Inserida na programação paralela da exposição Europa Oxalá, de artistas com origens familiares nas antigas colónias em África, a apresentação propõe o debate em torno da memória, da identidade e do luto.
O título, em tétum, língua nacional de Timor-Leste, traduz-se para o português como “Chamar Ossos”, em referência ao ponto de partida para a criação da performance – o encontro de Zia Soares com uma coleção de 35 crânios humanos dispostos no Departamento de Antropologia da Universidade de Coimbra.
Natural do distrito do Bié, Angola, a diretora artística do Teatro Griot resgata, na sinopse, a história de uma revolta de timorenses contra o regime colonial. Entre o grupo de homens, posteriormente presos e desterrados, está o seu pai.
De volta ao presente, o confronto com o arquivo universitário recorda os ritos de caça de cabeças na parte oriental da ilha de Timor, exortados pelos invasores portugueses, e levanta questões que a encenadora tenta responder em cena. “Como eram os rostos dos decepados? Onde estão os restos dos corpos? Quando retornam os ossos usurpados? Quem os espera? Quem ainda se lembra? Quem quer esquecer? Como encarnar os ossos?”, lê-se no resumo do espetáculo.
Zia Soares apresenta FANUN RUIN às 19h30 dos dias 9 e 10 de setembro, na Sala 1 da sede da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. Os bilhetes estão disponíveis, aqui.