O cinema e as artes são os pontos de partida para o evento cujo objetivo é diminuir, junto de vários públicos, o estigma que envolve o tema da saúde mental.
Uma tertúlia literária na tarde do dia 12 de maio marca o início desta 7.ª edição. João Gata, Martina Frattura, Paulo Vieira de Castro e Rita Tormenta são os autores de livros editados pelo Mental que estarão presentes no Espaço Atmosfera m. A médica psiquiatra e autora do livro Não há mal que sempre dure, Mariana Duarte Mangas, e a ilustradora e fundadora da editora Curar Com Livros, Alexandra Malugas, são convidadas igualmente confirmadas para uma reflexão sobre a literatura infantojuvenil durante o momento inaugural.
Na semana seguinte, às 21h de quinta-feira (18), o Cinema São Jorge acolhe um debate, aberto à intervenção do público, sob o título Saúde Mental e a Inteligência Artificial. Para retratar a pluralidade de pontos de vista e áreas do saber relacionadas, o festival conta com a participação de Fernando Batista, José Maria Alves Pereira, João Vitória e Teresa Santos – especialistas em Marketing, Direito, Comunicação e Psicologia, respetivamente.
O mesmo espaço recebe ainda, entre os dias 18 e 21 de maio, a M-Cinema – Mostra Internacional de Curtas e Longas-Metragens, cuja open call registou o maior número de submissões da história do festival. Na opinião de Ana Pinto Coelho, diretora e curadora do Mental, mais do que uma clara relação entre a produção cinematográfica e o tema da saúde mental, o recorde representa a solidez do evento. Além da quantidade, a também conselheira e terapeuta garante, ao Gerador, que a qualidade dos filmes selecionados tem evoluído ano após ano.
A mostra destaca Na vida real teria um nariz nas sessões dedicadas aos jovens e Borderline, numa “abordagem experimental íntima” por parte da autora, Leonor Rocha Oliveira, é a representante do cinema nacional. Os efeitos do burnout e a parentalidade são algumas das outras temáticas levantadas pelas obras em exibição.
A peça de teatro Maré Alta, do Grupo de Teatro Terapêutico da Unidade W+ da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, é parte do programa Mental Jovem e, na sexta-feira (19), apresenta “uma viagem pela ondulação interna cíclica e crescente da adolescência”. O palco do Cinema São Jorge será igualmente ocupado, no dia seguinte, pela performance Dois, do Núcleo de Dança Terapia do Hospital Psiquiátrico de Lisboa.
Conversas acerca do desporto, do trabalho, das demências e das suas respetivas conexões com o assunto central da iniciativa fecham as atividades previstas para o Cinema São Jorge. “Interessa tomar o pulso à sociedade e, ao mesmo tempo, estar mais à frente e ver o que pode vir a acontecer”, diz-nos Ana Pinto Coelho sobre a definição das M-Talks, que decorrem de 19 a 21 de maio, à noite.
Depois de antecipar, durante a pandemia, uma conversa sobre stress pós-traumático, o evento, assegura a representante, elenca o debate sobre a transição digital como uma preocupação. Sempre acompanhados pela projeção de uma longa-metragem, os painéis programados refletem ainda a urgência de falar das perspetivas da comunidade trans, da interferência dos fatores socioeconómicos no contexto laboral e do papel dos cuidadores face ao envelhecimento da população, explica a diretora.
O último fim de semana da programação é marcado por música e atividades ao ar livre. O espetáculo My Story, My Song decorre no sábado (26), no Ferroviário, enquanto o Parque da Quinta das Conchas e dos Lilases acolhe, durante a manhã e a tarde de domingo (27), a dinâmica Lugares de Encontro – projeto que, trabalhando a interação entre natureza, arte, corpo, storytelling e bem-estar com crianças e adultos, dedica-se ao desenvolvimento da resiliência na prevenção do burnout.
O 7.º Festival MENTAL – Cinema, Artes e Informação arranca no dia 12 de maio e passa pelo Espaço Atmosfera m, Cinema São Jorge, Ferroviário e pela Quinta das Conchas e dos Lilases, em Lisboa. Os bilhetes estão disponíveis online.