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Opinião de Marta Guerreiro

A minha árvore de Natal

Nas Gargantas Soltas de hoje, Marta Guerreiro fala-nos sobre as possibilidades de tradições natalícias.

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Está a chegar a época do ano que tantos anseiam e que outros tantos dispensam.

Eu sou das que estão no lado que passaria em frente sem comemorar o santíssimo dia de Natal com grande afinco.

Não sei porquê, mas não guardo grandes memórias da minha infância desta época. Sempre a comemoramos em casa, mas nunca com grande entusiasmo. 

As prendas eram o momento!

Mas o maior gozo não era quando as abria e sim as semanas antes em que eu e o meu irmão explorávamos a nossa casa e da nossa avó materna a tentar encontrá-las, o que aconteceu muitas vezes, ou as conversas disfarçadas que tínhamos com os nossos pais para ver se se descaiam sobre o que nos tinham comprado.

Sim, sabíamos que eram eles que as compravam. 

Não me lembro se alguma vez acreditei no Pai Natal e na nossa família nunca houve essa tradição. Faltavam as barbas e barriga ao meu pai para que o disfarce lhe caísse que nem uma luva. 

E como a nossa família, apesar de numerosa, não se junta à volta da mesa para cear, a noite de Natal sempre se resumiu a mim, ao meu irmão, aos nossos pais e avó. Uma noite calma em que podíamos comer mais doces do que habitualmente e que se prolongava, permitindo-nos a nós jogar ou ver um filme sem que os adultos insistissem para irmos para a cama.

No dia seguinte era só mais um dia, em que os chocolates eram permitidos, mesmo a seguir ao pequeno-almoço, e que se estreava roupa nova, comprada para a ocasião. 

Hoje o dia de Natal não tem obrigatoriamente roupa nova. Não guardei esta tradição nem outras, como montar a árvore de natal, ficou a dos chocolates e confesso que gosto de oferecer prendas, mesmo que sejam apenas simbólicas. Gosto, especialmente, do momento de as oferecer e de tentar perceber se o entusiasmo também é partilhado por quem as recebe. 

Sim, fiquei com a parcela consumista da época.

Para mim, este momento de presentear representa, para além de tudo, afecto, amizade e amor por quem ofereço o presente. O exercício de pensar o que irei oferecer a cada pessoa, nem sempre um objecto comprado, dá-me prazer. E parece que o Natal se tornou, para mim, o momento de presentear quem me rodeia. Apesar de não beber do espírito, cor e luzes da época. 

Há cerca de dez anos iniciei a minha tradição de Natal, assistir ao "Auto do Nascimento do Menino" dos Bonecos de Santo Aleixo, pelo Cendrev. E tem sido este o meu ritual. Quando assisto anualmente a esta peça, acredito que, o que sinto, seja semelhante ao enfeitar a árvore de Natal para muitas pessoas. E ao longo destes anos tenho reunido amigos ao redor desta "árvore de natal" que nos transporta para um imaginário alentejano com muita alegria, música e dança.

Para mim o Natal poderia ser isto: continuar a juntar amigos e família a rir com o mestre Salas e todos os outros títeres que o acompanham.

Texto escrito com o antigo acordo ortográfico

-Sobre Marta Guerreiro-

Nasceu em Setúbal de pais com naturalidade nos concelhos de Almodôvar e Castro Verde e cresce numa aldeia perto de Palmela. Aos 19 anos muda-se para o Alentejo, território que não imaginava que um dia poderia ser a sua casa, e agora já não sabe como será viver fora desta imensa planície. Licenciou-se em Animação Sociocultural, vertente de Património Imaterial, onde desenvolveu competências sobre investigação e salvaguarda de tradições culturais e neste percurso descobre as danças tradicionais e a PédeXumbo, dando assim continuidade à sua formação na dança. Ao recomeçar a dançar não consegue parar de o fazer e hoje acredita que esta é, para si, uma das formas mais sinceras e completas de comunicar. A dança tradicional liga-a ao trabalho desenvolvido pela PédeXumbo, onde desenvolve o seu projeto de final de curso com o tema “Bailes Cantados” e a partir desse momento o envolvimento nos projetos da associação intensifica-se. Atualmente coordena a PédeXumbo onde desenvolve projetos ligados à dança e música tradicional.

Texto de Marta Guerreiro
A opinião expressa pelos cronistas é apenas da sua própria responsabilidade.

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