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Opinião de Manuel Luar

Comer em Casa: “Al fresco”

Poderão os leitores entender que deu uma travadinha ao aprendiz de escriba. Como é que…

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Poderão os leitores entender que deu uma travadinha ao aprendiz de escriba. Como é que numa crónica de tema “comer em casa” se pode tratar de uma refeição realizada “al fresco”?

“Al fresco” - para quem não tem quintais, alpendres, varandas ou terraços à moda dos mouros algarvios - consistirá em abrir as janelas da sala de jantar ou da cozinha e esperar pela brisa noturna?

Nem por isso. Aqui o tema é encontrar refeições de verão que se podem fazer em casa e que não têm obrigatoriamente de incluir na respetiva génese a necessidade de espaço a céu aberto para a confeção.

Com pena de todos ficarão fora destas sugestões de hoje as sardinhadas e churrascos que, nesta altura do ano e em havendo condições, são sempre boas apostas para refeições ao ar livre. 

O churrasco (no sentido lato) é uma excelente ocasião para o convívio e para cada qual meter as mãos à obra, seja fazendo as saladas, seja estando atento às brasas do carvão, onde o balde de gelo ao lado, com cervejas enfiadas, é aqui de rigor para refrigério do assador de serviço.

Uma proposta de verão mais caseira pode ser por exemplo a invenção sulista magnífica que é o gaspacho completo.

O belo conjunto de tomate, pepino, pimento, orégãos, tudo migado, a que se junta presunto aos pedacinhos, azeite e vinagre, água e gelo, pãozinho do melhor!  E acompanhado pelo que houver de mais fresco e mais pequenino nesse dia na praça: “joaquinzinhos” ou “petingas”, saltando da frigideira para os pratos.

Outra boa ideia é fazermos uma salada fria de feijão frade com ovo cozido e “ventrescas” de atum (parte da barriga, a mais gostosa) que existem enlatadas e que são excelentes.

 As melhores “ventrescas” da barriga do atum compram-se na lota ou na peixaria, frescas. Se forem por aí, isso dá um magnífico prato completo! Haja dinheiro…

Ainda posso sugerir uma mayonnaise de garoupa com ervilhas, cenouras e camarões.
A “minha” mayonnaise de camarão e garoupa é para ser feita por solteiros sem pretensões a chefs de cozinha. Se tiverem pressa ou pouca inclinação para estas exéquias não façam a mayonnaise, comprem-na feita. Mas não é a mesma coisa…

O truque para poupar dinheiro é comprar uma garoupa inteira, para aí com  2 kg, pedir para partirem a cabeça com respeitável "gola" para trabalharmos a mayonnaise depois de cozida e desfiada, e guardarmos as postas e o rabo para outra ocasião.

Para além da garoupa ser fresca, para o resto recorro ao material embalado. Ora vejam aqui sff, para 4 pessoas:

Um pacote de ervilhas e cenoura baby congeladas (existem em todas as superfícies comerciais).
 2\3 batatas grandes
 Uma cabeça de garoupa (com “gola”)
1/2 limão.
Para os “calinas”: 1 frasco grande  de mayonnaise de marca conceituada
 2 embalagens de  camarão 15\30 (se o encontrarem)
 1 embalagem de tomate cherry
 2 ovos XL
 salsa picada q.b.
 uma lata de azeitonas pretas sem caroço

uma colher de sopa de mostarda
  
Cozemos a garoupa com um fio de azeite. Deixamos arrefecer, limpamos de peles e espinhas e desfazemos em lascas. Cortamos as batatas aos cubos e levamos a cozer durante 20\25 minutos.  Cozemos também os ovos, as ervilhas e cenouras até estarem "al dente". E o camarão.

Arrefecemos tudo, com água fria e algumas pedras de gelo no passador.

Temperamos depois, batendo a mayonnaise com o sumo de limão e uma colher de mostarda numa grande tigela, de preferência de louça ou de aço inoxidável (evitem plásticos). Juntamos a garoupa lascada, metade do camarão descascado, os legumes e envolvemos com a mayonnaise.
Decoramos com tomate cherry, azeitonas pretas, ovo cozido aos gomos, o restante camarão e salsa picada.

Ficam sempre bem na mesa um ou dois queijos merendeiros de Sousel, partidos às fatias.

E para terminar em beleza: melão bem fresco e maduro. De preferência casca de carvalho.

Para beber: comecemos com um gin tónico (está cada vez mais em moda experimentar diferentes tipos de gin). E continuemos com um rosé pouco graduado. Por exemplo, o Espadeiro da Quinta dos Ingleses, ou o Rosé da Adega Cooperativa de Monção.

Qualquer deles fica abaixo dos 8 euros e são um delicioso refresco para estas noites mais quentes.

-Sobre Manuel Luar-

Manuel Luar é o pseudónimo de alguém que nasceu em Lisboa, a 31 de agosto de 1955, tendo concluído a Licenciatura em Organização e Gestão de Empresas, no ISCTE, em 1976. Foi Professor Auxiliar Convidado do ISCTE em Métodos Quantitativos de Gestão, entre 1977 e 2006. Colaborou em Mestrados, Pós-Graduações e Programas de Doutoramento no ISCTE e no IST. É diretor de Edições (livros) e de Emissões (selos) dos CTT, desde 1991, administrador executivo da Fundação Portuguesa das Comunicações em representação do Instituidor CTT e foi Chairman da Associação Mundial para o Desenvolvimento da Filatelia (ONU) desde 2006 e até 2012. A gastronomia e cozinha tradicional portuguesa são um dos seus interesses.  Editou centenas de selos postais sobre a Gastronomia de Portugal e ainda 11 livros bilingues escritos pelos maiores especialistas nesses assuntos. São mais de 2000 páginas e de 57 000 volumes vendidos, onde se divulgou por todo o mundo a arte da Gastronomia Portuguesa. Publica crónicas de crítica gastronómica e comentários relativos a estes temas no Gerador. Fez parte do corpo de júri da AHRESP – Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal – para selecionar os Prémios do Ano e colabora ativamente com a Federação das Confrarias Gastronómicas de Portugal para a organização do Dia Nacional da Gastronomia Portuguesa, desde a sua criação. É Comendador da Ordem de Mérito da República Italiana.

Texto de Manuel Luar
Ilustração de André Carrilho

As posições expressas pelas pessoas que escrevem as colunas de opinião são apenas da sua própria responsabilidade.

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