fbpx

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

Opinião de Nuno Varela

O gajo é preto, não conta!!!

O título deste texto foi uma das coisas que li esta semana pela internet, e que…

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

O título deste texto foi uma das coisas que li esta semana pela internet, e que me ficou na cabeça. São milhares os comentários nas redes sociais. Podia referir muitos, mas trago este que carrega muita mensagem escondida.

Estou a falar do quê? Dos Jogos Olímpicos, onde Portugal tem tido uma grande prestação, com muitos Portugueses a ter uma grande performance. Até já temos uma medalha de OURO, woooow sim, de OURO, algo que poucos conseguiram trazer para Portugal e que tanto peso tem.

Mas o que se passa com estes Jogos Olímpicos que tanta discussão têm dado pela internet? O simples facto de muitos desses Portugueses vencedores de medalhas serem PRETOS.

Mas vamos lá, até agora já temos algumas medalhas vencidas e algumas foram conquistadas por Portugueses pretos, e o que tem acontecido?! Os racistas estão frustrados, nervosos e revoltados com tudo isto. Para alguns, não é branco, não pode ser Português; para outros, se não nasceu cá apesar de ter a nacionalidade, não deveria representar o país.

É algo revoltante, que custa muito ver e ler. Custa mesmo, porque para muitos como eu que nascemos aqui, temos mais de 30 anos nesta terra e nunca temos o sentimento de ser mesmo de cá. Nem ganhando medalhas numa grande competição como os Jogos Olímpicos tem sido suficiente. No dia 5/8/21, no discurso do nosso Presidente. Marcelo Rebelo de Sousa, ele frisou esse facto, e carregou muito bem em cima dos racistas que estão espalhados pelo nosso país.

É de lamentar a quantidade de mentes pequenas e ignorantes que ainda estão por Portugal. Desta vez, dei-me ao trabalho e andei a abrir alguns perfis, e fiquei um bocado chocado com as pessoas que partilham estas ideias, pessoas com cargos públicos, enfermeiros, motoristas e donos de restaurantes.

Pergunto-me se no exercício da sua função se estas pessoas são profissionais ou o racismo, a discriminação, a xenofobia falam mais alto? Será que uma cozinheira de um restaurante no norte vai cozinhar da mesma maneira se a mesa for de uma família preta? O cuidado do enfermeiro será o mesmo se estiver a cuidar de uma pessoa preta?

TRISTE E REVOLTANTE.

Depois há os que é consoante a situação. Se for um PRETO numa situação ligada a um crime ou algo que não seja positivo é o “vai para a tua terra”, mas como é uma coisa boa para o país, já é Português, o chamado Português de bem.

Devo também referir os comentários feitos por duas pessoas ligadas à extrema-direita, não vou dizer os nomes - vocês chegam lá -, que admito que fiquei um bocado perplexo, ao darem os parabéns aos vencedores, mas muito ao jeito de slave-master a parabenizar o seu melhor escravo que, por acaso, também é house-nigga (pesquisar no Google), há que ter esta postura para quando forem confrontados pelos grupos radicais de extrema-direita da Europa poderem dizer algo a seu favor, uma comédia isso sim.

Mas fico contente por estar a haver uma maior abertura para os pretos nos desportos, e isto só prova que se nos bairros sociais houvesse uma maior aposta no campo do desporto, mais vencedores de medalhas olímpicas estariam a nascer. Podemos não crescer com a ambição de ser médicos, arquitectos ou engenheiros, mas podemos crescer com a ambição de ser o próximo recordista dos 100 metros ou o próximo grande vencedor do triplo salto como o grande Pedro Pichardo.

Com isto volto uns textos atrás, onde abordei a questão do ADN e sonho com o dia em que grande parte da população portuguesa faça um teste e veja que sangue lhes corre nas veias, e sintam o ridículo que é julgar as pessoas.

Espero também que o nosso número de medalhas aumente e, se for para ver os racistas em alvoroço e a subir paredes, que sejam mais PRETOS a ganhar essas mesmas medalhas.

A palavra PRETO foi usada em excesso por uma razão.

-Sobre Nuno Varela-

Nuno Varela, 36 anos, casado, pai de 2 filhos, criou em 2006 a Hip Hop Sou Eu, que é uma das mais antigas e maiores plataformas de divulgação de Hip Hop em Portugal. Da Hip Hop Sou Eu, nasceram projetos como a Liga Knockout, uma das primeiras ligas de batalhas escritas da lusofonia, a We Deep agência de artistas e criação musical e a Associação GURU que está envolvida em vários projetos sociais no desenvolvimento de skills e competências em jovens de zonas carenciadas.Varela é um jovem empreendedor e autodidata, amante da tecnologia e sempre pronto para causas sociais. Destaca sempre 3 ou 4 projetos, mas está envolvido em mais de 10.

O Nuno Varela é formador do curso de 9h “Introdução ao movimento Hip-Hop”, que decorre de 9 a 11 de agosto na Academia de Verão do Gerador. Se te interessas por este tema clica aqui para saberes como podes assistir.

Texto de Nuno Varela
Fotografia de Pedro Vaccaro

As posições expressas pelas pessoas que escrevem as colunas de opinião são apenas da sua própria responsabilidade.

Se este artigo te interessou vale a pena espreitares estes também

9 Abril 2025

Defesa, Europa e Autonomia

2 Abril 2025

As coisas que temos de voltar a fazer

19 Março 2025

A preguiça de sermos “todos iguais”

12 Março 2025

Fantasmas, violências e ruínas coloniais

19 Fevereiro 2025

No meu carro encostada à parede

12 Fevereiro 2025

Sara Bichão

5 Fevereiro 2025

O inimigo que vem de dentro

29 Janeiro 2025

O prazer de pisar os mais fracos

15 Janeiro 2025

Uma esperança mal comportada

8 Janeiro 2025

Um psicólogo, duas medidas

Academia: cursos originais com especialistas de referência

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Desarrumar a escrita: oficina prática [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Iniciação ao vídeo – filma, corta e edita [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Comunicação Cultural [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo Literário: Do poder dos factos à beleza narrativa [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Escrita para intérpretes e criadores [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Introdução à Produção Musical para Audiovisuais [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Viver, trabalhar e investir no interior

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo e Crítica Musical [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Artes Performativas: Estratégias de venda e comunicação de um projeto [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Gestão de livrarias independentes e produção de eventos literários [online]

Duração: 15h

Formato: Online

Investigações: conhece as nossas principais reportagens, feitas de jornalismo lento

3 MARÇO 2025

Onde a mina rasga a montanha

Há sete anos, ao mesmo tempo que se tornava Património Agrícola Mundial, pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura), o Barroso viu-se no epicentro da corrida europeia pelo lítio, considerado um metal precioso no movimento de descarbonização das sociedades contemporâneas. “Onde a mina rasga a montanha” é uma investigação em 3 partes dedicada à problemática da exploração de lítio em Covas do Barroso.

20 JANEIRO 2025

A letra L da comunidade LGBTQIAP+: os desafios da visibilidade lésbica em Portugal

Para as lésbicas em Portugal, a sua visibilidade é um ato de resistência e de normalização das suas identidades. Contudo, o significado da palavra “lésbica” mudou nos últimos anos e continua a transformar-se.

A tua lista de compras0
O teu carrinho está vazio.
0