fbpx

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

“A mim, nunca”: a ficção de uma realidade muito pouco distante

Até novembro de 2019 registaram-se 35 mortes de vítimas de violência doméstica, entre elas 27…

Texto de Carolina Franco

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

Até novembro de 2019 registaram-se 35 mortes de vítimas de violência doméstica, entre elas 27 mulheres, 5 homens e uma criança. No começo do novo ano Joana Dias, radialista na rádio Zig Zag e repórter na RTP, lançou “A mim, nunca”, um podcast da Antena 1 que parte de um livro que tinha escrito anteriormente “como forma de catarse”. Pela voz de três personagens - "ele", "ela" e "a irmã dela" - , conta uma história ficcional que se aproxima à realidade de demasiadas pessoas. 

A ideia de passar o livro que escreveu “à margem” do trabalho que desenvolve na rádio para um podcast surgiu através do contacto que teve no ano passado com “o que de melhor se faz no universo da rádio pela Europa”, quando foi a Berlim com a rádio Zig Zag, que tinha sido nomeada no Prix Europe, o Festival Europeu de Radiofusão. "Ouvi muitos podcasts de ficção, muito storytelling e percebi que era precisamente um podcast que tinha de fazer com o meu livro”, explica Joana ao Gerador.

Apesar de já trabalhar na rádio, “a decisão de fazer o podcast foi pessoal” e “não uma tarefa profissional” pedida pela direção. Joana sabia, desde o principio, que levar a cabo o seu projeto significava ser a responsável por toda a produção, com os seus próprios meios. "Quando queremos concretizar algo e não temos dinheiro para pagar a uma equipa, o que é que fazemos? Valemo-nos dos nossos amigos e foi precisamente isso que aconteceu.”

Joana, naturalmente, daria voz a "ela" e convidou Rita Dias, sua irmã, para a interpretação da “irmã dela” e o amigo Ricardo Fialho para dar voz a “ele”, sendo que este último também partilhou com a radialista a sonorização da série. Com apenas três elementos criou “A mim, nunca.”, a ficção gravada com uma proximidade entre os elementos que transparece para o áudio a sensibilidade de cada um na interpretação de cada personagem.

A ausência da imagem permite que cada ouvinte crie um imaginário à sua medida, com as personagens construídas por características físicas que coadunem com o que lhes parecer mais sensato. O “trabalho a partir dos sons” que cria traz “algo mágico” no momento em que “nos sentamos e vemos com os ouvidos em vez de vermos com os olhos”. Joana Dias explica que “criamos o nosso universo, imaginamos à medida das nossas experiências, do nosso dia-a-dia”, não havendo “uma imagem a toldar-nos a imaginação” e que no caso desta série ficcional “cada episódio tem um ambiente sonoro diferente”. 

https://www.facebook.com/watch/?v=652732422136029

Joana Dias, Rita Dias e Ricardo Fialho fizeram um vídeo de apresentação do podcast

Ainda que o som traga uma magia que entra pelos ouvidos e se propaga na cabeça, a autora de “A mim, nunca.” não descarta a ideia de adicionar imagem ao áudio, uma vez que “é um trabalho de ficção, de criação a partir do nada e não há limite para a imaginação”. Tal como se deu a metamorfose de livro para podcast, o futuro não limita a possibilidade de que se transforme também “numa curta-metragem ou numa mini-série”. “A ver vamos o que o futuro lhe reserva”, diz Joana.

"Este podcast é para que nunca nos esqueçamos de que a violência doméstica é um crime público e isso significa que qualquer um de nós pode apresentar queixa na polícia e ajudar quem precisa de ser ajudado. Não podemos continuar a fechar os olhos ao que se passa na porta ao lado, se o que se passar for violência. Infelizmente, a verdade é que nenhum de nós pode dizer "a mim, nunca” “, conclui. 

No final do ano passado o Expresso lançou "Não digam que foi por amor", uma reportagem de Raquel Moleiro que conta a história das 32 vítimas que até à data tinham morrido vítimas de violência doméstica. Podes recordá-la, aqui.

Podes ouvir o podcast “A mim, nunca” no site da Antena 1, no RTP Play, no Spotify e no iTunes

Texto de Carolina Franco

Se queres ler mais notícias sobre a cultura em Portugal, clica aqui.

Publicidade

Se este artigo te interessou vale a pena espreitares estes também

2 Julho 2025

Candidaturas abertas para o Workshop de Curadores da 13.ª Bienal de Berlim

16 Junho 2025

Para as associações lisboetas, os Santos não são apenas tradição, mas também resistência

29 Maio 2025

Maribel López: “Temos de tentar garantir que os artistas possam dar forma às suas ideias”

28 Maio 2025

EuroPride: associações LGBTI+ demarcam-se do evento mas organização espera “milhares” em Lisboa

1 Maio 2025

Literacia mediática digital além da sala de aula 

22 Abril 2025

“Pressão crescente das entidades municipais” obriga a “pausa criativa” dos Arroz Estúdios

17 Abril 2025

Estarão as escolas preparadas para os desafios apresentados pela IA? O caso de Portugal e da Bélgica 

17 Março 2025

Ao contrário dos EUA, em Portugal as empresas (ainda) mantêm políticas de diversidade

6 Janeiro 2025

Joana Meneses Fernandes: “Os projetos servem para desinquietar um bocadinho.”

23 Dezembro 2024

“FEMglocal”: um projeto de “investigação-ação” sobre os movimentos feministas glocais

Academia: cursos originais com especialistas de referência

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Viver, trabalhar e investir no interior

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Comunicação Cultural [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo e Crítica Musical [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Iniciação ao vídeo – filma, corta e edita [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Gestão de livrarias independentes e produção de eventos literários [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Desarrumar a escrita: oficina prática [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo Literário: Do poder dos factos à beleza narrativa [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Patrimónios Contestados [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Introdução à Produção Musical para Audiovisuais [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Escrita para intérpretes e criadores [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Fundos Europeus para as Artes e Cultura I – da Ideia ao Projeto [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Artes Performativas: Estratégias de venda e comunicação de um projeto [online]

Duração: 15h

Formato: Online

Investigações: conhece as nossas principais reportagens, feitas de jornalismo lento

02 JUNHO 2025

15 anos de casamento igualitário

Em 2010, em Portugal, o casamento perdeu a conotação heteronormativa. A Assembleia da República votou positivamente a proposta de lei que reconheceu as uniões LGBTQI+ como legítimas. O casamento entre pessoas do mesmo género tornou-se legal. A legitimidade trazida pela união civil contribuiu para desmistificar preconceitos e combater a homofobia. Para muitos casais, ainda é uma afirmação política necessária. A luta não está concluída, dizem, já que a discriminação ainda não desapareceu.

12 MAIO 2025

Ativismo climático sob julgamento: repressão legal desafia protestos na Europa e em Portugal

Nos últimos anos, observa-se na Europa uma tendência crescente de criminalização do ativismo climático, com autoridades a recorrerem a novas leis e processos judiciais para travar protestos ambientais​. Portugal não está imune a este fenómeno: de ações simbólicas nas ruas de Lisboa a bloqueios de infraestruturas, vários ativistas climáticos portugueses enfrentaram detenções e acusações formais – incluindo multas pesadas – por exercerem o direito à manifestação.

Shopping cart0
There are no products in the cart!
Continue shopping
0