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MIL URL talks: podem os podcasts ser ferramentas de marketing?

A segunda conversa do MIL URL talks já está disponível e tem como tema “Podem…

Texto de Andreia Monteiro

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A segunda conversa do MIL URL talks já está disponível e tem como tema "Podem os podcasts ser ferramentas de marketing?"

O debate , que estava planeado para acontecer no MIL 2020, foi moderado pelo Josh e juntou Emily Gonneau , co-fundadora da Nüagency e La Nouvelle Onde , onde apresenta um podcast homónimo focado na indústria da música francesa, Rodrigo Nogueira , jornalista de cultura e apresentador do podcast "Até tenho amigos que são" , e Xavier Filliol , COO da Radioline . Durante uma hora, os quatro intervenientes discutiram a crescente popularidade deste formato e como o mesmo pode ser um importante veículo para estabelecer comunidades de fãs.

A conversa pode ser vista, aqui:

Ou ouvida, aqui:

Ao longo da conversa, vários são os tópicos abordados pelo painel, dos quais se destacam os enumerados em baixo.

PORQUÊ OS PODCASTS?

Como Xavier Filliol diz, o podcast registou um início lento há uma década atrás e, de repente, explodiu para algo muito maior. Mas o que torna este formato tão atractivo? Enquanto ouvinte, Rodrigo Nogueira, cuja curiosidade com os podcasts surgiu após ouvir o WTF with Marc Maron , gosta especialmente da possibilidade de ter longas conversas, com altos e baixos . O Xavier reforça esta ideia, afirmando que a conversa é o principal motor de um podcast . A Emily destaca o foco no som e a acessibilidade: assim como enquanto se ouve música, é possível fazer várias coisas ao mesmo tempo.

ARTISTAS, EDITORAS E PODCASTS

Quando se trata de criar um podcast , um vasto leque de questões devem pesar na decisão de introduzir este conteúdo numa estratégia de comunicação global. Tanto Xavier como Emily notam que um podcast exige grande envolvimento, levando Emily a reforçar que a noção de escassez também é um medidor de sucesso: num podcast, os artistas devem distinguir-se para serem bem-sucedidos. Mas estarão os artistas e as editoras a investir neste formato com bons resultados? A percepção é a de que, pelo menos na Europa, não é um canal comum para os artistas, embora as editoras major tenham expressado grande interesse no formato. As excepções à regra referidas merecem ser destacadas: Emily menciona o podcast #YTALK , lançado recentemente pela artista francesa Yseult onde, a partir da intimidade do seu quarto, fala sobre os seus problemas com o corpo, saúde mental e outros. Rodrigo refere o único caso que conhece em Portugal: "Às TrêsPancadas" criado pelo MC Sam The Kid , Sir Scratch e João Moura com entrevistas a figuras de destaque do hip-hop nacional.

A ZONA CINZENTA DO LICENCIAMENTO

Como é o caso com muitas outras plataformas digitais, há uma grande lacuna no que diz respeito ao licenciamento dos podcasts. Até que ponto é isso um impedimento ao sucesso dos podcasts? A complexidade em torno deste tópico é tão confusa quanto parece, em parte porque os podcasts assumem vários formatos: alguns são apenas conversas, outros passam música de outros ou a da sua autoria. Há casos que incluem ainda atuações musicais. Xavier Filliol deixa clara a necessidade de existirem vários tipos de licenciamento adequados a cada caso e não apenas uma franquia, como é o atual caso em França. Este é o principal ponto de discussão entre a sociedade de autores do país e a GESTE, organização de editores e criadores de conteúdos multimédia.

ONDE É QUE O PÚBLICO CONSOME PODCASTS?

Os participantes da conversa destacam a Apple Podcasts e o Spotify como os principais serviços utilizados para ouvir podcasts. Já o telemóvel e o computador são os dispositivos mais comuns, o que reforça o aspecto de mobilidade em torno deste tipo de conteúdo. Emily nota ainda um facto interessante: com a pandemia, o consumo de podcasts desceu por oposição à rádio, especialmente os canais de informação. Mais tarde, esta tendência reverteu-se, o que significa que o consumo de podcast evoluiu da mesma forma que o da música neste período.

O QUE É DITA O SUCESSO DE UM PODCAST?

A questão para um milhão de dólares: o que determina o sucesso de um podcast? Por um lado, permite que o artista apresente uma extensão da persona que é dada a conhecer em palco, desta feita de uma forma que pode ser considerada mais “autêntica”, ou pelo menos não tão fabricada. Ao Rodrigo, agrada-lhe a ideia de um podcast permitir que as pessoas tenham conversas espontâneas, sem se encerrarem sobre o que está a ser promovido. Xavier concorda: É algo que deve parecer muito natural ou então não vale a pena. E, mesmo sendo um bom meio de comunicação para criar interacção com os fãs, Emily não deixa de salientar a importância de definir objectivos que se enquadrem numa estratégia de comunicação geral e analisar se este conteúdo traz algo de novo, ou não. Aqui, não interessa que seja o único a fazê-lo, mas sim que tenha qualidade.

Nesta edição do MIL - Lisbon International Music Network, mais de 30 debates iam colocar lado a lado profissionais dos sectores da música e da cultura numa partilha única de conhecimentos e experiências. Para continuar a pensar em conjunto o presente e o futuro destes sectores, o festival recuperou alguns dos temas que iam ser debatidos no festival e colocou-os à discussão em conversas online.

Com as MIL URL talks, são reforçadas as componentes de formação e de inovação do MIL, adaptando-as ao contexto actual. Este programa de formação e debate faz também parte do JUMP - European Music Market , iniciativa financiada pela Europa Criativa.

O Gerador é parceiro do MIL

 

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