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Opinião de Francisco Cipriano

Valor Acrescentado Europeu

People don’t buy what you do; they buy why you do it. O poder de…

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People don’t buy what you do; they buy why you do it.

O poder de começar com o porquê. A frase é a clássica do Simon Sinek e é totalmente adaptável ao universo dos financiamentos europeus People don’t buy what you do; they buy why you do it. Mais do que saber o que vamos fazer no nosso projeto europeu, importa saber porque é que vamos fazer e qual a relevância disso em termos europeus. No jargão comunitário este é o conceito de valor acrescentado europeu.

A fim de assegurar a eficácia da afetação de fundos provenientes do orçamento geral da União e dos respetivos programas de financiamento, é necessário garantir que todas as ações e atividades realizadas no âmbito dos Programa Europeus, em especial nos programas em regime direto, tenham um valor acrescentado europeu.

A questão é um pouco mais profunda e transporta-nos para a pergunta principal. Para que servem os fundos europeus? Os fundos europeus servem para implementar as decisões da EU, as suas políticas setoriais e de coesão. Por isso, um dos mantras para quem está habituado a estes temas é frase conhecida da Comissão Europeia: Europe does not fund projects, but finances its policies through projects. A frase diz tudo, mais do que aprovar o nosso projeto individual, o mesmo deve contribuir para as várias estratégias definidas em termos europeus e para a implementação das mesmas.

Mas atenção! Não chega olhar apenas para a Nova Agenda Estratégica da EU para 2019-2024, e menos ainda para as guidelines do programa a que nos vamos candidatar, é fundamental ter em conta todas as novidades do atual período de programação e que tocam as questões transversais da política europeia. Novas iniciativas a ter em conta são o Pacto Ecológico Europeu que pretende levar a União Europeia para a vanguarda da luta contra as alterações climáticas, tornando-se um líder mundial, ao mesmo tempo desenvolver a economia. O Pacto Ecológico Europeu surge como um elemento “norteador” capaz de moldar o futuro da Europa. O mesmo em relação à estratégia digital da EU. A Comissão está determinada a fazer deste período a década digital. A estratégia digital da EU visa fazer com que esta transformação funcione para as pessoas e para empresas. E, por fim, o respeito pelos 20 princípios do Pilar Europeu dos Direitos Sociais, que constituem o quadro de orientação para a construção de uma Europa social forte, justa, inclusiva e plena de oportunidades.

Neste quadro, a apresentação de um projeto a financiamento europeu e o respetivo valor acrescentado europeu devem respeitar e contribuir para o conjunto das questões transversais prioritárias (cross-cutting issues) devendo as propostas ter em conta os princípios da inclusão, da diversidade, da igualdade de género, do ambiente e da luta contra as alterações climáticas. Estes princípios devem ser tidos em conta quer na conceção, quer na implementação do projeto.

Assim, espera-se que os programas de financiamento europeu possam apoiar ações e atividades com valor acrescentado europeu, que complementem os programas e políticas regionais, nacionais e internacionais e outros programas e políticas da União e tenham um impacto positivo nos cidadãos europeus.

O programa europeu Europa Criativa não é exceção. Na ordem do dia, já que tem todas as suas medidas com convocatórias abertas até meados de setembro, o programa reconhece e apoia o valor intrínseco e económico da cultura, devendo os objetivos do programa ser realizados através de ações com valor acrescentado europeu em linha com os seus objetivos de reforço da cooperação artística e cultural a nível europeu, a fim de apoiar a criação de obras europeias, reforçar a dimensão económica, social e externa dos setores culturais e criativos europeus, bem como a inovação e a mobilidade nestes setores.

No Programa Europa Criativa o valor acrescentado europeu deve ser assegurado e apresentado logo na fase da proposta, através de um conjunto de aspetos que o projeto deve cumprir como são: o caráter transnacional das ações e atividades que devem ser complementares às ações dos programas e as políticas regionais, nacionais e internacionais e/ou outros programas e políticas da União; a cooperação transfronteiriça, designadamente através da mobilidade entre organizações e profissionais dos setores culturais e criativos, assumindo que o potencial dessa cooperação deve dar resposta a desafios comuns, incluindo a transição digital, a sustentabilidade, a participação equitativa de todos os cidadãos e o diálogo intercultural, promovendo assim as raízes comuns e a diversidade europeias.

Estes aspetos são, desde logo, requeridos no formulário da candidatura, sendo o proponente chamado a referir a dimensão europeia das atividades, a dimensão transnacional do projeto, mediante a composição do consórcio; o impacto/interesse de vários países da EU nas ações implementadas e quais os países que beneficiarão do projeto (direta e indiretamente), onde as atividades ocorrerão. Neste contexto é também muito valorizado a possibilidade de ter e utilizar as ações e os resultados do projeto em causa noutros países fora da União Europeia, aproveitando este valor como potencial para desenvolver confiança mútua e cooperação transfronteiriça entre os países da EU e destes com o resto do mundo.

O valor acrescentado europeu não é apenas um tema de retórica comunitária. É um elemento fundamental para assegurar os objetivos definidos nos vários programas de gestão direta (Horizonte Europa, ERASMUS+, Europa Criativa, etc.) que são complementares em relação às atividades dos Estados-Membros, assegurando adequados níveis de coerência e complementaridade de programação com os programas de financiamento em regime partilhado ou de subsidiariedade (Portugal 2030 e Plano de Recuperação e Resiliência) que dão apoio a domínios de ação interligados.

A importância do valor acrescentado europeu é igualmente reafirmada na dimensão da avaliação da candidatura, pois na análise de relevância são aferidos um conjunto de critérios fundamentais, tais como se o projeto é relevante para os objetivos e prioridades do programa e do aviso; se o mesmo se baseia numa análise de necessidades sólidas e adequadas; se aborda as questões transversais (inclusão, igualdade de género e redução do impacto ambiental) e se tem um valor acrescentado europeu. Já na fase de divulgação e exploração dos resultados do projeto, áreas cruciais do ciclo de vida do projeto Europa Criativa, deve-se, no exercício de comunicar e partilhar os resultados, evidenciar o valor acrescentado europeu, ampliando assim o impacto do financiamento e da intervenção europeia.

Mas participar num projeto europeu deve ser mais que um exercício regulamentar. O valor acrescentado de um projeto de cooperação europeia decorre também do processo de troca no qual os participantes, artistas e instituições, aprendem e partilham com os seus homólogos as suas variáveis locais de estilos de vida. O programa europeu é suscetível de reforçar a cooperação europeia, mas a cooperação entre os seus intervenientes é a que verdadeiramente pode gerar um resultado positivo no aumento da tolerância e a abertura de mentalidades entre os povos e um sentido de pertença europeu.

-Sobre Francisco Cipriano-

Nasceu a 20 de maio de 1969, possui grau de mestre em Geografia e Planeamento Regional e Local. A sua vida profissional está ligada à gestão dos fundos comunitários em Portugal e de projetos de cooperação internacional, na Administração Pública Portuguesa, na Comissão Europeia e atualmente na Fundação Calouste Gulbenkian. É ainda o impulsionador do projeto Laboratório de Candidaturas, Fundos Europeus para a Arte, Cultura e Criatividade, um espaço de confluência de ideias e pessoas em torno  das principais iniciativas de financiamento europeu para o setor cultural. Para além disso é homem para muitas atividades: publicidade, escrita, fotografia, viagens. Apaixonado pelo surf vê̂ nas ondas uma forma de libertação e um momento único de harmonia entre o homem e a natureza. É co-autor do primeiro guia nacional de surf, Portugal Surf Guide e host no documentário Movement, a journey into Creative Lives. O Francisco Cipriano é responsável pelo curso Fundos Europeus para as Artes e Cultura – Da ideia ao projeto que pretende proporcionar motivação, conhecimento e capacidade de detetar oportunidades de financiamento para projetos artísticos e culturais facilitando o acesso à informação e o conhecimento sobre os potenciais instrumentos de financiamento.

Texto de Francisco Cipriano
Fotografia da cortesia de Francisco Cipriano

As posições expressas pelas pessoas que escrevem as colunas de opinião são apenas da sua própria responsabilidade.

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