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A Escola da Noite apresenta nova peça sobre a guerra e migrações forçadas

"Aqui, onde a estrada acaba", de Igor Lebreaud, vai subir ao palco do Teatro da Cerca de São Bernardo, em Coimbra, até ao dia 16 de outubro. O encenador acredita que o “lugar da arte” não é o de transmitir uma mensagem, mas espera que a peça “deixe o público a pensar”.

Fotografia de Eduardo Pinto

O espetáculo retrata a história de “uma família que há gerações foge da guerra” e que chega, por fim, “ao local onde a estrada termina”, lê-se no site d’A Escola da Noite. As migrações forçadas e as comunidades que são afetadas ao tentar escapar da violência da guerra foram a principal inspiração do autor. Igor Lebreaud explica ao Gerador que escreveu o texto em 2018, motivado “pelo que então ocorria no mundo e desgastado por tudo o que tinha vindo a acontecer”, referindo-se às pessoas refugiadas que tentam atravessar o Mediterrâneo.

Há muito que o encenador considera as fronteiras como meras “linhas fictícias traçadas nos mapas”, porque acredita que “toda a humanidade habita o mesmo planeta”, apesar de escolher “traçar divisões” entre si. Desta forma, perante o drama das migrações, Lebreaud decidiu que “precisava de fazer algo”. Tendo em conta que o seu “lugar” e forma de expressão artística é o Teatro, o autor confessa que a ideia de escrever um texto teatral surgiu de forma “natural”.

Antes de escrever, Lebreaud sentiu que a "ação não podia decorrer em nenhum tempo ou lugar concreto”, porque "tinha de ocorrer em todos os tempos e em todos os lugares” e a “língua estrangeira não podia ser nenhuma que existisse”, mas sim “um artifício que cruzasse vários idiomas”, explica o autor num texto publicado no site d’A Escola da Noite. “De súbito, ressurgiram duas ideias”, escreveu ainda, “o título e a imagem de um Portão no meio do deserto, ao qual chegava uma família arrastando uma caixa”.

O encenador menciona que o “Portão no meio do deserto” e as “pessoas que fogem” constituem referências bíblicas que “surgiram de forma quase inconsciente”. Apesar de hoje não se identificar como católico, Lebreaud atesta que a sua educação católica fez com que a imagética religiosa ficasse embrenhada na sua imaginação. Em simultâneo, interessava-lhe a ideia de “criar algo que funcionasse quase como uma história transmitida de forma oral, de geração em geração”.

Apesar de a peça ter sido escrita em 2018, apenas se estreou na passada quinta-feira, dia 29 de setembro. O autor explica que o processo de escrita demorou cerca de três dias, mas a revisão foi “morosa”. Quando considerou que o texto estava “apresentável”, partilhou-o com a equipa d’A Escola da Noite e foi convidado a apresentá-lo numa leitura pública, no âmbito do Clube de Leitura Teatral. No entanto, a pandemia fez com que a peça tivesse que esperar. Apesar do tempo que separa a escrita e a estreia da peça, Igor Lebreaud confessa que o facto de o texto continuar atual é algo que o “entristece” e “deveria entristecer todos”. 

O elenco é constituído por Ana Teresa Santos, Hugo Inácio, Margarida Dias, Miguel Magalhães e Ricardo Kalash. O encenador confessa que escreveu o texto com alguns atores em mente, porque necessitava de dar a cada personagem uma voz e um corpo. No entanto, explica que as personagens teatrais “só existem quando interpretadas por atores e não na imaginação do autor” e que o palco é “habitado por algo muito maior” do que aquilo que via na sua cabeça quando escreveu o texto.

Com Aqui, onde a estrada acaba, Igor Lebreaud estreia-se como encenador a solo. O autor assegura que a experiência tem sido “ótima”, porque o “Teatro é uma arte colaborativa”. “Tenho a sorte de estar rodeado por uma equipa magnífica, que se entregou de mente aberta, com imensa sensibilidade, inteligência e amizade”, declara.

Para consultares a calendarização da peça de teatro, podes clicar, aqui.

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