Suor Frio é o título proposto pela artista Kadri Maelk para a 1.ª Bienal de Joalharia Contemporânea de Lisboa. De 16 de setembro a 20 de novembro, o evento convida-nos a refletir acerca do corpo, do medo e da proteção por intermédio de projetos expositivos, colóquios, encontros e masterclasses. O objetivo é claro: motivar o estudo da história da joalharia e estimular a joalharia contemporânea.
O tema emerge com o projeto expositivo que a Associação Portuguesa de Joalharia Contemporânea, PIN, lançou em março de 2020, no início do confinamento: desenvolver uma joia/objeto de proteção para o séc. XXI. Assim sendo, durante dois meses cerca de 30 autores foram desafiados a criarem peças, durante o período de confinamento, apenas com os materiais e os recursos que cada um tinha à sua disposição, em casa. Face à execução do proposto, resultaram 34 peças das quais algumas reinterpretam as máscaras sanitárias, as luvas descartáveis e os materiais de proteção que adquiriram centralidade no nosso dia a dia. Outros objetos têm ainda como elemento referencial a habitação, lugar de abrigo e confinamento.
Estas obras estão já a ser apresentadas numa exposição online pelo MUDE – Museu do Design e da Moda (MUDE) desde julho passado.
Ainda assim, este exercício de reflexão não ficou "estagnado" a estes autores. O desafio foi ainda expandido a outros artistas a nível nacional e internacional. O resultado final constitui a exposição principal a decorrer na Galeria de Exposições Temporárias, na Igreja e no Museu de São Roque, produzida em parceria com o MUDE e a PIN. A exposição estende-se ainda ao Museu da Farmácia.
Neste seguimento, a Bienal convida ainda o MUDE e a Sociedade Nacional de Belas-Artes (SNBA) a integrar na sua programação uma exposição antológica da obra de joalharia do escultor José Aurélio, que decorrerá na Galeria Fernando de Azevedo, na SNBA. No total, serão mais de 150 peças de joalharia e ainda algumas esculturas do artista em exibição até 26 de setembro.
Para além disto, a Bienal de Joalharia Contemporânea de Lisboa terá ainda apresentações na Sociedade Nacional de Belas Artes, onde se encontrará uma Jewellery Room composta por projetos internacionais. As galerias Tereza Seabra, Reverso e Sá da Costa, o Atelier Teresa Lacerda e o Instituto Cultural Romeno, em Lisboa, serão outras das convidadas a organizarem e acolherem exposições, bem como palestras e visitas guiadas.
No que toca à realização dos colóquios estes decorrerão, de 16 a 18 de setembro, na Brotéria, em Lisboa. Na sua essência, visam analisar e pensar criticamente as questões sobre o "corpo", o "medo" e a "proteção", temas centrais da Bienal, a partir de várias perspetivas na área da história da arte, do design, da estética e da filosofia no contexto da situação pandémica que atravessamos. Tome-se nota que o mesmo espaço será palco da exposição Õhuloss da Estónia.
Ainda sob os temas centrais, nomeadamente, o "medo" e a "proteção" estão previstas duas masterclasses com dois artistas/professores internacionais: Christoph Zellweger e Caroline Broadhead. Podes proceder à inscrição das masterclasses e dos colóquios através deste link.
Como parte integrante da Bienal, e já em outubro, confirma-se a apresentação da Coroa de Nossa Senhora de Fátima que integra o projétil que atingiu o Papa João Paulo II. A mesma irá ser exposta, apenas por dois dias, na Igreja de São Roque como parte integrante da exposição principal, e será realizado um Colóquio sobre a coroa com a presença do diretor do Museu do Santuário de Fátima Marco Daniel Duarte e de outros especialistas que irão conversar sobre a história desta peça enquanto objeto de culto e de proteção espiritual.
O Departamento de Joalharia do Ar.Co desenvolverá, com os alunos, um projeto subordinado ao tema da Bienal, apresentando na galeria da sua escola uma mostra dos resultados. Este convite será extensivo a nove escolas internacionais que por sua vez integrarão essa mostra.
O evento encerrará no dia 20 de novembro com uma palestra da antropóloga Filomena Silvano e com o lançamento do livro/catálogo Suor Frio. Podes consultar a programação e toda a informação sobre a bienal aqui.
A Bienal de Joalharia Contemporânea de Lisboa conta com a curadoria de Cristina Filipe e direção artística da Associação Portuguesa de Joalharia Contemporânea.
Realce-se que a PIN tem como missão a promoção da joalharia contemporânea, o intercâmbio de informação e de experiências visando a educação do públicos e a dinamização do mercado, tanto nacional como internacional.