Este mês, o Teatro Nacional D. Maria II abre as portas pela primeira vez ao Festival Panos - palcos novos palavras novas. Do dia 26 a 28 de Abril, três peças originais servirão de base para espetáculos construídos por seis grupos de atores adolescentes, coordenados pela mão de Sandro William Junqueira.
“Os Panos têm um poder transformador tremendo naqueles que nele participam e que com ele se envolvem. É mais do que levar teatro às escolas e aos grupos de jovens - é dar-lhes as ferramentas, as melhores possíveis, para que eles façam teatro, para que tenham a oportunidade de ver como o teatro faz pensar, imaginar, agir, chegar ao lugar do outro, expandir o mundo”, avançou Sandro William Junqueira, coordenador do Festival, ao Gerador, quanto à vontade de fazer do Teatro Nacional D. Maria II um palco fixo para os PANOS.
O Festival PANOS, criado e desenvolvido pela Culturgest de 2005 a 2017, mudou de palcos, passando para as mãos do Teatro Nacional D. Maria II e Sandro William Junqueira certifica-nos que apesar da mudança de palco e de coordenação, o Festival será respeitado tal como é e como foi construído, e garante também que o objetivo é fazê-lo crescer, tal como Francisco Frazão, antigo coordenador, que participou na transição.
Nesta edição inaugural, a Sala Garrett e a Sala Estúdio serão os palcos onde duas vezes por diferentes grupos serão representados os textos encomendados ainda pelo antigo coordenador, a pensar no contexto do Festival: Os Anciãos, da premiada escritora britânica e canadiana Deborah Pearson, traduzido por Francisco Frazão, Lobo à Porta, da jornalista e escritora Isabela Figueiredo e Dicionário, do ilustre José Maria Vieira Mendes. Textos que segundo o coordenador, apesar de colocarem diferentes problemas, “convocam-nos para a nossa responsabilidade ética quando em confronto com o mundo e com os outros. E é isso mesmo que pretendemos: novas palavras, outros desafios”.
A particularidade do Panos, passa também pelo envolvimento dos próprios escritores no projeto, através de workshops de exploração e experimentação dos textos direcionados aos encenadores e alguns dos jovens atores, o acompanhamento de um júri qualificado e sobretudo “até a perspetiva de um palco como não há outro no país”.
No dia 27, pelas 17 horas o Salão Nobre acolhe o lançamento do livro homónimo do festival, que conta com as três peças encomendadas para esta edição, aumentando o “património de valor incalculável que os PANOS têm vindo a construir”. Mais tarde, após os espetáculos, o DJ Quim Albergaria dará início à festa de celebração da nova edição do festival, no átrio do teatro aberto a todos.
Os PANOS têm um projeto-irmão em Londres, o Connections, no qual o intuito em ambos é de promover o encontro entre novas dramaturgias e o teatro escolar/juvenil, “queremos também que as escolas, os grupos, os jovens venham ao teatro, seja porque vão apresentar o seu espetáculo, seja porque querem ver o que os outros fizeram, seja porque simplesmente perceberam o poder que isto tudo tem e querem aproveitar. E eu sei que isto não é conversa, é mesmo verdade, porque estive do outro lado, à frente de um grupo de jovens atores que tiveram o privilégio de viver os PANOS. É por tudo isso que digo que, tendo em conta a dimensão nacional do projeto e a premissa de serviço público que o envolve, faz todo o sentido que esta seja a casa dos PANOS por muitos e bons anos”.