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Opinião de Paulo Pires do Vale

Plano Nacional das Artes: segundo ano

No dia 18 de junho de 2019, apresentámos o Manifesto e a Estratégia do Plano…

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No dia 18 de junho de 2019, apresentámos o Manifesto e a Estratégia do Plano Nacional das Artes. Foi numa sala de ensaios de dança, nos Estúdios Victor Córdon, em Lisboa, e logo ali explicámos que precisávamos de todos os agentes sociais, culturais e educativos para que essa coreografia se pudesse realizar, para que esse Plano pudesse ser implementado. Desde esse dia, o grande objectivo da nossa ação tem sido a responsabilização de cada um pela cultura de todos, pelo seu Km2, num paradigma de democracia cultural, territorialização e criação de pontes, tornando as instituições culturais em território educativo, e as escolas em polos culturais. A pandemia criou muitos obstáculos, mas não impediu que pudéssemos, juntos, encontrar soluções criativas e abrir caminhos inesperados para que as artes e os patrimónios possam estar mais próximos dos cidadãos. É a alguns desses muitos e diferentes agentes, parceiros, ativadores do Plano, espalhados pelo território, que damos a palavra, ao celebrar estes dois anos – agradecendo, com esta pequena amostra, a todos os que têm colaborado connosco, o seu compromisso, entusiasmo e empenho. A gratidão e a alegria que sentimos é a energia que precisamos para continuar!

Por Uma Escola Sem Muros. Por Salas de Aula Sem Paredes. Por um Currículo Indisciplinar, Indisciplinado, Indisciplinador. Por uma Educação Poética que alimente e desenvolva a curiosidade que é inerente à pessoa e favoreça o desenvolvimento de seres em relação, movimento e mudança. Esta a mágica da minha escola, desde que existe, com os cambiantes que os tempos foram requerendo, solicitando, ensinando. O Plano Nacional das Artes aparece como uma oportunidade de tornar um fazer educativo, por vezes atomizado e baseado em compromissos pessoais, num estar educativo duma comunidade. Intencional. Consciente. Continuado. O PNA surge como a clarificação da dinâmica que procurámos durante 30 anos de vida, desde 25 de novembro de 1986. Esta foi a mais-valia da minha escola ter aderido ao PNA desde a primeira hora. Hoje, passados quase dois anos, o balanço é globalmente positivo: Os documentos diretores da vida da escola encontram-se no conceito de indisciplinaridade pela arte: projetos, clubes, programas, ação pedagógica quotidiana. A arte é já, de forma assumida pelas práticas, fator essencial da humanização. Todos somos consumidores. Todos somos produtores. Por Uma Escola Sem Muros, a educação com arte dentro, tem passado por projetos transdisciplinares que têm de ser espaço e lugar de fala para todos e todas, independentemente de onde vêm, como estão e são e para onde vão. Falta dar um salto: que a comunidade municipal entenda a escola como um espaço seu e vice-versa. E que daí resulte a articulação do formal e não formal, procurando esse todo constituir-se como um espaço de formação de pessoas críticas, criativas, interventivas, cuja experiência estética foi fator de empowerment. 

Teresa Sá, Coordenadora Projeto Cultural de Escola – PNA da Escola Secundária c/3º ciclo D. Dinis,  Coimbra

Toda a criação artística emerge da experiência humana, do artista e da sua relação com a vida e com os outros; com o que pretende partilhar, comunicar ou estimular. Enquanto artista residente no Agrupamento de Escolas da Lousã (AEL) tive a possibilidade de vivenciar esta relação (entre criação artística e dimensão humana) de uma forma particularmente especial. Desde logo, pela contingência pandémica que nos instigou a encontrar soluções para manter a vida (ou este modelo de vida que ainda levamos). Depois, a articulação com os docentes envolvidos, que se dedicaram apaixonadamente, com a coordenadora do PCE, o diretor do AEL e a própria Vereadora. Mas também, e acima de tudo, pelos alunos e alunas do 2.º Ciclo e as suas famílias, que ao longo das sessões revelaram para comigo tanta generosidade. 

A partir da pandemia e da forma em como nos obrigou a viver, foi concebido um projeto que deveria ser interpretado por crianças. Foi assim que nasceu «NOX – um novo olhar sobre o mundo»: uma curta-metragem de cruzamento disciplinar entre música, expressão corporal, movimento e imagem. NOX aborda a vida antes da pandemia, a vida que fomos obrigados a viver… e termina com amor e esperança. Com a arte projetamos outros mundos e sonhos. “A Arte existe porque a vida não basta” (Ferreira Gullar). 

Hélder Bruno Martins, Músico, Artista Residente PNA no Agrupamento de Escolas da Lousã

Traçar um Plano. 

Aceitámos em Torres Vedras o desafio do Plano Nacional das Artes em inscrever a cultura no âmago do processo educativo, assim a ESCOLA ajustou metas, reviu conceitos, misturou conteúdos, convocou os agentes educativos para o processo e  construiu um Projeto Cultural de Escola. Esta construção requer tempo e paciência. porque mais importante que o resultado final é o caminho que se percorre em conjunto, (escola, município, comunidade). Existirão diferentes velocidades, vitórias e falhanços, mas é na cooperação que acreditamos residir a transformação e a mudança. 

Começamos agora este caminho juntos, ainda estamos todos à procura do nosso lugar neste processo, mas a semente já foi lançada, vamos esperar que cresça e se torne visível. 

Cristiana Vaza, Interlocutora do Município de Torres Vedras – PNA - Agrupamentos de Escolas

A experiência enquanto Artista Residente foi dos projectos mais vivos e estimulantes em que me envolvi nos últimos anos. Desejo que o empenho e curiosidade com que vivi o desafio deixe algumas sementes nas escolas, pois dentro de mim levo um jardim em crescimento.

Cláudia Varejão, Realizadora, Artista Residente nas Escolas de Rabo de Peixe e da Maia, São Miguel, Açores

O PNA é uma rede de parceiros, um ponto de encontro privilegiado e de partilha, entre todos aqueles agentes educativos que visam incluir as artes e a experiência estética, na vida dos alunos. Longa vida para o PNA!   

Paulo Esteireiro , Coordenador do Projeto Cultural de Escola do Conservatório da Madeira 

Esta colaboração entre o Plano Nacional das Artes e as equipas do Património Cultural Imaterial e do Serviço Educativo do Museu Carlos Machado, através do projeto De Fenais a Fenais – Cultura Matriz do Desenvolvimento Local, veio acrescentar uma vertente artística contemporânea ao projeto, até então por explorar. A oportunidade de trabalhar com uma artista com a experiência da Cláudia Varejão trouxe ao De Fenais a Fenais, e às comunidades escolares a ele associadas, novos modos de ver e pensar o Património Cultural e Natural de cada um destes quatro territórios.   

Algumas das turmas da Escola Básica Integrada de Rabo de Peixe e da Escola Básica Integrada da Maia tiveram a oportunidade de, por meio de ferramentas artísticas, em particular o vídeo, a fotografia e o desenho, aprofundar os seus conhecimentos relativamente ao Património característico do seu território, acentuando o seu sentido de pertença e sensibilizando as respetivas comunidades à sua salvaguarda. 

Equipa De Fenais a Fenais, Museu Carlos Machado, São Miguel, Açores

A ESAD das Caldas da Rainha, do Politécnico de Leiria, no seu compromisso com a região, encontrou com o PNA o meio para criar um outro espaço partilhado, que não pertence a ninguém e que é de todos: da Escola, dos agrupamentos de escolas no quilómetro quadrado que começa em Torres Vedras e se estende até Leiria, e de todos os parceiros, mais ou menos prováveis, que o ajudam a desenhar. Em colaboração com os diversos Projetos Culturais Educativos criámos um conjunto de atividades modulares, adaptáveis e sem fim previsto, que promovem o encontro das artes com outras áreas disciplinares – explorando porosidades e experimentando metamorfoses – capazes de mostrar que a arte muda o mundo e as pessoas com ele.

João dos Santos, Diretor da ESAD - Escola Superior de Artes e Design – IPL. Caldas da Rainha

As artes são cada vez mais reconhecidas como um espaço formativo onde as aprendizagens formal e não-formal entroncam num misto de prazer e crescer, estimulando a criatividade e a confiança em si. O Plano Nacional das Artes iniciou um caminho de renovação do paradigma acrescentando, a esse crescer pela criatividade, o cruzamento interdisciplinar, a ligação à comunidade, desenvolvendo a consciência de cidadão e rejuvenescendo as práticas sociais residentes do território.

Margarida Gabriel, Coordenadora do Projeto Cultural de Escola, Agrupamento de Escolas Ginestal Machado, Santarém

O meu projecto de Artista Residente na Escola Secundária de Camões, insere-se no âmbito da intervenção artística integrada no projecto de requalificação dos edifícios da escola. Essa intervenção “ A Paleta e o Mundo”, a partir do livro  do artista e professor Mário Dionísio, tem uma fase de pesquisa sobre a história do Liceu Camões  e posteriormente uma fase de intervenção no espaço da escola. Enquanto artista residente  estou a envolver  os alunos e toda a comunidade escolar,  que desejar participar, criando um grupo de trabalho que colabora no desenvolvimento deste projecto.

Fernanda Fragateiro, Escultora, Artista Residente na Escola Secundária de Camões, Lisboa

A arte pode transformar a Escola tornando-a menos repetitiva -  é sempre a mesma coisa, sempre contas e letras. A arte pode aliviar esse stress e dar-nos mais criatividade. Quando sairmos daqui não vai ser tudo sempre a mesma coisa, nós vamos precisar de criatividade, então a arte vai ajudar-nos fortemente a lidar com os nossos problemas e também é uma forma de “sairmos da caixa” e de desstressar (não sei se esta palavra existe!).

Beatriz Almeida, Aluna do 8º ano, Agrupamento de Escolas Artur Gonçalves

-Sobre Paulo Pires do Vale-

Filósofo, professor universitário, ensaísta e curador. É Comissário do Plano Nacional das Artes, uma iniciativa conjunta do Ministério da Cultura e do Ministério da Educação, desde Fevereiro de 2019.

Texto de Paulo Pires do Vale
Fotografia de Tomás Cunha Ferreira

As posições expressas pelas pessoas que escrevem as colunas de opinião são apenas da sua própria responsabilidade.

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