No passado dia 22 de setembro, a ZERO celebrou o Dia Europeu Sem Carros, pugnando por um espaço público mais são e seguro, encorajando os condutores de automóveis a deixá-los estacionados, proporcionando a eles próprios e aos seus concidadãos cidades e vilas mais tranquilas, silenciosas, limpas, seguras e socialmente coesas.
Os dias sem carros permitem uma melhoria no ar que respiramos, cuja fraca qualidade mata, segundo a Organização Mundial de Saúde, 6.000 portugueses todos os anos.
Podem perguntar-se porquê esta preocupação da ZERO pelo automóvel.
Entram em Lisboa cerca de 370 mil veículos por dia, a carburar em infindáveis filas de trânsito, denunciando a ineficiência deste transporte individual que, na grande maioria, circula apenas com um ocupante, e provoca o ar pesado que todos respiramos.
Sabemos que um carro movido a combustíveis fósseis é mau, mas ainda assim um carro movido a eletricidade não deixa de ser um transporte individual, com uma pegada significativa, tanto na sua produção, como no seu fim de vida.
Uma bicicleta é preferível? Claro que sim, mas não deixa de ser inviável na maioria dos locais, por questões de segurança e orografia.
O transporte público elétrico é melhor? Obviamente que é preferível aos carros, mas não é neste momento opção para muitas pessoas, em particular as que vivem nas periferias.
Para resolver este problema de interconectividade, é preciso intervenção política, autárquica e privada, em inúmeras frentes:
- melhoria das condições para pedestres;
- construção de vias dedicadas seguras para a mobilidade suave;
- melhoria da qualidade, frequência, pontualidade, densidade e intermodalidade dos transportes públicos coletivos;
- universalização do passe social barato, com modalidades familiares;
- incentivo das empresas à compra de passes sociais para os seus trabalhadores;
- e estas são apenas algumas.
O Dia Europeu Sem Carros é um excelente começo para dar às pessoas a noção que vale a pena reconquistar as ruas e destronar os carros.
O carro é uma caixa que nos isola do mundo exterior. Deve ser usado com moderação, apenas em caso de necessidade. As ruas permitem a interação com as pessoas e isso é excelente para a saúde mental e física e é um estímulo para o comércio local.
Uma vez libertas as ruas, podemos aumentar a biodiversidade urbana, estimulando o contacto com a natureza e melhorando a qualidade do ar e a qualidade de vida das pessoas.
Desafio ZERO: Faça uma vez por semana o seu Dia Pessoal Sem Carro!
-Sobre Ana Serrão-
Ana Serrão é licenciada em Tradução pelo ISLA e frequenta o curso de Agronomia na ESAS. Como Associada e Voluntária da ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável, tem trabalhado em iniciativas de ligação da associação à sociedade, com foco na mudança de mentalidades, hábitos de consumo e gestão do arvoredo urbano.