Composto por 19 faixas inéditas, o álbum foi lançado em formato físico no dia 8 de setembro. Acompanhada de um sticker, um booklet e um poster, esta versão exclusiva e limitada da compilação procura resgatar o modelo de divulgação dos antigos projetos de rap, explica a fundadora das Hellas, Denise Sabença, ao Gerador.
Os novos temas dão seguimento ao trabalho que começou com a edição de uma mixtape, em 2017. Agora com mais integrantes, o coletivo juntou-se a 13 beatmakers na produção de canções originais, resultando numa mistura de identidades e em sonoridades “abrangentes e singulares”, lê-se em nota à imprensa. “Há artistas que são bastante incisivas na forma como interpretam o seu tema e há outras que são mais suaves, portanto conseguimos absorver vários estados de alma desta compilação”, afirma a idealizadora.


Denise relata-nos que as Hellas surgem da necessidade de uma maior união entre as mulheres da cultura do hip-hop. A rapper avalia que a visibilidade das perspetivas femininas no meio costuma recair sobre as poucas artistas mainstream e comenta as dificuldades impostas pelos estereótipos: “Se não temos a aparência x ou não falamos de y, se calhar, a oportunidade não é a mesma. É um ponto a desfavor de muitas de nós, que temos coisas importantes a dizer”. Em 2016, pelo recrutamento de colegas que a fundadora admirava, toma forma um canal de suporte às criações de nomes emergentes.
O projeto assegura, no entanto, que não é sectário – prova disso é a parceria com 11 homens no último lançamento. Ainda que o objetivo seja ter a mão feminina do início ao fim, refere a idealizadora, a escassez, em Portugal, de mulheres especializadas nos processos de pós-gravação deixa poucas alternativas para o coletivo. “[Os beatmakers selecionados] são homens que respeitam a nossa luta e as nossas palavras. Não estamos contra eles, somos nós com eles”, garante Denise.
Entre os anos que separam os dois trabalhos divulgados, 11 novos elementos juntaram-se à formação original – e o grupo mantém-se aberto para acolher mais artistas interessadas. As Hellas provam ainda ter amadurecido com o tempo: “Sabemos quais são os nossos limites, o que conseguimos fazer pelas nossas próprias mãos e o que precisamos de apoio externo”, diz a fundadora, acrescentando que o maior propósito da nova fase era apresentar um disco “muito mais profissional e credível”.


A produção independente começa, um mês após o lançamento do álbum físico, a chegar às plataformas digitais. De acordo com a ordem da tracklist, os temas serão lançados semanalmente. O dia 7 de outubro marcou a estreia do single Sem Filtro, da rapper ADN, ao qual se seguiu, no dia 14 do mesmo mês, Corro, da autoria de BLvck P.
“Hellas”, lançada a 8 de setembro, é a compilação inédita do coletivo de mesmo nome, formado por artistas mulheres da cultura do hip-hop. As cópias são limitadas e podem ser encomendadas via e-mail (Store.hellas@hotmail.com).