Exemplo do Espaço Europeu de Dados de Saúde (EEDS)
Imaginem uma situação em que, após as tão aguardadas férias pela costa sul de França chegarem, têm um imprevisto de saúde, já em solo francês. Naturalmente, têm de se deslocar a um serviço de urgência do país em que estão. Felizmente (graças ao Cartão Europeu de Seguro de Doença – obrigada UE!) esta experiência já será facilitada.
No entanto, serão atendidos por um médico que não vos conhece, não partilha a mesma língua materna e, mais importante, não conhece o vosso processo clínico – doenças, alergias, medicação, exames previamente realizados.
Felizmente, graças a sermos portugueses e pertencermos a um Estado-Membro da União Europeia, dentro de alguns anos essa situação poderá ser diferente – obrigada UE.
Assim, imaginem novamente uma situação idêntica. No entanto, ao chegarem ao serviço de urgência,público ou privado, mediante o vosso consentimento, o profissional de saúde tem acesso ao vosso histórico clínico e consegue consultar informações essenciais para o diagnóstico e tratamento adequados como, por exemplo, uma alergia a penicilina ou o resultado dos últimos exames médicos que realizaram.
Esta realidade será possível dentro de alguns anos, pelo Espaço Europeu de Dados de Saúde (EEDS), proposta apresentada pela Comissão Europeia, na qual o Parlamento Europeu adotou a sua posição a 13 de dezembro de 2023.
A situação anterior é um exemplo de um dos usos que esta regulação pretende atingir. Outra aplicação é a utilização dos dados de saúde para investigação, inovação e formulação de políticas de saúde. Dessa forma, a disponibilidade de mais dados de saúde integrados, em conformidade com os princípios legais de privacidade, possibilitará a obtenção de evidência mais robusta para futuros tratamentos inovadores.
Por falta de exemplos concretos do impacto da política europeia no nosso dia-a-dia, é frequente depararmo-nos com a dificuldade de compreender a importância de participar nas eleições para o Parlamento Europeu.
Nesse sentido, é curioso entender que a eurodeputada responsável pelas negociações deste relatório no Parlamento é portuguesa – deputada e médica Sara Cerdas, eleita pelos votos dos portugueses em 2019.
O nosso voto para o Parlamento Europeu faz a diferença - em problemas específicos, e muito concretos, da nossa vida.
Acompanhar a política europeia hoje é acompanhar as mudanças na nossa vida, individual e como sociedade, no futuro.
Por este futuro que quero viver, obrigada UE.
- Sobre a Juliana de Sá -
Natural de Trofa, Porto, a residir em Bruxelas. Licenciada em Ciências Biomédicas e mestre em Gestão de Saúde. Atualmente, trabalha consultora de saúde em assuntos europeus.