Para o presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, esta é uma forma da cidade reconhecer os seus pecados e de “não esconder debaixo do tapete aquilo que foi um crime horrível”, avançou o Jornal de Notícias.
O nome de Gisberta será atribuído ao arruamento com início na Rua das Eirinhas e término na Travessa das Eirinhas, por indicação da Comissão de Toponímia do Porto que, em outubro do ano passado, deliberou sobre o tema.
Segundo avança o Porto Canal, “a Comissão Organizadora da Marcha do Orgulho do Porto aplaude a deliberação, não deixando, no entanto, de realçar a importância da promoção de uma cerimónia na inauguração do novo arruamento que junte a autarquia, associações e coletivos da cidade.”
A toponímia “constrói memória coletiva, é um instrumento de preservação e de novas narrativas e é importante essa representatividade” da comunidade, disse Filipe Gaspar, daquela organização, ao canal televisivo.
A decisão de atribuir o nome de Gisberta Salce Júnior a uma rua da cidade acontece 18 anos após o homicídio, e é o culminar de um longo processo reivindicativo.
A proposta tinha sido várias vezes recusada por parte da Comissão de Toponímia do Porto, e gerou, em março de 2022, divergências no entendimento dos critérios ditados pelo regulamento daquele órgão consultivo da Câmara Municipal do Porto para as questões de toponímia da cidade.
À época, contactados pela Lusa, vários membros da comissão admitiam uma revisão do regulamento para evitar confusões e ambiguidades em torno de quem é elegível.
A reportagem "Rua Gisberta Salce Júnior: dar à história o que não se deu à vida", realizada por Carolina Franco e publicado pelo Gerador em 2021, recupera esse processo e sublinha a importância da homenagem.
Gisberta foi morta em fevereiro de 2006 por um grupo de menores depois de sofrer agressões ao longo de vários dias, tendo o corpo sido encontrado submerso no fosso de um prédio inacabado, no Campo 24 de Agosto.