Nesta edição do Festival Imaterial, o debate terá um lugar central. Do ciclo de conferências destaca-se “O contínuo apartheid na música internacional, colonialismo e racismo nos mass media”, abordado por Ian Brennan, produtor vencedor do Grammy Best World Music 2011, e que acontece no dia 8 de outubro, às 18h, no Palácio Dom Manuel.
No mesmo local, no dia anterior, 7, Paulo Lima, ex-Coordenador do Programa Identidades; o cantor de cante alentejano Francisco Torrão; e José Guerreiro, coordenador do Observatório do Cante Alentejano e do Centro de Documentação do Cante Alentejano, vão debater “O Estado Geral do Cante em 2022”.
Este ciclo de conferências é, para a organização, "um espaço de troca de experiências e de conhecimentos sobre as responsabilidades e os desafios que pendem sobre tradições e expressões vivas”, que contribui para um melhor entendimento do papel da atualidade, “ao escutarmos as vozes daqueles que investigaram e trabalharam de perto com estas manifestações locais únicas e irrepetíveis”.
A programação da 2ª edição do Imaterial integra, pela primeira vez, um Ciclo de Cinema Documental, com curadoria de Lucy Durán, etnomusicóloga britânica, responsável pelo programa World Routes na BBC 3.
A iniciativa tem já confirmada a estreia de All mighty Mama Djombo (França, Guiné-Bissau), 2022, com realização de Sylvain Prudhomme e Philippe Béziat, e que contará com a apresentação da curadora.
O filme em estreia no Imaterial traz a história do carismático cantor e compositor Malan Mané, que vive há 30 anos no exílio em Montreuil, França, como trabalhador imigrante anónimo. Tendo sido a estrela de uma das melhores e mais lendárias bandas da África Ocidental, Super Mama Djombo, da Guiné-Bissau. Malan viu sua vida mudar quando recebeu um convite para retornar à sua terra natal e apresentar-se ao vivo perante um público de 100 mil pessoas. O filme acompanha esta viagem emocionante do reencontro com familiares e antigos colegas de música. De volta à Europa, inspirado por esse regresso, Malan entra em estúdio para gravar o álbum acústico com o qual sempre sonhou, numa reviravolta incrível do destino. Esta é a narrativa do filme All Mighty Mama Djombo, que estreia no Imaterial, e oferece uma rara visão da turbulenta história da Guiné-Bissau.
De acordo com o comunicado enviado às redações, na programação musical está já confirmada a presença de um conjunto de músicos que são, “cada um à sua maneira, intérpretes daquilo que significa tomar o passado por referência para inventar uma música de hoje”: Parvathy Baul (Índia), Tarta Relena (Catalunha), Annie Ebrel & Riccardo Del Fra (Bretanha), Saz’isso (Albânia), Amélia Muge (Portugal),Natch (Cabo Verde) e Lia de Itamaracá (Brasil).
O Auditório Soror Mariana, o Palácio Dom Manuel e o Teatro Garcia de Resende são os espaços que vão acolher a programação do Imaterial, desenvolvida com o objetivo de seguir o exemplo das tradições que celebra e de forma a constituir o festival como um local de transmissão de saberes e culturas entre diferentes povos e gerações.
“O Festival Imaterial tem como verdade que o património só existe se houver quem o reclame e quem o reinterprete, quem saiba escutar o passado, com ele aprender, mas nele não encontrar uma prisão e uma limitação”, escreve a organização da iniciativa, que resulta de um projeto com organização da Câmara Municipal de Évora/DCP, cidade candidata a Capital Europeia da Cultura em 2027, em parceria com a Fundação Inatel e direção artística de Carlos Seixas.