fbpx

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

Opinião de Alexa Santos

As nossas histórias

As histórias mais comuns que ouvimos e contamos são as dos livros de contos de…

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

As histórias mais comuns que ouvimos e contamos são as dos livros de contos de fadas sobre príncipes e princesas, beijos a dormir e salvamentos de donzelas em apuros. As protagonistas são mulheres (cis, heterosexuais) que precisam de ser salvas, que procuram e/ou esperam por quem as salve, normalmente homens (cis, heterosexuais) que têm a força, a perspicácia e, claro, uma aparência impecável de galã de cinema. Histórias sempre acompanhadas de “já passou” e/ou de “tudo vai ficar bem”.

Sempre gostei de contar histórias e de ouvir as histórias das outras pessoas. Existem grupos de pessoas que se reúnem para contar as suas histórias, onde em poucos minutos ficamos a saber daquelas pessoas, factos, acontecimentos e outros momentos que talvez nunca tivessem sido contados, ditos em voz alta. Estas histórias raramente são acompanhadas de “já passou” ou de “vai ficar tudo bem”. O que acompanha muitas vezes esta história é um disclaimer logo no início que é “esta história não tem um final feliz”. Podem ter esperança, aprendizagem, luto, vulnerabilidade, mas raramente têm um final feliz.

No dia 20 de Novembro contamos histórias de pessoas que ficam na nossa memória porque não tiveram um final feliz.

Dia 20 de Novembro é o DIA DA MEMÓRIA TRANS.

Segundo dados da Transrespect: no último ano (Setembro 2020 - Setembro 2021), 375 pessoas trans foram assassinadas. Estes são apenas os números que são visíveis, das histórias que foram contadas. O número ao certo não sabemos porque muitas pessoas não vêem a sua identidade reconhecida, há países em que não se consegue saber estes números e muitas pessoas trans são mortas pela transfobia mesmo que não sejam assassinadas.

São várias as razões que nos fazem ter a certeza que, a este número enorme, se soma um número invisível.

https://tgeu.org/tdor/#tdor-2021-campaign

Gosto de contar histórias e de ouvir as histórias das outras pessoas. Gostava que as pessoas gostassem de ouvir mais histórias de pessoas trans. Histórias de pessoas que ao lutarem pelos direitos de um grupo de pessoas que é discriminado, desprezado, violentado e assassinado pela sua identidade de género, aparência, gestos, maneira de ser e de estar, está também a lutar para que todas as pessoas possam ser mais livres.

Não perceber o contributo destas vidas, destes corpos para o mundo inteiro, é não perceber que muito mais é o que nos une do que aquilo que nos separa e a diferença não nos separa, ela soma, complexifica, mostra-nos que podemos ser exatamente quem somos. Por isso continuamos a contar as histórias de quem veio antes de nós para nos dar lugar.

Lista de nomes de pessoas trans assassinadas no ano 2020/2021 e um pouco das suas histórias podem ser encontradas aqui.

-Sobre Alexa Santos-

Alexa Santos é formada em Serviço Social pela Universidade Católica de Lisboa, em Portugal, e Mestre em Género, Sexualidade e Teoria Queer pela Universidade de Leeds no Reino Unido. Trabalha em Serviço Social há mais de dez anos e é ativista pelos direitos de pessoas LGBTQIA+ e feminista anti-racista fazendo parte da direção do Instituto da Mulher Negra em Portugal e da associação pelos direitos das lésbicas, Clube Safo. Mais recentemente, integrou o projeto de investigação no Centro de Estudos da Universidade de Coimbra, Diversity and Childhood: transformar atitudes face à diversidade de género na infância no contexto europeu coordenado por Ana Cristina Santos e Mafalda Esteves.

Texto de Alexa Santos
Fotografia de Lisboeta Italiano
A opinião expressa pelos cronistas é apenas da sua própria responsabilidade.

As posições expressas pelas pessoas que escrevem as colunas de opinião são apenas da sua própria responsabilidade.

Se este artigo te interessou vale a pena espreitares estes também

9 Julho 2025

Humor de condenação

2 Julho 2025

Não há liberdade pelo consumo e pelas redes sociais

25 Junho 2025

Gaza Perante a História

18 Junho 2025

Segurança Humana, um pouco de esperança

11 Junho 2025

Genocídio televisionado

4 Junho 2025

Já não basta cantar o Grândola

28 Maio 2025

Às Indiferentes

21 Maio 2025

A saúde mental sob o peso da ordem neoliberal

14 Maio 2025

O grande fantasma do género

7 Maio 2025

Chimamanda p’ra branco ver…mas não ler! 

Academia: cursos originais com especialistas de referência

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Iniciação ao vídeo – filma, corta e edita [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Escrita para intérpretes e criadores [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Gestão de livrarias independentes e produção de eventos literários [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Patrimónios Contestados [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo Literário: Do poder dos factos à beleza narrativa [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Fundos Europeus para as Artes e Cultura I – da Ideia ao Projeto [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Introdução à Produção Musical para Audiovisuais [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo e Crítica Musical [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Comunicação Cultural [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Desarrumar a escrita: oficina prática [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Viver, trabalhar e investir no interior

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Artes Performativas: Estratégias de venda e comunicação de um projeto [online]

Duração: 15h

Formato: Online

Investigações: conhece as nossas principais reportagens, feitas de jornalismo lento

02 JUNHO 2025

15 anos de casamento igualitário

Em 2010, em Portugal, o casamento perdeu a conotação heteronormativa. A Assembleia da República votou positivamente a proposta de lei que reconheceu as uniões LGBTQI+ como legítimas. O casamento entre pessoas do mesmo género tornou-se legal. A legitimidade trazida pela união civil contribuiu para desmistificar preconceitos e combater a homofobia. Para muitos casais, ainda é uma afirmação política necessária. A luta não está concluída, dizem, já que a discriminação ainda não desapareceu.

12 MAIO 2025

Ativismo climático sob julgamento: repressão legal desafia protestos na Europa e em Portugal

Nos últimos anos, observa-se na Europa uma tendência crescente de criminalização do ativismo climático, com autoridades a recorrerem a novas leis e processos judiciais para travar protestos ambientais​. Portugal não está imune a este fenómeno: de ações simbólicas nas ruas de Lisboa a bloqueios de infraestruturas, vários ativistas climáticos portugueses enfrentaram detenções e acusações formais – incluindo multas pesadas – por exercerem o direito à manifestação.

Shopping cart0
There are no products in the cart!
Continue shopping
0