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“Praça dos Heróis” quando a memória e a herança política se colocam a descoberto

Thomas Bernhard foi o seu autor em 1988. Hoje, David Pereira Bastos dirige aquela que…

Texto de Patricia Silva

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Thomas Bernhard foi o seu autor em 1988. Hoje, David Pereira Bastos dirige aquela que é a peça que, em tempos, assinalou o centenário do histórico teatro vienense, Burgtheater, bem como os 50 anos da anexação da Áustria pela Alemanha nazi, que aconteceu a 15 de março de 1938, precisamente na Heldenplatz (Praça dos Heróis), localizada em Viena. A par de todos estes acontecimentos, Praça dos Heróis chega ao palco do Pequeno Auditório do Centro Cultural de Belém (CCB) entre os dias 20 e 22 de agosto.

Um palco repleto de roupas e pertences de alguém, ou melhor, de um todo. É assim que o público se encontra, rodeado, de memórias e de heranças pouco ou nada lembradas. Trazendo à tona o branqueamento histórico que permitiu que a Áustria se assumisse como a primeira vítima do III Reich, ao invés de um primeiro aliado foi o ponto de partida de Thomas e de David, mesmo que separados por um século.

Trinta anos depois da publicação do texto, tornou-se pertinente, além do gosto, de (re)pensar a política em Portugal através do mundo, "a questão da ascensão de extrema direita, já em 2018, era um tema pertinente. Quando começamos a montar a peça e a desenvolvê-la com os atorxs, já a mesma tinha sede parlamentar em Portugal. Portanto, de certa forma, tornou-se importante falar sobre este tema", explica o encenador.

Um palco repleto de roupas e pertences de alguém, ou melhor, de um todo.

Caracterizando-se ainda como um texto que lida com a memória e a herança do Nazismo, "existe aqui um passado e uma herança muito marcada de um país que atravessou grandes dificuldades desde o final do século XIX", continua.

É também nesse medida que o movimento do autor austríaco foi sempre decorrente. Thomas seria grande crítico da Áustria. O encenador português explica-nos que apesar de abordar outras questões históricas, a ciência intelectual e moral é algo que torna o texto mais universal e transversal.

Apesar de não ser uma estreia no palco português, tendo-nos chegado por companhias de teatro internacionais, é a primeira vez que o teatro português o trabalha e coloca em cena. Explorar a escrita de Thomas Bernhard, voltada para um lado mais social foi o ponto de partida de David, no entanto, afirma que consultou algumas versões disponíveis, entre elas a primeira encenação, e alguns registos em vídeo, mas a sua abordagem foi sempre "fazer funcionar o texto do escritor".

"Conseguir manter o seu discurso vivo" foi um desafio, uma vez que a peça é longa e a sua matéria em termos artísticos prende-se na sua vivacidade.

"Gosto muito de uma visão do teatro como um fim e não como um meio." - afirma o encenador da peça.

Tendo sido descrito como um dos espetáculos mais políticos de David, o mesmo concorda, afirmando que "eu gosto muito de teatro. Gosto muito de uma visão do teatro como um fim e não como um meio. Acho que este espetáculo é mais político porque o próprio texto assim o é. Ele fala por si. Pegar e transformá-lo num universo lúdico, musical, rítmico ou fazer algum tipo de esterilização na linguagem cénica para tornar texto funcional. É este o propósito essencial.

A produção da Estado Zero, em coprodução com o Teatro Nacional D. Maria II, estreou em maio deste ano. Depois de passar pelo Cartaxo, Portimão, Portalegre e Bragança, no âmbito da Rede Eunice Ageas, o espetáculo estará em cena em Lisboa e conta com a participação de artistas como Ana Sampaio e Maia, Bruno Simão, Flávia Gusmão, Manuel Coelho, Miguel Sopas, Mónica Garnel, Paulo Pinto e Sílvia Figueiredo.

Texto por Patrícia Silva
Fotografia de Filipe Ferreira

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