Mónada, o EP recentemente lançado por Meta, está disponível nas plataformas de streaming para relembrar a importância da gratidão e de viver com calma. Meta, o projeto a solo de Mariana Bragada, é apresentado hoje em Lisboa, na primeira parte do concerto de Ka Bird.
Natural de Bragança, Mariana Bragada recolheu memórias e sensações e, através de uma loop station, criou aquele que é o seu “primeiro EP mais oficial”. Numa narrativa contagiante cantada em cinco faixas, reúne sons que funcionam “como uma espécie de lembrete e um despertar para nos lembrarmos das nossas raízes”, conta ao Gerador.
Foi ainda "quando era pequenina” que começou a “cantar em casa, de um lado para o outro”. Começou pelo violino e pelo piano, mas antes de entrar para o ensino secundário percebeu que a guitarra seria a melhor ferramenta para criar as suas próprias canções. A partir daí começou a tocar a solo em alguns bares e cafés de Bragança, um processo que se repetiu no Porto, quando se mudou para lá para estudar Design de Comunicação.
A relação com as raízes sempre esteve presente — Mariana carrega-a na sua voz e não só não se esquece como não nos deixa esquecer. Num projeto para a faculdade criou o EP A voz, A vós, Avós, que resultou de um improviso de loop station e serviu de ponto de partida para Meta. "A partir daí tive várias oportunidades, A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria também viu e me gravou, estive a tocar no Bons Sons e no TEDx e depois convidaram-me para compor e interpretar no Festival da Canção. Ainda consegui chegar à final, que já foi incrível”, conta.
Da experiência no Festival da Canção, Mariana trouxe consigo conexões com outros artistas e um reforço para se “levar mais a sério” e acreditar no potencial que tem enquanto cantautora. "A música "Nós Somos" tem a ver com o meu primeiro EP, que falava sobre a memória, e foi a partir de lá que decidi criar uma música que honrasse os ancestrais”, explica Meta.
O vídeo de "Saudade" foi o primeiro a ser lançado no YouTube e foi co-criado por Ana Marta
É no conceito de slow music — que sublinha não saber ao certo se existe — que situa o sue projeto. “É para estares e ouvires com calma, estando dentro da música. Não é uma coisa de ouvir um bocado e voltar depois. Sinto que é algo que convoca a uma experiência mais imersiva. Noto que agora está tudo muito apressado e a correr, e este EP é para as pessoas pararem um bocadinho, estarem com elas próprias e terem essa pausa, seja de que forma for. E unirem-se mais, também.”
Mónada é “o símbolo do sol”, que “é a essência”. O disco acaba por reunir os diferentes universos em que se move e convoca as diferentes formas de expressão de Mariana, tendo a capa sido fotografada por si no prédio de duas amigas em que passava muito tempo, e que seguram o lençol grafitado que cai da varanda para a rua por que tantas vezes passa e que carrega mais uma camada de memória para o universo de Meta. Para o CD também fez “uma espécie de colagem com fotografias, spray e máquina de escrever”.
A capa do disco é ilustrada por uma fotografia analógica tirada por Mariana Bragada
Quanto a Meta, Mariana explica que o nome se relaciona diretamente com a ideia de metamorfose, mas também com o facto ser um prefixo, que se pode adicionar a várias palavras”. “É algo que se refere sobre si mesmo e em português também significa chegada”, explica, “e para mim, como estou em constante mudança, definir-me foi um problema, então o nome em si tinha de ter essa ideia de mutação”.
O EP de Meta pode ser ouvido no Spotify, no YouTube e no Bandcamp. Nos próximos tempos Meta vai apresentar Mónada em diferentes salas do país, para partilhar com quem se quiser juntar a si a sabedoria dos ancestrais e para cantar o que sente. Podes acompanhar o seu percurso, aqui.