Nesta primavera voltámos a interromper a normalidade e fizemos soar em alto e bom som o alarme de emergência. Num mês onde foram batidos recordes de temperaturas máximas pelo país, o sentido de urgência nunca foi tão imponente.
Centenas de estudantes ocuparam as suas escolas e Universidades para exigir o fim dos combustíveis fósseis até 2030 e 100% de eletricidade renovável e acessível para todas as famílias até 2025. Apelando ainda a que o resto da sociedade, assim como nós, tomasse ação e se comprometesse a parar o crime com as próprias mãos participando na ação Parar o gás dia 13 de maio para parar o funcionamento do porto de Sines.
Em Novembro de 2022, na primeira vaga de ocupações pelo fim ao fóssil, comprometemo-nos a Ocupar nesta primavera, voltando com “mais força para vencermos, ocupando pelo menos o dobro de escolas/faculdades do que ocupamos este novembro, e comprometendo-nos ainda a que pelo menos uma destas ocupações seja realizada fora de Lisboa, expandindo esta luta urgente e universal ao resto de Portugal.” Levamos a cabo este compromisso e, ao longo de duas semanas, mostramos a resiliência, coragem e criatividade do movimento estudantil por justiça climática.
Em Portugal, estudantes mobilizaram-se para ocupar e fazer ações disruptivas em 15 escolas e universidades por todo o país (Algarve, Coimbra,Setúbal,Lisboa e Porto) desde 26 de abril até 11 de Maio, bloqueando o porto de Sines no dia 13 de maio da ação de parar o gás. As ocupações pelo fim ao fóssil ressoaram ainda pelo resto da Europa, onde milhares de jovens do End Fossil Occupy ocuparam mais de 50 escolas e universidades.
A inação dos governos e instituições e a sucessiva falha na construção de um plano de transição energética justo, compatível com a ciência climática, está a nos conduzir a passos largos para o colapso climático e civilizacional, negligenciando o nosso direito à vida, à educação e a um futuro. Cabe-nos a nós puxar o travão de emergência e travar o colapso climático. Encaramos esta exigente tarefa que nos foi deixada nas mãos como uma oportunidade para mudar tudo antes que tudo mude por nós. Nesta primavera, voltámos a ocupar com o dobro da força e disrupção, expandindo a luta para fora de Lisboa.
Fechamos escolas e universidades pela primeira vez em Portugal pelo fim aos combustíveis fósseis, diversificamos as nossas táticas, levámos a luta para fora das escolas, bloqueando ruas para informar as pessoas de como poderiam agir em conjunto com as estudantes que estavam a ocupar, apelando à disrupção para parar a destruição. No dia 13 de Maio, juntámo-nos a centenas de pessoas no Porto de Sines e parámos o crime do gás fóssil com as nossas próprias mãos. Contudo, ainda não conseguimos que todas as pessoas que queríamos se juntassem a nós para pôr um fim aos combustíveis fósseis. No entanto, não baixemos os braços, pois a complexidade da crise que enfrentamos e a urgência dos nossos tempos requerem uma resposta igualmente forte e arrojada. Precisamos de toda a sociedade, lado a lado a tomar ação para enfrentar esta crise e aqueles que a perpetuam.
Ao longo destas semanas, acendemos, com coragem e determinação a chama do movimento estudantil que, assim como a crise climática, não é ignorável. Após duas vagas de ocupações, voltamos a juntar-nos este Verão no acampamento de jovens “Clima Summer Fest” de 30 a 4 de Julho em Leiria, para consolidarmos e fortalecermos o movimento estudantil, para que no próximo ano letivo estejamos ainda mais fortes, organizados, corajosos e resilientes para travar esta crise e construir um mundo novo.
-Sobre Greve Climática Estudantil Lisboa-
A Greve Climática Estudantil Lisboa é um coletivo de estudantes que
luta por justiça climática