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Calendário(s)

Eu tenho um calendário que me regula e desregula.  O meu calendário não tem como…

Texto de Redação

©Catarina Silva

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Eu tenho um calendário que me regula e desregula. 

O meu calendário não tem como unidade o ano nem o mês. Poderia considerá-lo parente próximo do calendário lunar, e assim poderia numerar, aproximadamente, os meus dias dentro de cada ciclo da fase da lua. Mas não é bem assim que ele se organiza. O seu encaixe é muito autónomo e, por vezes, até desregulado, mas mesmo assim considero-o um calendário porque vai seguindo padrões, mesmo que não sejam totalmente mensais. E é um calendário porque não deixa de ser um sistema de contagem de tempo. 

Mas porque não o considero calendário lunar, já que existe quem defenda que um calendário lunar não se encaixa dentro de outros e por isso se vai compensando adicionando meses para se realinhar às estações do ano? E tem tudo a ver comigo, e ainda assim fico na dúvida se não será o meu apenas lunar. 

Assim, de há uns tempos para cá, comecei a anotar algumas acções, sensações e emoções que sinto diariamente, visto que estas me estavam a angustiar por não as entender (e continuo sem as entender totalmente). As minhas anotações estavam sempre ligadas ao meu ciclo menstrual e ao calendário lunar. 

Reflecti em como achei que as minhas mudanças não estavam diretamente ligadas às alterações climáticas, à má gestão do país, do mundo e dos recursos naturais, à pandemia que se vive e até à minha alimentação, decidi centrar a minha reflexão em MIM. E não é que até deu resultado?

Percebi que este meu calendário sofre influências externas, sim, mas as principais parecem-me internas, bem como a sua gestão. 

O meu calendário está intensamente ligado às minhas necessidades e funções orgânicas. Se o colocar lado a lado a outro calendário percebo a real diferença, o meu não tem dias e meses, tem fases. Estas minhas fases que, podem ser denominadas como períodos, seguem-se e em determinados momentos sobrepõem-se, tornando a minha vida um pouco mais complicada. Mas, incrivelmente, quando cada uma dessas fases se afirma e destaca das outras dá-me tanta energia e força que quase consigo ser uma Super Mulher. (Espero que tod@s tenham calendários com fases assim!)

As fases do meu calendário estão sempre a mudar e não sofrem influência com a chegada ou partida das estações do ano, elas conseguem ser dominantes! Fico estupefacta por o meu corpo ter uma vontade muito própria e conseguir sobrepor-se a muita coisa, incluindo as estações. Entenda-se corpo como tudo o que em mim ocupa espaço físico e não só! Por isso, percebi desde logo que o meu calendário não é gregoriano. O meu calendário é o meu, e ainda não tem nome.

É um calendário com tempos muito próprios, que me identifica e personifica. E depois de entender isso fiquei mais tranquila. Agora o meu exercício é outro: estar mais atenta à minha “agenda” e isso auxilia-me muito. Claro que ajudava se fosse um calendário mais pragmático, que tivesse um sistema de anotação próprio, gerasse automaticamente lembretes e notas internas sobre as minhas alterações e necessidades físicas, emotivas e até calóricas e as fizesse chegar a mim a às pessoas mais próximas com alguns dias de antecedência (só para nos irmos preparando). Com essas indicações eu conseguiria criar regras pessoais e sociais que, em certas situações, organizariam os meus comportamentos e me tornariam outra pessoa! Seria mais mecânica e menos espontânea. Não quero!

Agora que já sei que o tenho vou, manualmente, tirando notas, agendado estados e emoções, e como sempre, sem controlo. 

O meu calendário regula-me e desregula-me e já percebi que também o consegue fazer a quem está perto de mim. 

Ahh… Em relação à má gestão governamental em Portugal e no mundo, ainda não consegui fazer grande coisa, mas já agendei no meu calendário.

*Texto escrito com o antigo acordo ortográfico

-Sobre Marta Guerreiro-

Nasceu em Setúbal de pais com naturalidade nos concelhos de Almodôvar e Castro Verde e cresce numa aldeia perto de Palmela. Aos 19 anos muda-se para o Alentejo, território que não imaginava que um dia poderia ser a sua casa, e agora já não sabe como será viver fora desta imensa planície. Licenciou-se em Animação Sociocultural, vertente de Património Imaterial, onde desenvolveu competências sobre investigação e salvaguarda de tradições culturais e neste percurso descobre as danças tradicionais e a PédeXumbo, dando assim continuidade à sua formação na dança. Ao recomeçar a dançar não consegue parar de o fazer e hoje acredita que esta é, para si, uma das formas mais sinceras e completas de comunicar. A dança tradicional liga-a ao trabalho desenvolvido pela PédeXumbo, onde desenvolve o seu projeto de final de curso com o tema “Bailes Cantados” e a partir desse momento o envolvimento nos projetos da associação intensifica-se. Atualmente coordena a PédeXumbo onde desenvolve projetos ligados à dança e música tradicional.

Texto de Marta Guerreiro
Fotografia de Catarina Silva
A opinião expressa pelos cronistas é apenas da sua própria responsabilidade.

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