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Opinião de Manuel Luar

A adaptação à crise pandémica

A etiqueta do serviço à mesa e do comportamento dos clientes nos restaurantes alterou-se bastante…

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A etiqueta do serviço à mesa e do comportamento dos clientes nos restaurantes alterou-se bastante devido à situação de pandemia que atravessamos neste ano de 2020.

Hoje as mesas não estão aparelhadas quando chegamos e temos de esperar pela desinfeção do espaço (mesas e cadeiras). Só depois se colocam as toalhas, pratos e talheres, para finalmente os clientes tirarem as máscaras de proteção facial e sentarem-se à mesa.

O afastamento dos clientes em cada mesa deve tentar respeitar o espaço de segurança. Para quem não habite debaixo do mesmo teto recomenda-se que esteja livre um círculo de raio igual a um metro em torno de cada comensal (portanto 2 metros de diâmetro). Uma mesa composta (união de 4 mesas de um metro de lado, em quadrado) que sentava à vontade 8 pessoas – duas em cada lado do quadrado - passaria a sentar apenas 4, duas em topos opostos.

Durante a refeição propriamente dita os empregados andam sempre de máscara e viseira, mas obviamente que os clientes não podem comer de máscara posta.

Nas idas à casa de banho, ou outras saídas da mesa por breve tempo, deve tornar-se a colocar a dita máscara.

Em teoria, cada garrafa que se vai buscar à adega ou frigorífico deve ser desinfetada se for colocada na mesa para o cliente se servir. No caso desse trabalho ser feito pelo empregado – estando as garrafas afastadas da mesa – pode-se evitar essa tarefa.

O pagamento deixou de poder ser feito à saída, na “caixa”. É o terminal de multibanco ou do cartão de crédito que vem sempre agora à mesa (em casas onde isso ainda não acontecia). E é solicitado com alguma enfâse que se pague sempre com cartão e não em dinheiro “vivo”.

Uma consequência notada deste novo normal tem a ver com o ruído. As pessoas estão mais afastadas, é lógico que falem mais alto para estabelecer uma conversa social. E como os restaurantes estão mais vazios, o som da conversa será mais audível na sala. Portanto, cuidado com o que dizem.

Nem conversas sigilosas, nem – na ponta oposta do espectro - palavrões que ficam bem numa roda de amigos, mas que podem chocar a senhora de idade mais confortável que está na mesa mais próxima da nossa.

A propósito, conto um caso passado à minha frente, embora no enquadramento da liberdade de movimentos que agora não possuímos.

Uma senhora na casa dos “sessentas”, sozinha mas muito bem arranjada - à vista parecia classe alta ou média alta - só arranjou mesa na sala de jantar de uma cervejaria da moda em Lisboa ao lado de dois cidadãos bem mais novos e ligeiramente “avançados” que esperavam por outro igual que nunca mais chegava.

Os jovens cidadãos já de si falavam muito alto, mas quando recebiam ou faziam chamadas pelo telemóvel é que era o bom e o bonito! Toda a gente da sala ficava a saber os pormenores da conversa, que se cruzava com as inevitáveis “bojardas” do vernáculo da malta nova, ainda por cima ligeiramente intoxicada :

-  "Tu não me fales desse Cabr**!”; “Liga-lhe outra vez da-se! ; Mas esse ganda fdp nunca mais aparece?!"  

E por aí diante.

A senhora do lado estoicamente nada dizia. Os rapazes de vez em quando davam-se conta e pediam desculpa:

- " A senhora desculpe a conversa..."

E ela respondia:

-" Não se incomodem porque eu sou muito falha de ouvido e nem me dou conta do que estão a dizer..."

E embora ela lhes tivesse logo respondido, como se ouvisse ainda melhor do que eu que estava a 5 metros e não perdia nada,  eles acreditaram...

Grande Senhora!

-Sobre Manuel Luar-

Manuel Luar é o pseudónimo de alguém que nasceu em Lisboa, a 31 de agosto de 1955, tendo concluído a Licenciatura em Organização e Gestão de Empresas, no ISCTE, em 1976. Foi Professor Auxiliar Convidado do ISCTE em Métodos Quantitativos de Gestão, entre 1977 e 2006. Colaborou em Mestrados, Pós-Graduações e Programas de Doutoramento no ISCTE e no IST. É diretor de Edições (livros) e de Emissões (selos) dos CTT, desde 1991, administrador executivo da Fundação Portuguesa das Comunicações em representação do Instituidor CTT e foi Chairman da Associação Mundial para o Desenvolvimento da Filatelia (ONU) desde 2006 e até 2012. A gastronomia e cozinha tradicional portuguesa são um dos seus interesses.  Editou centenas de selos postais sobre a Gastronomia de Portugal e ainda 11 livros bilingues escritos pelos maiores especialistas nesses assuntos. São mais de 2000 páginas e de 57 000 volumes vendidos, onde se divulgou por todo o mundo a arte da Gastronomia Portuguesa. Publica crónicas de crítica gastronómica e comentários relativos a estes temas no Gerador. Fez parte do corpo de júri da AHRESP – Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal – para selecionar os Prémios do Ano e colabora ativamente com a Federação das Confrarias Gastronómicas de Portugal para a organização do Dia Nacional da Gastronomia Portuguesa, desde a sua criação. É Comendador da Ordem de Mérito da República Italiana.

Texto de Manuel Luar
Ilustração de André Carrilho 

As posições expressas pelas pessoas que escrevem as colunas de opinião são apenas da sua própria responsabilidade.

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