fbpx

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

Opinião de Manuel Luar

Comer Em Casa: Rosbife em pantufas

Mais um dia de pantufas. Já nos começamos a fartar desta “sina” que se abateu…

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

Mais um dia de pantufas. Já nos começamos a fartar desta “sina” que se abateu sobre a comunidade e nos vai tornando a pouco e pouco cada vez mais parecidos com os “bibelots” das nossas estantes.

Na tentativa de expulsar maus pensamentos e romper a monotonia cinzenta do confinamento vale -nos o trabalho na  cozinha, que permite entreter, ocupar o corpo e o espírito e  - depois de tudo (bem) feito -  ainda por cima encantar o paladar da família.

O pensamento positivo da semana revolve desta vez em torno de um pedaço de carne que começou por ser imortalizado noutras latitudes mais frias,  lá para as ilhas britânicas, mas que acabou por ser adotado mais ou menos por todo o lado.

Falo do “Roastbeef”, rosbife para os amigos.  É uma parte do lombo ou da vazia (a parte de baixo do lombo) de um animal novo, que – idealmente – depois de cortada a peça e arranjada no talho, não apresente na balança mais do que um quilo a um quilo e meio.

Nas minhas previsões faço o almoço lá para as duas da tarde, e dá logo para aconchegar o estômago até à deita. Truques de sobrevivência que têm a ver com o empatar do tempo à nossa disposição...

Para a tarde pode ser que haja uma decisão revolucionária (própria desta época do ano) e os resistentes decidam ir ao cinema.  A sala é limitada, o écran liliputiano, mas que isso não nos impeça de ver algum dos bons filmes disponíveis nas plataformas de “streaming”.

Se estiverem a navegar num mar de nostalgia façam como eu e revejam “Lawrence da Arabia” em cópia (digital e de alta definição) recentemente restaurada. O deserto todo por dentro de nossa casa em quase quatro horas de excelente cinema.

Não se esqueçam de tirar a areia das pantufas e de lavarem os copos, depois do filme acabar. Admito que o calor tórrido do deserto tenha provocado graves “alcances” na garrafita do Gin e na reserva de águas tónicas do estabelecimento familiar…

Rosbife à minha moda

Uma vazia pequena e tenra. Mandamos limpar, mas conservando alguma gordura.
Começamos por fazer no almofariz uma pasta de barrar: com alho esmagado, pimenta preta em grão e flor de sal. Esfrega-se muito bem a carne com essa pasta, sendo que podemos passar os alhos pelo espremedor dos ditos, mas para mais sabor deite-se no almofariz um ou dois dentes apenas esmagados com a faca grosseiramente.

Põe-se ao lume um tacho de fundo grosso (ferro ou alumínio fundido). Para dentro do tacho irão duas colheres de sopa cheias de banha de porco (de porco de bolota é a melhor) e outras duas de manteiga gastronómica, que pode ser das que já se encontram aromatizadas com salsa.

Deixamos a gordura aquecer muito bem e depois introduz-se o rosbife bem barrado para selar a carne com os seus sucos vitais lá dentro.

Com um garfo grande viramos de todos os lados até a peça de carne ficar bem marcada, mas não repassada.

Retiramos ao fim de uns 10 minutos (ou menos) a estufar – virando sempre - e fatiamos de imediato para servir no momento. Para quem não gosta da carne em sangue podem passar-se as fatias num pouco do molho que ficou no tacho.

Normalmente acompanho com puré de batata.

Mas se o dia estiver de “ananases” deixem esfriar a vazia inteira, fatiem em frio com uma faca elétrica e acompanhem com uma salada russa.

Um vinho adequado para o rosbife deve ser um tinto novo, mas com caráter e corpo. Recomendo o Quinta da Gaivosa, colheita de 2015. Um grande vinho do douro e de  Alves de Sousa, a um preço (adequado) de cerca de 35 euros.

-Sobre Manuel Luar-

Manuel Luar é o pseudónimo de alguém que nasceu em Lisboa, a 31 de agosto de 1955, tendo concluído a Licenciatura em Organização e Gestão de Empresas, no ISCTE, em 1976. Foi Professor Auxiliar Convidado do ISCTE em Métodos Quantitativos de Gestão, entre 1977 e 2006. Colaborou em Mestrados, Pós-Graduações e Programas de Doutoramento no ISCTE e no IST. É diretor de Edições (livros) e de Emissões (selos) dos CTT, desde 1991, administrador executivo da Fundação Portuguesa das Comunicações em representação do Instituidor CTT e foi Chairman da Associação Mundial para o Desenvolvimento da Filatelia (ONU) desde 2006 e até 2012. A gastronomia e cozinha tradicional portuguesa são um dos seus interesses.  Editou centenas de selos postais sobre a Gastronomia de Portugal e ainda 11 livros bilingues escritos pelos maiores especialistas nesses assuntos. São mais de 2000 páginas e de 57 000 volumes vendidos, onde se divulgou por todo o mundo a arte da Gastronomia Portuguesa. Publica crónicas de crítica gastronómica e comentários relativos a estes temas no Gerador. Fez parte do corpo de júri da AHRESP – Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal – para selecionar os Prémios do Ano e colabora ativamente com a Federação das Confrarias Gastronómicas de Portugal para a organização do Dia Nacional da Gastronomia Portuguesa, desde a sua criação. É Comendador da Ordem de Mérito da República Italiana.

Texto de Manuel Luar
Ilustração de André Carrilho

As posições expressas pelas pessoas que escrevem as colunas de opinião são apenas da sua própria responsabilidade.

Publicidade

Se este artigo te interessou vale a pena espreitares estes também

2 Julho 2025

Não há liberdade pelo consumo e pelas redes sociais

25 Junho 2025

Gaza Perante a História

18 Junho 2025

Segurança Humana, um pouco de esperança

11 Junho 2025

Genocídio televisionado

4 Junho 2025

Já não basta cantar o Grândola

28 Maio 2025

Às Indiferentes

21 Maio 2025

A saúde mental sob o peso da ordem neoliberal

14 Maio 2025

O grande fantasma do género

7 Maio 2025

Chimamanda p’ra branco ver…mas não ler! 

23 Abril 2025

É por isto que dançamos

Academia: cursos originais com especialistas de referência

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Gestão de livrarias independentes e produção de eventos literários [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Artes Performativas: Estratégias de venda e comunicação de um projeto [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo Literário: Do poder dos factos à beleza narrativa [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Escrita para intérpretes e criadores [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Introdução à Produção Musical para Audiovisuais [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Desarrumar a escrita: oficina prática [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo e Crítica Musical [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Iniciação ao vídeo – filma, corta e edita [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Fundos Europeus para as Artes e Cultura I – da Ideia ao Projeto [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Comunicação Cultural [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Viver, trabalhar e investir no interior

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Patrimónios Contestados [online]

Duração: 15h

Formato: Online

Investigações: conhece as nossas principais reportagens, feitas de jornalismo lento

02 JUNHO 2025

15 anos de casamento igualitário

Em 2010, em Portugal, o casamento perdeu a conotação heteronormativa. A Assembleia da República votou positivamente a proposta de lei que reconheceu as uniões LGBTQI+ como legítimas. O casamento entre pessoas do mesmo género tornou-se legal. A legitimidade trazida pela união civil contribuiu para desmistificar preconceitos e combater a homofobia. Para muitos casais, ainda é uma afirmação política necessária. A luta não está concluída, dizem, já que a discriminação ainda não desapareceu.

12 MAIO 2025

Ativismo climático sob julgamento: repressão legal desafia protestos na Europa e em Portugal

Nos últimos anos, observa-se na Europa uma tendência crescente de criminalização do ativismo climático, com autoridades a recorrerem a novas leis e processos judiciais para travar protestos ambientais​. Portugal não está imune a este fenómeno: de ações simbólicas nas ruas de Lisboa a bloqueios de infraestruturas, vários ativistas climáticos portugueses enfrentaram detenções e acusações formais – incluindo multas pesadas – por exercerem o direito à manifestação.

Shopping cart0
There are no products in the cart!
Continue shopping
0