Fascinado pelo som do piano, Marco Franco prepara-se, hoje, para lançar o segundo álbum, Arcos, a solo. No dia de hoje, sobe ainda aos palcos do Grande Auditório da Culturgest, pelas 21h00, para apresentar os novos temas que fazem parte do disco. De momento apenas é conhecido o single “Crisálida”, primeiro avanço de Arcos, disco que sucede a Mudra (2017) e que marcou a sua estreia a solo ao piano.
Sobre o disco, o músico, conhecido também de outras andanças (Montanhas Azuis, Mikado Lab, Memória de Peixe, entre outros), refere que “este segundo registo ao piano” surge através de “um piano vertical em que uso a surdina que a maioria dos verticais possuem e geralmente não é muito usada ou até nem é usada para gravar e tocar ao vivo”. Neste disco, além dos temas originais, Marco Franco interpreta um tema de Mikado Lab, banda de que fez parte e um outro de Norberto Lobo, colega em Montanhas Azuis e um dos seus compositores de eleição.
Depois de uma carreira reconhecida como baterista, o Gerador esteve à conversa com o músico lisboeta para perceber o conceito deste segundo álbum, Arcos, e como o piano surgiu no centro da sua vida. Ao longo da entrevista, o artista procurou ainda refletir sobre o seu estilo musical e sobre a importância de incluir no álbum projetos com os quais já colaborou.
Gerador (G.) – Hoje, dia 14 de maio, lanças o teu segundo álbum intitulado Arcos a solo acompanhado do som do piano. Ainda neste dia vais estar em concerto no Grande Auditório da Culturgest. Queres-nos começar por descodificar o conceito por detrás deste novo álbum? Já agora porquê Arcos?
Marco Franco (M. F.) – Sim, é hoje que sai este segundo registo ao piano e acabo por fazê-lo num piano vertical em que uso a surdina que a maioria dos verticais possuem e geralmente não é muito usada ou até nem é usada para gravar e tocar ao vivo. Em relação ao título, acabei por eleger Arcos de uma lista na qual fui escrevinhando várias ideias. Arcos acabou por se consolidar no topo da lista.
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Fotografia de Vera Marmelo
G. – Por enquanto conhecemos o single “Crisálida”. Porquê este single de estreia, ao público, e não outro? O que achas que este single oferece de diferente relativamente aos restantes?
M. F. – Achei que seria adequado para mostrar a sonoridade e ambiente da música do álbum, mas é sempre difícil na música instrumental destacar um ou outro tema, mas foi a escolha e não me sinto arrependido.
Marco Franco- Crisálida
G. – Um aspeto que me despertou uma particular atenção ao escutar o teu novo álbum foi o nome das canções que o acompanham. Ao ler os títulos ficamos com uma sensação enigmática, que posteriormente nos leva a querermos descobrir mais sobre aquela história. É propositada esta sensação ou sentes que é um extra que advém da escuta do álbum?
M. F. – Não sei bem responder, a sensação enigmática pode sempre ser mais prometedora e misteriosa, mas a minha relação com títulos foi sempre meio abstrata, por isso não há um propósito concreto da minha parte! Ainda assim acredito que o título deve enfatizar o conteúdo mesmo que a sua apropriação possa ser injusta para o título em si.
G. – Além dos temas originais, vais ainda interpretar um tema de Mikado Lab, banda da qual fizeste parte, e um outro de Norberto Lobo, colega em Montanhas Azuis. Sentes que ao longo do teu trajeto musical estes dois projetos, com os quais tiveste a oportunidade de colaborar, te marcaram de uma forma mais particular?
M. F. – Sim, no caso dos Mikado Lab, foi o primeiro projeto em que assinei a composição dos álbuns que editamos “Baligo” e “Coração Pneumático”. Resolvi trazer desse passado um tema chamado “Takket” e adaptá-lo ao piano, no caso do tema “Anecoica”, escrito pelo Norberto Lobo já o tinha gravado no seu álbum Estrela de 2018 e vibrava sempre que o tocávamos nos concertos e resolvi aprender o tema, o Norberto ouviu o resultado e deixou-me incluí-lo no álbum.
G. – Neste seguimento, na nota de apresentação és descrito como um músico que “faz música para quem ouve com o coração”. Sentes que realmente só atinge o novo álbum quem o escuta de uma forma honesta/plena?
M. F. – Não sei, penso que existem momentos em que a escuta de qualquer música pode ser mais ou menos atenta, também o contexto ou conjuntura pessoal determina a própria experiência, como estamos muito habituados a ter música à nossa volta quase a toda a hora este facto também nos pode distrair no bom ou no mau sentido.
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Fotografia de Vera Marmelo
G. – Se te pedisse agora para escolheres uma canção do Arcos, qual achas que melhor se enquadraria melhor com o teu estado?
M. F. – Depende do meu estado. Altera-se várias vezes ao dia... Neste momento, escolheria “Orognosia” porque ainda é cedo.
G. – Outro aspeto curioso é que anteriormente tiveste uma carreira reconhecida como baterista. Aliás, o piano só entrou no centro da tua vida, em 2017, com Mudra. Como é que começou este teu fascínio por este instrumento? O que é que para ti a sonoridade do piano oferece de diferente à tua música e aos teus ouvintes?
M. F. – Sempre gostei de muitos instrumentos, coisa natural e vulgar em qualquer músico gostar de experimentar. Em relação ao piano, este instrumento oferece harmonia e melodia e nele também posso oferecer a minha composição e a maneira como me expresso.
G. – Por final, relativamente ao concerto de hoje na Culturgest. O que as pessoas podem esperar?
M. F. – Espero que gostem! Vou fazer por isso.