?
Laranja é alegria
O laranja é conhecido por nos reequilibrar, sendo perfeito para quem se está a sentir mais em baixo. É uma cor optimista, bem-disposta, até inspiradora, e que ajuda a tomar decisões quando a dúvida nos assalta. Como é uma tonalidade semelhante à do pôr-do-sol, traz consigo alguma paz de espírito, calor e até contentamento. Recomenda-se utilizar o laranja em ambientes onde passamos bastante tempo, como a cozinha, o escritório ou a sala de estar.
Roxo é criativo
O roxo está associado à inspiração e criatividade, mas também a um estado de calma que nos permite pensar sem obstáculos. Tal como o laranja, é ideal para um escritório e, como sabemos, há tons mais claros e escuros para quem torce o nariz quando pensa nessas paredes. Curiosamente, o roxo é indicado para ajudar a tratar alguns sintomas físicos, como o nariz entupido, inflamações nos olhos e nos ouvidos, pois ajuda a relaxar todo o sistema nervoso e, por conseguinte, os músculos do corpo. Esta cor é apontada como ideal para salas de meditação ou ioga.
Amarelo é confiança
O amarelo promove a felicidade e a confiança. Se estamos a passar por um período difícil, decorar a casa neste tom (lembram-se do popular “casca de ovo”?) ou vestir uma peça de roupa amarelo vivo, pode ajudar. O amarelo traz clareza, combate os pensamentos negativos e realça os aspectos positivos da vida. É uma cor ideal para enfrentar momentos complicados ou as indecisões que os novos desafios trazem. Além de beneficiar a saúde mental, o amarelo está associado à pele e aos sistemas digestivo e nervoso.
Verde é estabilidade
Não é por acaso que o verde é a cor da Saúde Mental. É também a cor das florestas, relva e folhas, o que nos oferece uma sensação de harmonia, equilíbrio e bem-estar, ajudando no combate à ansiedade. Quem não se sente melhor depois de um passeio pelo campo, ao inspirar um ar mais puro num abraço ao que a Natureza nos oferece de mão beijada?
Vermelho é energia
É uma cor que impulsiona a confiança, que nos dá mais “gás” e que nos ajuda a recuperar de um esforço físico. Acredita-se também que os tons de vermelho estejam associados ao sangue, respiração e circulação, e que possam aumentar ligeiramente a frequência cardíaca e acelerar a respiração. Recomenda-se o uso do vermelho em áreas sociais, como a sala de estar ou cozinha. No entanto, é importante um certo equilíbrio, pois em excesso pode gerar agitação ou irritabilidade.
Azul é curativo
O azul é um tom relaxante que reflecte a serenidade do mar e do céu. Além de ajudar à Saúde Mental, aponta-se como auxiliar no tratamento de dores de estômago, dores musculares, constipações, tensão, stress e dores de cabeça. Além disso, o azul pode ser benéfico para aqueles que sofrem de insónia, pois é considerado uma cor sedativa que auxilia no sono.
Devido às suas influências calmantes, o azul é recomendado para ser usado num quarto, pois ajuda a proporcionar uma sensação de tranquilidade propícia ao descanso e à recuperação após um dia extenuante.
Há mais cores e mais associações, como é lógico, e a cromoterapia é todo um mundo fascinante que ajuda ao nosso bem-estar. Mas é a nossa mente, características, envolvência, educação e, porque não, gosto (que não se discute), que nos leva a sentirmo-nos melhor num certo ambiente que nos ajuda nos momentos do dia e da noite. Por exemplo, nunca pensou porque gosta de sapatilhas brancas ou de uma gravata azul, não é? Se calhar, mas só se calhar, há uma razão por trás dessa escolha e que o faz sentir bem, muito bem.
-Sobre Ana Pinto Coelho-
É a directora e curadora do Festival Mental – Cinema, Artes e Informação, também conselheira e terapeuta em dependências químicas e comportamentais com diploma da Universidade de Oxford nessa área. Anteriormente, a sua vida foi dedicada à comunicação, assessoria de imprensa, e criação de vários projectos na área cultural e empresarial. Começou a trabalhar muito cedo enquanto estudava ao mesmo tempo, licenciou-se em Marketing e Publicidade no IADE após deixar o curso de Direito que frequentou durante dois anos. Foi autora e coordenadora de uma série infanto-juvenil para televisão. É editora de livros e pesquisadora. Aposta em ajudar os seus pacientes e famílias num consultório em Lisboa, local a que chama Safe Place.