As comemorações oficiais dos 50 anos do 25 de Abril arrancam esta quarta-feira, dia 23 de março, com uma sessão solene que contará com as intervenções do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, do presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues e do primeiro-ministro, António Costa. O evento acontecerá no Pátio da Galé, em Lisboa, pelas 17h00. Já para quinta-feira, está marcado um colóquio e uma exposição sobre o papel do movimento estudantil no combate à ditadura.
Segundo a informação divulgada pelos organizadores, nesta cerimónia, serão condecorados com a Ordem da Liberdade, a título póstumo, 30 militares, que estiveram envolvidos na Revolução dos Cravos. Além disso, durante a sessão solene marcada para esta quarta-feira, será enterrada uma cápsula do tempo, a que foi dado o nome de “100 anos de democracia” e que deverá ser, assim, aberta em 2074, isto é, por ocasião do centenário do 25 de Abril. O programa dá conta, por outro lado, que a cerimónia contará com a participação da Orquestra Geração e da poeta Alice Neto de Sousa, que lerá um poema escrito a propósito do cinquentenário da Revolução dos Cravos.
Já para a quinta-feira, dia 24, data em que se celebram 17.500 dias vividos em democracia (mais um que os vividos em ditadura), está marcado o colóquio “Primaveras Estudantis: da crise de 1962 ao 25 de Abril”, que acontecerá na Reitoria da Universidade de Lisboa, em Lisboa. O papel do movimento associativo estudantil é, note-se, um dos temas em destaque nas comemorações oficiais, daí esta sessão.
A abertura deste colóquio estará a cargo de Pedro Adão e Silva, comissário executivo das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, Luís Ferreira, reitor da Universidade de Lisboa, e do Chefe de Estado. Segundo os organizadores, “alguns dos principais protagonistas das crises académicas vão desfiar memórias, na primeira pessoa, e juntar-se no tradicional almoço-convívio na Cantina da Universidade de Lisboa”. Mais, durante este evento, será projetado o documentário “Sampaio, Salazar e Caetano: o confronto de 1962”, que foi realizado por Jacinto Godinho.
No mesmo dia, será ainda inaugurada uma exposição alusiva ao mesmo tema, no Museu de História Natural. “A exposição pretende mostrar a importância do movimento estudantil para a democracia portuguesa”, explica esse núcleo, detalhando que está em causa uma mostra multimédia, entre “filmes que estavam guardados nos arquivos da Cinemateca, sons da rádio pública, fotografias censuradas que nunca puderam ser impressas nos jornais, textos escritos às escondidas e distribuídos com regras de segurança apertadas, autocolantes artesanais e muitos outros objetos de valor histórico, recolhidos em coleções privadas e arquivos pessoais”. A exposição, que será de entrada livre, incluirá, além disso, um mural de homenagem aos mais de 900 estudantes presos durante a ditadura.
Já no final do verão, esta mostra seguirá para Coimbra, outra cidade que foi relevante na contestação estudantil de 1962. A propósito, no dia 23, o GERADOR dará a conhecer esta exposição com a publicação de uma reportagem. De notar, de resto, que as iniciativas que estão a ser criadas pelo GERADOR, no âmbito do projeto “A Idade da Liberdade”, como workshops e conversas, fazem parte das comemorações oficiais dos 50 anos do 25 de Abril.
Estas celebrações vão estender-se pelos próximos quatro anos, terminando apenas em 2026, ano em que se assinalam os 50 anos da entrada em vigor da Constituição da República Portuguesa, bem como da realização das primeiras eleições legislativas, autárquicas e presidenciais da democracia.