No dia 22 de janeiro, o Teatro do Bairro Alto (TBA) acolhe uma conferência presencial, com streaming direto no site e redes sociais do TBA sobre as cidades e os mapas topográficos das mesmas. "Os mapas também o são". Partindo da sua experiência com os bairros sociais, António Brito Guterres olha a cidade institucional para pensar novas formas de pensar o coletivo.
Contando com a presença de António Brito Guterres, investigador em estudos urbanos e dinamizador comunitário, questiona-se organização urbana, os nomes das ruas, os limites metropolitanos e todas as referências que compreendem uma história, a que contam e de quem contam.


Partindo do território e da experiência vivida nos bairros para interrogar os mapas da cidade institucional, o investigador traz a palco um desafio que passaria por equacionar formas possíveis de os reescrever com o conhecimento coletivo de uma comunidade.
As incursões de António Brito Guterres pela cidade começaram bem cedo. A vizinhança da sua casa com a estação de elétricos do Arco Cego permitiu-lhe fugir da decadência e solidão de Arroios nos anos 1980, procurando vidas densas noutros locais. Provavelmente a ascendência antifascista e ligada ao urbanismo permitiu-lhe pensar em narrativas que questionam o que é formalmente apresentado.
Com um percurso curricular que vai do serviço social aos estudos urbanos, olha para os territórios como potência, reconhecendo as suas qualidades e competências, que procura dar a ver. Visibilizadas, estas afirmam-se – como argumentos – face ao todo, enquanto paralelamente reivindica uma equidade das políticas.
Escreveu vários textos sobre cidades e urbanismo, passando pela cultura, não só por via do planeamento, contribuindo para a redação da Estratégia para a Cultura de Lisboa (relatório publicado em 2017 encomendado pelo Pelouro da Cultura da CML ao DINÂMIA’CET-IUL , centro de investigação do ISCTE-IUL), como numa perspetiva de investigação-ação em eventos como 6 de maio (peça de criação desenvolvida com Vihls), TRAÇA – Mostra de Filmes de Arquivos Familiares ou o Festival Iminente. Mantém na Antena 1 o programa semanal Cidade Invisível de entrevistas a moradores de bairros periféricos.


"Diz-se que a história é escrita por vencedores; os mapas também o são. Propõem uma linguagem, um discurso, uma ideologia. Dizem o que existe e o que não existe e circunscrevem o possível, estabelecem o governável. Na sofisticação das suas linhas não há espaço para perguntas. As suas omissões são nossas, delas dependem vidas, territórios, decisões. Como é que um instrumento resgata ou rasura uma comunidade? Não podia ser de outra forma? O que se dá no acesso à interrogação? O que fazemos com respostas que questionam mais do que respondem? Que desenham novos mapas e desdobram territórios outros, múltiplos, nem lineares nem planos? É que relação e mapa são sinónimos", escreve no comunicado da conferência.