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Opinião de Jorge Barreto Xavier

Carne e cinza

Mordi forte os teus lábios Sobre eles os meus Uma fronteira impossível O espaço entre…

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Mordi forte os teus lábios

Sobre eles os meus

Uma fronteira impossível

O espaço entre nós

O espaço em nós

Solução orgânica sanguínea carnal

Regulação natural

Dos fluxos e das marés

Se entre nós há sal

É do que alimenta a terra

Se em nós há mal

Malamente me coloco

Neste espaço ausente

Interior exterior dentro fora

Não sei onde

Habitualmente as geografias

Dão mapas e os mapas caminhos

Os caminhos andares os andares viagens

As viagens partidas e chegadas

As chegadas casas e descanso

As partidas malas e miragens

Aqui não há aqui ou além

Sede da sede lugar da sua ausência

Onde estamos não estamos

Onde somos não somos

Circula um indizível perfume

Pétalas de flores arcanas

Sobre e sob a pele

O tempo suspenso ou ainda não reparado

Os reparos são danos palavras poderes

E não quero nenhum deles

Quero-te sem danar palavrar poderar

O nosso carnaval a nossa carne a mordedura impossível

Da alma que fazemos porque podemos morder a alma

Comê-la antes do pequeno almoço

Deglutir infinitamente a finitude na coreografia

Autónoma que nos encarna

O fim é um horizonte

E aqui não há horizonte porque aqui não há fim

Aqui não há cinzas porque a vida foi embora

Aqui não se morre pois não se vive

Aqui respira-se até onde o músculo vai

Oxigénio faz chama chama faz fogo fogo faz luz

Luz faz calor calor faz presença presença faz faz

Fazemos pois e o resto não importa

Importância é coisa pouca quando a alma se faz carne

E nos olhos a morte morre morrida por

Nem se saber que tal coisa emprenhou nos medos

Nos rochedos nas cavernas nas grutas

Sombra tanta que nem sei porquê

Nem a sombra recorta a definição de nós

Ou o luar sobre o fausto do verdadeiro abraço

-Sobre Jorge Barreto Xavier-

Nasceu em Goa, Índia. Formação em Direito, Gestão das Artes, Ciência Política e Política Públicas. É professor convidado do ISCTE-IUL e diretor municipal de desenvolvimento social, educação e cultura da Câmara Municipal de Oeiras. Foi secretário de Estado da Cultura, diretor-geral das Artes, vereador da Cultura, coordenador da comissão interministerial Educação-Cultura, diretor da bienal de jovens criadores da Europa e do Mediterrâneo. Foi fundador do Clube Português de Artes e Ideias, do Lugar Comum – centro de experimentação artística, da bienal de jovens criadores dos países lusófonos, da MARE, rede de centros culturais do Mediterrâneo. Foi perito da agência europeia de Educação, Audiovisual e Cultura, consultor da Reitoria da Universidade de Lisboa, do Centro Cultural de Belém, da Fundação Calouste Gulbenkian, do ACIDI, da Casa Pia de Lisboa, do Intelligence on Culture, de Copenhaga, Capital Europeia da Cultura. Foi diretor e membro de diversas redes europeias e nacionais na área da Educação e da Cultura. Tem diversos livros e capítulos de livros publicados.

Texto e fotografia de Jorge Barreto Xavier

As posições expressas pelas pessoas que escrevem as colunas de opinião são apenas da sua própria responsabilidade.

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