"Colonialismo, pós-colonialismo e antirracismo" é a exposição prevista para o primeiro semestre de 2022 do Museu do Aljube - Resistência e Liberdade, em Lisboa.
Reconhecendo os temas da exposição como "muito pouco discutidos nos manuais escolares", a diretora do museu Rita Rato, afirmou em entrevista à Lusa que a exposição assinala os 85 anos da abertura do campo de concentração do Tarrafal [em Cabo Verde], os 60 anos do início da Guerra Colonial e a revisão do Ato Colonial no presente ano. Tendo sido pensada para acontecer ainda em 2021, o museu viu-se obrigado a adiar a mesma devido à pandemia.
Tendo ainda por base os temas em foco, está prevista a publicação de um livro, ainda este ano, com as histórias de 170 mulheres e homens assassinados pelo Estado Novo, nomeadamente no forte de Caxias, na fortaleza de Peniche e no Aljube - transformado em museu em 2015 - com o intuito de recolher, proteger e divulgar a memória do combate à ditadura e a resistência em prol da liberdade e da democracia.
Rita Rato acrescentou ainda que em relação às opções programáticas para 2022, pretende aprofundar a temática da autodeterminação de género, apresentar a exposição "LGBTQI+ resistências e direitos" e realizar ainda iniciativas relacionadas com o início das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril.
Além da exposição de longa duração, que ocupa três pisos do museu situado junto à Sé de Lisboa - com a história do período da ditadura, da resistência e da revolução do 25 de Abril - o público poderá visitar ainda, até dezembro, a exposição temporária “Mulheres e Resistência - Novas Cartas Portuguesas e outras lutas”, que inclui um ciclo de cinema, conversas, e recolha de testemunhos.
Refletindo sobre a forma como as restrições afetaram a afluência ao museu, a diretora reconheceu que se verificou uma redução de público de 20%: "É significativo, mas sentimos ainda uma grande diferença no perfil de visitantes. Anteriormente eram sobretudo turistas e escolas, agora é maioritariamente público português e, ao longo do mês de agosto, já regressou o público estrangeiro", explica à Lusa.
O número de visitantes, no primeiro semestre deste ano, foi afetado pela pandemia, mas tem estado em tendência crescente desde janeiro, sendo que registou 166 visitantes, até junho, com 1.671 pessoas, num total de 5.386 nos primeiros seis meses.
Um dos aspectos que também destacou foi a formação que o museu dá aos professorxs. Estava previsto um ciclo presencial de oito sessões sobre a importância da cidadania que foi alterado para acontecer virtualmente e acabou por reunir 1.200 docentes de Lisboa, Porto, Aveiro, Madeira e Timor-Leste. "Teve a vantagem de chegar a mais gente, mas tem desvantagens, porque a partilha presencial perde-se", acrescentou a diretora.