Até dia 23 de agosto a Fundação Calouste Gulbenkian apresenta cerca de duas centenas de obras de 40 artistas portuguesas produzidas entre o início do século XX e os nossos dias. A exposição que reúne diversos nomes consagrados nas artes está incluída no Programa Cultural da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia.
Maria Helena Vieira da Silva, Lourdes Castro, Paula Rego, Ana Vieira, Salette Tavares, Helena Almeida, Joana Vasconcelos, Maria José Oliveira, Fernanda Fragateiro, Sónia Almeida e Grada Kilomba, entre outras, são algumas das referências que se fazem ouvir e na exposição, representadas através das mais diversas artes como a pintura, escultura, desenho, objeto, livro, instalação, filme e vídeo.


Com o objetivo de oferecer ao público uma imagem ampla dos seus respetivos universos artísticos, é através do autorretrato de Aurélia de Souza, pintado em 1900, que se marca o ponto de partida para uma reflexão sobre "um contexto de criação que durante séculos foi quase exclusivamente masculino. A exposição segue um conjunto de eixos que revelam uma vontade de afirmação das artistas perante os sistemas de consagração dominantes: o olhar, o corpo (o seu corpo, o corpo dos outros, o corpo político), o espaço e o modo como o ocupam (a casa, a natureza, o atelier), a forma como cruzam fronteiras disciplinares (a pintura e a escultura, mas também o vídeo, a performance, o som) ou a determinação com que avançam na utopia de uma construção transformadora, de si mesmas e daquilo que as rodeia", lê-se na apresentação da exposição.
Tudo o que eu quero — Artistas portuguesas de 1900 a 2020, é inspirada em Lou Andreas-Salomé, autora que desenvolveu uma das mais notáveis reflexões sobre o lugar das mulheres no espaço social, intelectual, sexual e amoroso dos últimos séculos, situando, assim, as artistas selecionadas no espírito de subtileza, de afirmação e de poder. É, desta forma, que a exposição pretende também contribuir para uma importância e reflexão do reforço do modelo social europeu, considerando ser umas das prioridades centrais da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, cuja concretização passa também pelo combate às desigualdades e pela valorização da Mulher Artista.
Esta exposição é uma iniciativa do Ministério da Cultura com projeto curatorial da Fundação Gulbenkian e conta com a curadoria de Helena de Freitas e Bruno Marchand.