A 16ª edição do DocLisboa está de volta aos cinemas lisboetas de 18 a 28 de outubro. A programação completa pode ser consultada no site do evento e, ao todo, inclui 243 filmes, que estarão em exibição na Culturgest, no Cinema São Jorge, na Cinemateca Portuguesa e no Cinema Ideal.
Na Competição Internacional, estão a concurso obras de 54 países diferentes e, na Competição Portuguesa são 18 os trabalhos nacionais participantes.
A programação do DocLisboa está organizada em várias secções, das quais destacamos algumas. “Riscos” é uma secção de experimentação sobre o cinema, a sua história, as suas estratégias e linhas de fuga. Traz-nos James Benning e Mike Hoolboom como realizadores convidados, e o foco temático, “Transmissão, Territórios Imaginados”, que condensa uma linha de força do festival: filmar é confrontarmo-nos com outros mundos possíveis. Jorge Cramez, Manuel Botelho e Rui Simões trazem obras que nos falam disso mesmo.
Da Terra à Lua é a secção que se propõe a mapear o mundo de hoje, cruzando-o com o passado e encontrando aí o futuro, apresentando filmes de realizadores chave do panorama documental da atualidade. Aos filmes já anunciados de Wang Bing, Frederick Wiseman, Rithy Pahn, Stefano Safona e Želimir Žilnik, junta-se um nome de peso: Michael Moore e o seu mais recente Fahrenheit 11/9. Destaque ainda para duas estreias mundiais: PE SAN IE - O Poeta de Macau, de Rosa Coutinho Cabral, e O Plano, de Steve Sprung.
Heart Beat é a secção que enche o festival de música e dança. Nesta edição ficamos a conhecer Chilly Gonzales na abertura, e há ainda programação virada para Depeche Mode, jazz, country, fado e dancehall. O punk vai ser representado por Joan Jett e Vivienne Westwood e para recordar a rainha da soul, Aretha Franklin, será exibido o lendário musical The Blues Brothers.
Verdes Anos é a secção tripartida, que tem na sua abertura Onde o Verão vai, de David Vicente, servindo de mote para explorar a temática do primeiro desejo. A ele juntam-se Claúdia Varejão, com Um Dia Frio, e Miguel Gomes, com Entretanto. Segue-se uma competição de 20 filmes sob o olhar de novos realizadores. O terceiro momento exibe trabalhos de final de curso da Academia Real de Belas Artes (KASK).
O Arché, laboratório profissional de desenvolvimento de projetos, conta este ano com um total de 12 projetos, dos quais 4 são portugueses. Os tutores desta edição são Marta Andreu, Luciano Rigolini e Andrés Duque.
Recentemente, a direção do festival de cinema afirma ter sido alvo de pressões por parte das embaixadas da Ucrânia e da Turquia devido à inclusão de três filmes que desagradaram às representações destes dois países em Portugal. A Ucrânia mostrou desagrado pela exibição do filme Their own Republic, de Aliona Polunina, que está selecionado para competição internacional e retrata uma organização terrorista – ‘Vostok’, uma formação armada ilegal das Forças Armadas da Federação Russa.
Já a Turquia mostrou descontentamento relativamente à sinopse dos filmes Yol: The Full Version e Armenia e Cradle of Humanity por surgir a expressão “aniquilação do povo curdo” e por fazer menção à Arménia como o “local de um dos genocídios mais violentos do século passado”. Deste modo, a representante turca pediu para retirar as sinopses correspondentes que surgem na programação.
Cíntia Gil, da direção do festival, responde a estas pressões dizendo à agência Lusa que o Doclisboa não é um festival neutro e, por isso, assume uma posição política não aceitando interferências. No comunicado emitido pelo Doclisboa na passada quinta-feira lê-se que: "o Doclisboa é inteiramente livre, autónomo na sua programação, e esta equipa continuará a lutar para que assim seja. Apenas temos como parceiros entidades que respeitam os valores que também defendemos, e que são os valores da democracia, da livre expressão, e da justiça".
O festival que visa promover e divulgar a cultura do cinema documental na sua liberdade, diversidade e força testemunhal ocupa várias salas de cinema em Lisboa já no dia 18 de outubro, prometendo apresentar 243 filmes num território de “discussão e não de censura”.