Nestor, Bustarenga, Nha Mila e O Cordeiro de Deus são os filmes que integram o programa "Novas Curtas Portuguesas" d' O Dia Mais Curto, iniciativa que exibe uma variada seleção de curta-metragens, nacionais e internacionais, para adultos e crianças, em dezenas de espaços de todo o país, até ao final do mês de dezembro.
O programa "Novas Curtas Portuguesas" pretende dar a e conhecer os mais recentes e consagrados talentos portugueses, este ano, com quatro obras que têm corrido festivais por todo o mundo e que extraem da realidade a imaginação ficcionada e animada.
Nestor, de João Gonzalez
Esta curta-metragem é sobre Nestor, um homem, com vários comportamentos obsessivo-compulsivos, que vive num barco-casa instável que nunca para de oscilar.
O realizador, João Gonzalez (Porto, 1996), é estudante de animação e músico, tendo começado a tocar piano com quatro anos. Decidiu tirar a licenciatura em Multimédia na ESMAD no Porto, onde se formou em 2017, especializando-se no campo de Animação e continuando a estudar piano independentemente.
O seu primeiro filme e projeto final de licenciatura, The Voyager, que conta com uma performance ao vivo em piano sempre que possível, obteve 11 prémios em festivais nacionais e internacionais, incluíndo BFI Future Film Festival, CINANIMA e MONSTRA. Neste momento encontra-se a estudar Animação na Royal College of Art em Londres.
Bustarenga, de Ana Maria Gomes
Este é o mais recente filme de Ana Maria Gomes, um documentário que pinta um retrato sentimental de uma pequena aldeia do interior, em Portugal, destinada a desaparecer, onde os habitantes, sobretudo as mulheres, são interrogados pela realizadora na sua busca pelo Príncipe Encantado.
Ana Maria Gomes é uma cineasta franco-portuguesa, nascida em 1982 em França, que vive e trabalha em Paris. Licenciada pela Ecole Nationale Supérieure des Arts Décoratifs e Le Fresnoy – Studio National des Arts Contemporains, Ana Maria Gomes analisa o papel da ficção na construção das identidades pessoais e a representação perante a câmara. Em 2004, dirigiu a sua primeira curta-metragem, Simomen, um retrato do seu irmão de 14 anos. Dois anos depois ingressou na Le Fresnoy e aí realizou vários projetos, incluindo Teresa, um documentário que tece o retrato dissonante de uma amiga de infância. No ano seguinte, a Fundação Gulbenkian apoiou a realização da videoinstalação Antichambre, feita com adolescentes filmados nos seus quartos. Mais tarde, realizou António, Lindo António, um filme sobre um tio que saiu de Portugal há 50 anos e não mais regressou. Este projeto, apoiado pelo GREC (Groupe de Recherches et d’Essais Cinématographiques) em 2013, foi duplamente premiado no Entrevues Festival Internacional de Belfort (2015), e no Curtas Vila do Conde (2016), vencendo em ambos o Grande Prémio do Júri e o Prémio do Público, tendo sido ainda nomeado para os prémios Sophia, da Academia Portuguesa de Cinema, na categoria de melhor documentário Português, em 2017. No mesmo ano, Ana Maria Gomes foi artista residente na Académie de France à Madrid – Casa de Velazquez.
O Cordeiro de Deus, de David Pinheiro Vicente
O novo filme de David Pinheiro Vicente centra-se no sacrifício ritualístico de um cordeiro, oferecido por uma família para a festa da aldeia, e dedica-se às consequências deste ato e à forma como os diferentes elementos desta família se relacionam como mundo à sua volta.
David Pinheiro Vicente nasceu na ilha Terceira, nos Açores, estudou Cinema e Estética, na Escola Superior de Teatro e Cinema, foi diretor de arte de várias curtas-metragens e séries de televisão, e assistente da cineasta Salomé Lamas, realizadora de documentários como El Dorado e Terra de Ninguém.
O Cordeiro de Deus, uma coprodução luso-francesa selecionada este ano para as competições do IndieLisboa e do Festival de Cannes, é a segunda curta-metragem do realizador, depois de Onde o Verão Vai (Episódios da Juventude), filme de escola que teve estreia mundial em 2018, no festival de cinema de Berlim, na competição Berlinale Shorts. Esta curta foi entretanto exibida em mais de 40 festivais, recebeu menções honrosas em San Sebastian e Tel Aviv, assim como o prémio de melhor curta no Festival de Vila do Conde, em 2018. O canal Arte-ZDF incluiu-a na sua programação. Foi ainda adquirida para exibição em televisão e online pelo canal Arte France.
Nha Mila, de Denise Fernandes
Depois de 14 anos longe da sua terra natal, Salomé viaja para a Ilha de Santiago, Cabo-Verde, para ver o seu irmão cuja vida está presa por um fio. Faz escala no aeroporto de Lisboa, onde Águeda, empregada de limpeza, a reconhece como "Mila", sua velha amiga de infância. Águeda convida-a a passar as horas de escala em sua casa, com as mulheres da sua família. Enquanto Salomé luta para desmagnetizar a dolorosa ligação com a sua terra, o espírito do bairro devolve-a à essência à qual ela pertence. Este é o mote para Nha Mila.
Denise Fernandes nasceu em Lisboa, em 1990, de pais de origem cabo-verdiana e foi criada no sul da Suíça. Em 2011, graduou-se em Realização e Produção Cinematográfica no Conservatório Internacional de Ciências audiovisuais em Lugano (CISA). No mesmo ano, a sua curta de diploma "Una Notte" estreiou na 64ª edição do Festival de Locarno. De 2011 a 2013, estudou realização na Escola Internacional de Cinema e TV (EICTV) de Cuba, onde dirigiu as curtas Pan Sin Mermelada, que mereceu a nomeação de "Upcoming Talent" no Solothurn Festival, e Idyllium, premiada no Festival Internacional de Winterthur. Está atualmente a preparar a sua primeira longa-metragem, Hanami, ambientada em Cabo Verde. Hanami foi selecionado entre 70 projetos para o Solothurn Talent Lab 2016 e premiado como melhor projeto de primeira obra pela Sociedade Suíça dos Autores (SSA).
A oitava edição d'O Dia Mais Curto teve início no primeiro dia deste mês de dezembro e termina dia 29, culminando a 21, data que marca o solstício de Inverno e em que se assinala o dia mais curto do ano.
Os bilhetes estão à venda nos locais onde se realizam as sessões e variam entre a entrada gratuita e os 4 euros. Consulta toda a programação aqui.