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Catarina Marques Rodrigues: “o que é essencial fazer para fintar o preconceito é a autoconsciência”

É visível, sentida e notória a resistência da sociedade em defender, no seu dia a dia, a igualdade entre todas as pessoas independentemente de género, orientação sexual e cor da pele. São muitas as pessoas que, ao presenciar situações de discriminação, o único sentimento que demonstram é a apatia. Na época das redes sociais, conversámos com a jornalista Catarina Marques Rodrigues para tentar perceber onde é que tantos preconceitos se sustentam, mesmo já com bastante informação disponível a desmistificá-los.

Texto de Redação

Fotografia da cortesia de Catarina Marques Rodrigues

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Comunicadora especializada em igualdade de género, diversidade e inclusão, a jornalista de 30 anos já foi distinguida com o Prémio Arco-Íris da ILGA Portugal (associação de intervenção lésbica, gay, bissexual, trans e intersexo) − que celebra pessoas que se destacaram na luta pelos direitos LGBTI − em 2016, e nomeada Embaixadora para os Direitos Humanos do ID-Europa − um projeto português no âmbito das eleições para o Parlamento Europeu − em 2019.

Já em maio de 2022, Catarina aventurou-se num projeto sozinha, fundando o “Gender Calling”, uma plataforma de media sobre mulheres e desigualdades. Em vídeochamada com o Gerador, a jornalista revela que quando afirmamos, de forma clara, o objetivo dos nossos projetos, sem a lógica de nós versus os outros, as pessoas respeitam-nos.

Gerador (G.) – A escola ensina as crianças a percecionar a igualdade entre todas as pessoas à nascença independentemente da cor da pele?

Catarina Marques Rodrigues (C.M.R.) – Em termos de regulamentos e currículos escolares, e mesmo em termos de diversidade nos manuais e representação de diferentes pessoas, a escola tem feito uma evolução. Mas o problema é que quem partilha estas ideias, as trabalha com os alunos e é responsável por fazer com que sejam passadas de forma correta, integrada e tolerante são pessoas, são professores e educadores. Quando se fala sobre estes temas, estamos sempre dependentes dos preconceitos, da abertura das pessoas para pensar sobre os seus próprios estereótipos e de os trabalhar, estamos a falar sobre ideias pré-concebidas que adquirimos na nossa família e contexto. E é preciso ter um grande trabalho de autoconsciência e autoperceção para fintar esses estereótipos, estigmas e ideias pré-concebidas, e nem sempre as pessoas têm abertura para fazer esse trabalho. Aliás, na maioria das vezes, não têm, o ser humano é resistente à mudança. O que eu noto com o meu trabalho, também, é que quando falamos sobre os vieses inconscientes e estigmas que as pessoas têm, elas têm uma grande resistência em admitir que os têm. As pessoas partem sempre do princípio de que são supertolerantes, ou porque já tiveram algum colega na escola que era negro, ou um amigo que é negro, ou porque conhecem alguém que é… Enfim, partem do princípio de que tendo um ou dois exemplos dessa representatividade próximos de si, isso faz delas pessoas que não discriminam, que respeitam toda a gente, que compreendem o contexto, e isso não é necessariamente assim. Inclusivamente, quando estamos a falar de escolas, falamos, sobretudo, de profissionais com uma idade mais avançada. Por norma, há uma questão geracional que tem de ser tida em conta, porque é natural que as pessoas mais velhas vejam estes assuntos de uma forma ainda embrionária e não tenham o conhecimento que implica ter para saber passar isto às crianças. Depois, quando estamos a falar de escolas, também falamos de pais e mães, que têm os seus preconceitos e nem todos se sentem à vontade para que a escola passe este tipo de ideias… Portanto, é como com o resto dos assuntos: nós temos as leis que protegem as pessoas LGBT, que protegem as pessoas independentemente das suas características, etc., mas, depois, na prática, não é bem assim, porque são as pessoas que têm de garantir o cumprimento dessas leis, no entanto, elas trazem muitas ideias sobre o mundo, sobre si próprias e sobre aquilo que os outros valem ou não.

G. – Num artigo de opinião publicado em 2021, a Comissária para os Direitos Humanos do Conselho da Europa escreveu que os países europeus precisam de “atacar as raízes do racismo contra os negros e abordar o legado do passado colonial e da escravidão histórica”. Também defendeu que “os currículos escolares devem refletir melhor a história e a herança cultural dos afrodescendentes e a sua contribuição para o desenvolvimento das nossas sociedades”. “Não faltam ferramentas para tudo isto, o que falta é vontade política”: opinava Dunja Mijatovic.
Os currículos das escolas europeias explicam a história dos afrodescendentes e o legado da escravidão histórica de um ponto de vista realista e não apenas do ponto de vista europeu, que é parcial?

C.M.R. – Eu apenas posso falar das escolas portuguesas. De facto, ainda se passa muito a ideia dos ‘Descobrimentos’ e quase de superioridade branca e portuguesa em relação aos países africanos de expressão portuguesa. Ainda hoje esta lógica se mantém um pouco: do país, Portugal, que ajuda, contribui, puxa para cima, desenvolve, que descobriu o território… No fundo, quase como um país que deu a mão a alguém que estava a precisar. Esta ideia ainda é passada, não só pelas pessoas nos currículos escolares, mas também no dia a dia, vemos muito esta lógica nos media, nas nossas conversas, nos ideais passados. É quase como uma superioridade moral e intelectual de quem agora faz um exercício que é, até, encarado como caridade por algumas pessoas. Claro que não vamos ignorar que, no caso atual, há vários institutos e programas portugueses a nível cultural, de saúde e de educação que têm esse contributo de participar no desenvolvimento dos países que foram colónias portuguesas. Mas também há essa responsabilidade, porque houve um aproveitamento e uso dessa força humana e, portanto, há essa obrigação, na minha opinião, de nos responsabilizarmos por aquilo que fizemos. Quando eu digo “nós”, não quer dizer que seja eu, ou tu, ou qualquer pessoa que não fez parte desse momento, não participou, não o causou. Mas enquanto país, há essa história que temos de encarar, não é uma história tão simples como nos foi contada, e é mais um exemplo de como as ideias que nos são passadas, depois, ficam, se não forem desconstruídas. Há, efetivamente, muito a fazer naquilo que é contar a história colonial como, de facto, foi.

G. – A comissária afirmava também que os negros “continuam a ser alvo de racismo estrutural e institucional em muitos países europeus”, tendo mais probabilidade de enfrentar discriminação no mercado de trabalho, na educação e na saúde, relativamente aos brancos. “Há uma negação generalizada do problema”, alertava Dunja.
A maioria dos europeus, neste caso referindo-me apenas a pessoas brancas, têm consciência desta realidade? Reconhecem a existência de racismo estrutural?

C.M.R. – Eu acho que a consciência está a aumentar, porque, de facto, começa a haver mais diversidade, ou seja, mais pessoas negras a ocupar lugares de destaque, o que faz com que se atribua um valor intelectual e profissional que antes não se atribuía com tanta regularidade. Com o conteúdo que está a ser partilhado nas redes sociais, hoje em dia, existem situações de racismo que acontecem num momento específico, mas depois são partilhadas e adquirem uma dimensão gigante, portanto, há uma mobilização que acontece à volta desse tipo de casos, havendo mais manifestações. O caso do George Floyd e do Black Lives Matter, que importámos dos Estados Unidos, trouxe essa reação ao racismo; na altura, em Portugal, houve manifestações contra a violência que foi exercida sobre Floyd. Depois, houve o homicídio do Bruno Candé, em Moscavide [Loures], o que também criou ali alguma agitação social. Mas isto são exemplos que acontecem num determinado espaço de tempo, o racismo estrutural mantém-se, porque quando há um caso numa rede social, um caso de homicídio de um negro norte-americano, ou um caso como o do Candé – que, ainda assim, não teve a dimensão que, na minha opinião, deveria ter tido –, passados três ou quatro dias de agitação mediática, as coisas continuam iguais. Antes e depois desses casos, os negros continuam a sofrer, sim, discriminação, tanto no local de trabalho – para aceder-lhe e conseguir viver a sua identidade de forma plena –, como para simplesmente poder viver de forma livre no espaço público… Seres uma pessoa negra e estares constantemente a ser olhada e observada, o teu corpo e a tua presença comentados, não poderes viver livremente, seres tu própria, estares no espaço público a aproveitar, a existir só, e estares constantemente a ser julgada e questionada… Isto é agressão, discriminação e racismo estrutural. Ainda continuamos a atribuir cor da pele a nacionalidade, ouvindo-se coisas como: “De onde é que tu és?” “Eu sou português.” “Não, mas de onde mesmo?”. A pessoa nasceu e cresceu em Portugal; se calhar, pode ter origem familiar cabo-verdiana ou angolana, etc., mas a pessoa é portuguesa. Ainda partimos do princípio de que o português é uma pessoa branca morena, é esta a figura portuguesa. O facto de teres nascido, crescido e vivido a vida toda num país e te ser dito, indiretamente, que não pertences aqui é uma agressão. A limitação dos teus sonhos é uma agressão. Uma pessoa negra que viva num contexto socioeconómico médio-baixo – que é a maioria dos casos em Portugal – dificilmente vai poder sonhar com determinados cargos, profissões e oportunidades, e isto também é agressão e racismo estrutural, que impacta a vida das pessoas negras.

Eu acho que a consciência das pessoas brancas está a aumentar, mas ainda há uma grande resistência em assumir que têm alguns comportamentos e pensamentos racistas. Como partimos do princípio de que é socialmente aceite que ser racista é algo abominável, negativo e que não nos valoriza enquanto seres humanos, temos dificuldade em associarmo-nos a algo que é considerado negativo. Se crescemos numa sociedade em que as pessoas negras não tinham um lugar igual ao nosso, de representação, aceitação e presença igual ao nosso, sim, ainda temos muito racismo incrustado nas cabeças, e temos dificuldade em aceitá-lo. Eu sou uma pessoa que trabalha com estes temas e lida com eles e, obviamente, tento ter um comportamento inclusivo, mas é óbvio que também tenho ideias racistas na minha cabeça, faço presunções e assunções racistas, crio ideias na minha cabeça que não incluem pessoas negras. Se alguém me disser, sem descrever a pessoa, “o meu chefe da minha empresa de marketing”, é natural que eu não imagine automaticamente aquele chefe como um homem negro, porque, de facto, não há muitas referências de pessoas negras em lugares de chefia e destaque, e se me for apresentada essa pessoa como negra, vai haver uma surpresa do meu lado. Isto não quer dizer que eu seja estruturalmente uma pessoa racista, quer dizer que ainda tenho ideias incrustadas que vêm desse racismo, que é, neste caso, de colocar as pessoas negras num lugar menor. Mesmo nas pessoas mais conscientes, que trabalham com este tema, mais ativistas, está presente, dado que está presente em toda a nossa vida. Porque mesmo que tentemos ter um comportamento inclusivo, depois, temos, a nível político, mediático, das artes, a nível estrutural, uma falta de representação tal que nos tolda a visão para vermos só um modelo de pessoa que merece estar em certos lugares.

Imagem via Public Domain Pictures
G. – A escola tem feito um esforço para um programa escolar com conceitos científicos atuais sobre sexo, género e orientação sexual, ou perpetua normas meramente sociais?

C.M.R. – Do que eu conheço, o trabalho que está a ser feito para clarificar as questões da identidade de género e orientação sexual é sobretudo efetuado por associações que são convidadas para ir às escolas ou por pessoas específicas extra-escola que vão numa perspetiva de falar sobre estes assuntos. Não considero que haja um amplo conhecimento na sociedade, ainda, sobre a diferença entre o que é sexo e género e, portanto, nas escolas, isto não estará a ser amplamento debatido. Claro que quando estamos a falar de escolas, falamos do norte ao sul do país, incluindo ilhas. Eu acredito perfeitamente que numa escola com uma perspetiva mais moderna, onde os professores, educadores, diretores da escola e as pessoas que podem ter algum papel em adaptar o currículo, pessoas que já venham com esta consciência, façam questão de passar estas ideias e trabalhar nestes assuntos; mas, mais uma vez, está muito dependente das pessoas que estão à frente dos estabelecimentos. Porque em todas as escolas é commumente aceite que é importante ensinar matemática, geografia, aprender uma língua ou duas, ter aulas de educação física, ensinar disciplinas que nos vão orientar para a nossa vida; mas estes temas de sexo e género, na maior parte dos casos, ainda não são entendidos como questões importantes para o crescimento dos alunos enquanto seres humanos, que são definidoras, não só para si próprios, mas também para a vida em comunidade. São questões envoltas em muito preconceito e não são vistas como algo que nos ajuda, até, a entender e respeitar os outros seres humanos; ainda estão muito relegadas para um plano de que “dizem respeito ali a umas minorias”. Acredito perfeitamente que haja escolas, e não são só em Lisboa e Porto, mas também em alguns cantos do país, que tenham esta cultura inclusiva, que promovam isto nos alunos, façam iniciativas, respeitem e incluam os alunos trans e homossexuais, que falem disto abertamente nas aulas. Acho mesmo que já há vários exemplos de escolas que têm a cultura de promoção da igualdade e equidade entre todos os alunos, mas, infelizmente, ainda estão muito dependendes da consciência dos professores que têm a responsabilidade de passar o currículo, porque os professores, e nós sabemos isto, têm um papel que vai muito além do que o currículo manda. Todos tivemos professores, de que ainda nos lembramos, que nas aulas falavam sobre assuntos que não estavam ligados ao currículo, sobre outras coisas, contavam histórias, elucidavam-nos, mostravam o mundo… Portanto, o currículo escolar não é a única ferramenta para passar conhecimento sobre estes temas e para ‘abrir a cabeça aos alunos’, por isso, está dependente de quem tem a responsabilidade de educar e de quem considera que estes são conteúdos que têm de ser passados aos adultos de amanhã.

G. – O relatório de 2019 da discriminação contra pessoas LGBTI+ da ILGA agrega as denúncias de situações de discriminação em função de orientação sexual, identidade de género ou características sexuais, ocorridas em território português, chegadas à plataforma online da associação. Relativamente à idade das pessoas que exerceram o ato de discriminação, o grupo etário referido com mais frequência foi o mais jovem, dos 15 aos 24 anos, representando 16% do total.
Que possíveis causas identifica para que os mais jovens estejam a perpetuar o tratamento desigual de pessoas LGBTI+?

C.M.R. – Eu acho que há aqui duas situações paralelas a acontecer.

Uma é o facto de a geração Z [as pessoas que nasceram entre 1995 e 2010] ser, de facto, a mais consciente de sempre para estes temas, a que tem tido mais abertura para falar de pessoas não-binárias, trans, de género fluido. É a geração que tem tido mais pessoas destes grupos a afirmarem-se publicamente, o que se vê até a nível mediático, e a própria geração já vê estas questões como comuns e naturais. Se formos às escolas, aos grupos de jovens, é muito natural, hoje, encontrar, dentro da geração Z, algumas pessoas que se afirmam como LGBT e de outras identidades. Atenção: pessoas não binárias, de género fluido, etc. sempre existiram, a questão é que não tinham contexto social e político que permitisse que se sentissem confiantes e seguras para afirmarem a sua identidade. Tem havido uma confusão de que agora há mais pessoas LGBT e com outras identidades. Não, elas sempre existiram, simplesmente o contexto não era favorável para que pudessem viver a sua identidade de forma plena.

Agora, ao mesmo tempo que isto acontece, a geração Z (tal como as outras gerações) também são pessoas para as quais o contexto familiar e do que veem à sua volta conta muito. Quando um jovem vê violência, aprende violência, o que é uma das razões para a continuidade do bullying em relação aos jovens LGBT. Também se vê que há uma lógica de comparação e competição muito forte entre os jovens, estimulada desde cedo pelas famílias, que diz respeito: às notas; aos jovens que, do ponto de vista estético, são vistos como os mais bonitos; àqueles que, a nível sexual, começam mais cedo e têm mais experiências; àqueles que se destacam mais. Isto também tem a ver com os jovens que têm uma orientação sexual que ainda é a maioria e é vista como “estar tudo bem”, porque é o mais comum e socialmente aceitável. Aqueles que não têm a orientação heterossexual ainda estão relegados para uma posição em que são mais suscetíveis ao bullying, acima de tudo, porque “eu sou heterossexual e tu és homossexual, ou está a ver-se que podes vir a ser, ou que te vestes, falas e te comportas como uma pessoa que parece ser homossexual, ou, ainda, por seres vista como uma pessoa não bonita, com nariz grande, ou que usas aparelho, etc…. E eu, como quero sobressair-me, vou fazer bullying contigo”. É isto que acontece.

Estas duas lógicas concorrem em paralelo. A consciência e a diversidade aumentam nesta geração, mas, ao mesmo tempo, há uma vontade, estimulada pelo meio, de destaque, que depois leva ao bullying.

G. – O que define uma minoria como tal?

C.M.R. – Quando se fala em minoria, fala-se na questão numérica pura e dura e na questão da possibilidade de se exercer certos direitos. Commumente falando, as pessoas LGBT, no mundo inteiro, ainda são uma minoria, ou seja, a maioria das pessoas ainda se considera heterossexual. Agora, se falarmos nas pessoas negras, aqui, em Portugal, em termos numéricos, são menos do que as brancas, e, também, no que diz respeito ao acesso aos direitos, na Constituição eles estão lá – porque um dos artigos mais divulgados é o de que ninguém pode ser discriminado com base na sua raça, idade, cor da pele, etc. – mas, depois, no acesso prático aos direitos, estes nem sempre são cumpridos. Por isso é que os números de violência policial e insucesso escolar são sempre maiores com as pessoas negras. Se estivermos num país africano, como Cabo Verde ou Angola, as pessoas negras não são uma minoria, porque, ali, a realidade é composta por elas e, portanto, é diferente. O conceito de minoria está dependente do contexto político e das normas sociais do país ou da cidade onde estamos, e a minoria aplica-se, ou não, consoante esse contexto. Em Portugal, as minorias dirão respeito a estes dois critérios [número e direitos], mas, num outro contexto, país ou noutra altura do mundo seria diferente. Agora, quando se fala em minorias, fala-se em pessoas que do ponto de vista do respeito pelos seus direitos humanos, estão mais ameaçadas e que em termos de número, não correspondem à maioria, o número de pessoas que fazem parte da comunidade é menor e, também, por essa razão, a atenção que é dada aos seus direitos é menor.

G. – Qual é a estratégia principal, a mais importante e necessária, para eliminar preconceitos?

C.M.R. – Boa pergunta… Eu posso, desde já, dizer: a educação e a escola; a diversidade que os media trazem para os debates e para as pessoas que apresentam o telejornal; o discurso político, que também conta muito, porque aquilo que os nossos deputados e políticos dizem ainda é visto, para muitos cidadãos, como o que é relevante ouvir – se o político x ou o deputado y disser algo, então é porque é assim (aliás, é desta forma que se alimentam, muitas vezes, certas ideias) – ou seja, o impacto que o discurso político ainda tem na definição das ideias dos portugueses; o trabalho das artes, que até tem sido feito, sinceramente, porque estes temas são muitas vezes trazidos; posso falar em muita coisa. Mas, neste momento, daquilo que tenho feito no meu trabalho – workshops com empresas sobre diversidade e inclusão, reportagens sobre temas de direitos humanos, moderação de debates sobre estes temas – o que eu acho, sinceramente, que é essencial fazer para fintar o preconceito e não está, de todo, ainda, a ser feito, é a autoconsciência. Ainda estamos num ponto em que não queremos olhar para dentro, assumir os nossos fantasmas e que também fazemos parte do problema. Acho que hoje, como se fala mais sobre estes temas, “como eu até sou ativista, gosto do tema, sou capaz de defender estas pessoas num jantar entre amigos ou de Natal, participo no debate, leio o Gerador, como até consumo podcasts sobre estes temas, então estou a fazer a minha parte e faço parte das pessoas que são a solução”… Escudamo-nos nisto e estamos sempre a ignorar os nossos próprios sinais e aquilo que apreendemos, não refletindo. Ainda no outro dia aconteceu-me isso: fui moderar um debate sobre diversidade e inclusão, onde tinha uma série de pessoas na plateia para assistir; às tantas, houve alguém que se levantou e disse coisas completamente racistas para com uma das pessoas que estava no debate; e quem estava a assistir estava porque queria, tinha interesse e supostamente sentia-se ligado ao tema; no entanto, sem se aperceber, acabou por emitir observações completamente discriminatórias. Eu acho que fazemos muito isto no dia a dia, nem que seja através de pensamentos e suposições, desconfiamos de quem é diferente e temos dificuldade em assumir isso, porque, muitas vezes, fica na nossa cabeça, não dizemos, depois aquela pessoa que, à partida, tinha características que nos fizeram duvidar até mostra que tem algum valor e capacidade, nós sentimo-nos envergonhados porque fizemos uma observação discriminatória e estigmatizante, e fica por ali. Portanto, não trabalhamos aquilo que ainda está dentro de nós e eu acho que este é o maior desafio, porque é algo que não pode ser mudado com leis, cotas, obrigações, incentivos, ou benefícios, é algo que só depende de nós. A resistência em encararmos as nossas falhas é grande e a discriminação é uma falha enquanto seres humanos.

G. – Quais são os principais obstáculos, hoje em dia, à redução do machismo e da masculinidade tóxica na sociedade?

C.M.R. – Os papéis de género ainda estão muito presentes, o que está a mudar, mas a mudar no sentido em que a discriminação se mantém. Ou seja, até há pouco tempo, o machismo via-se, especialmente, nos papéis atribuídos à mulher – cuidadora, mãe, bonita, simpática – e nos papéis atribuídos ao homem – trabalhador, provedor, que tem de assegurar certas valências em casa, etc. Via-se, também, nas profissões, diferentes, para uns e para outros. Isto é algo que já está a ser alterado, mas o machismo ainda se vê bastante no assédio que se sofre na rua, nas discotecas, à noite, e que hoje, além destes, passou para um assédio online, de ameaças, divulgação de fotografias íntimas, de comportamentos machistas quando se está a conhecer alguém online, etc. Está a ganhar-se cada vez mais consciência para estes comportamentos, há cada vez mais pessoas a falar e mais aulas sobre isto. Também a violência doméstica, quando se tornou crime público, fez com que houvesse várias campanhas contra essa violência, a pedir às pessoas para denunciarem, e, hoje em dia, já há uma consciência social muito maior em relação ao nosso dever de denunciar. Mas, por outro lado, continua-se bastante, se calhar até mais agora, a passar ideais de masculinidade tóxica. Masculinidade tóxica é ver-se o homem como uma pessoa forte fisicamente, sem fragilidades, que tem de estar sempre disponível sexualmente, não pode chorar nem ter emoções, tem de cumprir uma série de requisitos de ser superior; e, hoje em dia, em relação à parentalidade, há cada vez mais homens a querer ter um papel ativo e já há homens que gostavam de poder ficar em casa com os filhos, abdicando do trabalho. Geralmente, o papel que um homem, que é pai com 35 anos, tem hoje é muito diferente do papel que um pai tinha há 40 anos. Os pais, hoje, são de facto pais e querem sê-lo, querem participar, estar presentes, fazer coisas, ir às consultas, etc., mas a sociedade ainda não está preparada para isto. Os próprios homens querem sair das caixinhas em que a sociedade os colocou, mas a sociedade ainda insiste em mantê-los lá. A maior parte das empresas não estão preparadas para um homem que queira tirar uma licença para ficar em casa com o filho durante um ano, vão estranhar isso, nem estão preparadas para quando o bebé está doente, a primeira figura a ser chamada ser o pai. Ainda no outro dia contaram-me isso: um pai estava na sua empresa, ligaram da escola porque o bebé estava doente, ele disse ao chefe que tinha de ir embora para buscar o seu filho, e o chefe “Então a tua mulher?”. Ou seja, parte-se do princípio de que o homem só vai quando a mulher não pode, porque a mulher tem um papel mais relevante na parentalidade, no exercício das funções de cuidar de um filho. Mas não, já não é assim, nem os próprios homens querem. Há sempre exceções, atenção, tal como há pais que eram extremamente cuidadores há 60 anos, também há hoje pais que continuam a ter uma visão de que o seu papel é muito diferente do da mãe. Mas, efetivamente, a sociedade não está preparada, as famílias ainda passam estereótipos, continua a ouvir-se “mãe é mãe”… Pronto, mas pai também é pai, qual é a diferença? Biologicamente, de facto, há coisas que são impossíveis de ignorar, mas em tudo aquilo que diz respeito a exercer uma parentalidade saudável e feliz, ambos podem ter vontade de o fazer, no entanto, aquilo que as estruturas e a sociedade atribuem ao papel de um e de outro ainda é muito diferente.

Depois, entram aqui as questões da saúde mental. É difícil para uma mulher falar sobre ansiedade, depressão ou de estar a passar por um momento difícil; e para um homem ainda mais, porque há aquele estereótipo do homem forte que vai para a frente e não tem essas fragilidades. Aqui está mais uma coisa que as pessoas terão dificuldade de admitir, mas, realmente, se fizessemos uma radiografia às emoções dos homens, se calhar iríamos ver muitas emoções reprimidas. Porque nós, enquanto adultos, estamos sempre a passar por situações complicadas: uma separação, mudança de trabalho, não sabermos se queremos continuar a carreira, ou sentirmos que não estamos a ser o suficiente numa determinada parte da nossa vida… E é preciso haver um contexto muito confortável para falarmos sobre isto, e para um homem essa masculinidade tóxica faz com que, na maior parte das estruturas, não se sinta à vontade para falar.

Depois, claro, temos vários tipos de homens: os heterossexuais brancos; os heterossexuais negros, que têm ainda mais o estereótipo do homem sexual, forte, que carrega, é quase um escudo; os gays têm outro tipo de estereótipos, como de até terem emoções a mais e comportamentos libertinos; os ciganos sofrem outro tipo de preconceitos e expectativas; os homens com deficiência são relegados para um papel vulnerável, de coitadinhos, de fim de vida quase. Há várias identidades de homens e sofrem diferentes consequências desta masculinidade tóxica. Ainda está muito presente, sim, a consciência aumentou, mas há, de facto, muito para desconstruir.

Fotografia da cortesia de Catarina Marques Rodrigues
G. – A língua portuguesa, tal como várias outras línguas europeias, assume o género masculino como o género neutro – quando ambos estão presentes ou nos estamos a referir a pessoas indefinidamente. Nestes casos, nem sabemos se está alguma mulher incluída no sujeito porque, em português correto, basta haver um ser masculino para o pronome ter de ser masculino. Estarmos, em todas as frases, a dizer “todos e todas” ou “eles e elas” pode tornar-se maçador e exclui pessoas não-binárias.
Assumir um género como neutro é uma regra linguística justa? Acha que permanecerá no futuro da nossa linguagem?

C.M.R. – Bom, em relação à linguagem, há aqui uma questão muito importante: a linguagem só deve ser neutra quando a situação é neutra, porque quando a situação espelha, diferentemente, homens e mulheres, isso deve estar espelhado. “A língua é a casa do ser” e “a língua deve evoluir à medida que a sociedade evolui” são expressões presentes no livro “Nova Gramática do Português Contemporâneo”, de Celso Cunha e Lindley Cintra. Não falamos da mesma forma que falávamos há uns anos, em que usávamos expressões em forma de piada como “Tu és uma idiota!”ou “Pareces deficiente!”, ou quando alguém nos pedia um trabalho que não queríamos fazer, dizíamos “Mas eu sou preta para estar a fazer este trabalho? Isto é trabalho de preta!”. Usavam-se expressões que, hoje em dia, não são socialmente aceites, porque evoluímos, a sociedade, as questões sociais e a consciência para estas evoluíram. Hoje, temos mais ferramentas para saber que a discriminação existe e onde é que se verifica, havendo coisas que já não se dizem porque não são corretas do ponto de vista social. Isto é linguagem. A sociedade caminhou para um ponto em que é socialmente aceite, em comunidade, o facto de a desigualdade de género ser um problema, e é um problema endereçado pelas instituições europeias e grandes instituições que trabalham com estes temas no mundo, como a ONU. A desigualdade de género é um problema mundial e não há alguém que não tenha, ainda, ouvido falar sobre isso e a quem esse reconhecimento não tenha chegado. Há, de facto, uma diferença de tratamento entre homens e mulheres e uma invisibilidade na qual as mulheres foram colocadas ao longo dos anos, sendo que o papel de destaque era dado aos homens em tudo, e também na linguagem. Na escola primária, de facto, aprendemos que quando dizemos “todos”, estamos a referir-nos a todos e a todas, mas uma coisa é aquilo que nos ensinaram na gramática pura e dura, outra coisa é a linguagem. Será que faz sentido, tendo em conta que existe “todas”, se eu estiver numa sala em que vejo 15 mulheres e 7 homens, referir-me a “todos” quando estou a ver que estão ali mulheres? Referir-me “a todos e a todas” é um reconhecimento de que eu vejo que estão, na sala, homens e mulheres e que estas também são visíveis. Se repararmos, o primeiro-ministro e o Presidente da República, em Portugal, no início de um discurso, dizem quase sempre “boa tarde minhas senhoras e meus senhores”, “olá a todos e a todas”, fazem questão de colocar esse posicionamento no início. Sim, pode tornar-se maçador, e a primeira regra da comunicação é que tem de fluir; se eu estiver num discurso sempre a dizer “bem-vindas e bem-vindos, olá a todas e a todos, estamos aqui reunidas e reunidos”, a comunicação torna-se ruído e não é isso que queremos. Mas eu, no início do discurso, digo logo “boa tarde a todos e a todas” e quem lá está já sabe, porque repara – atendendo que ainda não é muito comum – que fiz questão de me referir aos homens e mulheres presentes, estando desde logo a mostrar que tenho esta preocupação. Depois, ao longo do discurso, pode sair-me, de vez em quando, “todos” para me referir aos dois géneros binários; mas tenho outras formas de falar, nomeadamente “boa tarde a todas as pessoas aqui presentes”. A opção de usar “pessoas” também tem outra vantagem, que é incluir pessoas não-binárias, portanto, esta expressão ainda é a melhor opção. Há, também, agora, muitas discussões sobre se se deve usar “e”, “x” ou “@” para pessoas não-binárias. Ainda não há uma solução que seja aceite de forma formal pelas instituições, não há um consenso à volta da melhor opção, pelo que isto está a ser feito de forma arbitrária. A melhor opção, por questões de inclusão para pessoas que têm limitações visuais, ainda é “e”, porque “x” e “@” causam dificuldades a quem usa aplicações de leitura, porque os sistemas ainda não leem as palavras com esses caracteres e algumas identificam “e”. Mas há várias técnicas para conseguirmos escrever e falar de forma inclusiva – também ensino isso nos meus workshops de linguagem inclusiva –, o facto de ser algo que está, agora, a ser falado não pode ser uma desculpa para nos escudarmos em “Ah, mas agora vou estar sempre a dizer todos e todas?”. Isto é, mais uma vez, a resistência à mudança. Além disso, a linguagem inclusiva não é uma questão tão recente quanto isso, porque já há 30 anos que a UNESCO e o Conselho da Europa recomendaram aos países que adotassem uma linguagem que espelhasse homens e mulheres. Não é de há poucos anos, é algo que já é recomendado a nível europeu há 30 anos e está, agora, a entrar no espaço público, mas é uma preocupação há mais tempo. A razão é quetemos de nos referir a quem faz parte da sociedade e o género masculino não acompanha esta evolução que fizemos enquanto sociedade, que quer incluir toda a gente com as suas diferenças.

Tenho dúvidas de que a gramática sofra uma revolução para o género neutro passar a ser “e”. Por exemplo, o inglês é uma língua que não é muito marcada do ponto de vista do género, dizemos “a scientist”, “hello everyone”, “hello you all”. Mas a língua portuguesa é muito marcada, já que dizemos “uma porta, um aquecedor”, tudo tem género. Eu posso escrever “todes” e algumas pessoas já terem ouvido falar do porquê de estar a usar “e”, sabem que é por causa das pessoas não-binárias, e compreendem, se calhar, até ficam satisfeitas com o facto de estar a ter esta preocupação de inclusão. Mas para a maior parte das pessoas, “todes” ainda vai ser assumido como um erro; ainda por cima, quanto à linguagem oral, “todes” ainda não funciona de forma perfeita do ponto de vista de ser entendido por toda a gente, não é uma referência que seja conhecida por todos. Tenho dúvidas de que se consiga chegar a um consenso em que se sinta que a maioria das pessoas vá saber o que é e a comunicação flua na mesma com essa opção. Temos é de, de facto, arranjar formas de incluir as pessoas que não se identificam nem como homem nem como mulher, porque também fazem parte da sociedade. Acho que “todes” vai ser mais usado e divulgado, mas não que se vá acabar com “todos” e “todas”. Fará sentido usar “todes” se estivermos a falar num coletivo ativista ou conferência LGBT, porque as pessoas que estão ali a ouvir sabem a quê que “todes” se refere e até ficam contentes por ter havido esta preocupação; mas ao usar “todes” num evento que não tem nada a ver com a causa, super formal, provavelmente, as pessoas que estão a ouvir vão estranhar e, lá está, a comunicação tem de fluir. Tem de acompanhar a realidade, mas também tem de fluir.

G. – Recebeu críticas ao seu projeto Gender Calling por ser dedicado às mulheres e minorias?

C.M.R. – Curiosamente, não, para ser muito honesta. Recebi muitas mensagens positivas, em que as pessoas me dizem que o projeto fala sobre temas de que habitualmente não se fala, de uma forma descomplexada e livre, e é giro ver este retorno de fora. Foi-me questionado porque é que no caso do podcast são só mulheres e eu expliquei que foi uma questão de posicionamento, de trazer, mesmo, mulheres que habitualmente não estão tanto no espaço público, que estão a fazer projetos interessantes e têm mensagens importantes para passar, mas não tinham tido este lugar de fala, e é esta a ideia. Por isso é que há muitas convidadas que até nunca tinham dado uma entrevista, antes do Gender Calling, porque esse espaço nunca lhes tinha sido dado. Mas, depois, nos outros produtos – no site e no nosso canal de vídeo, o Youtube, – também estão lá homens que fazem parte de minorias, por exemplo LGBT, porque é importante trazer esta representatividade. Acho que quando afirmamos, de forma clara, o nosso objetivo, sem medo de ser julgadas, sem mascarar a realidade, sem ter uma lógica de nós versus os outros – esta parte é muito importante –, acho que as pessoas nos respeitam, respeitam o projeto, e mesmo que não seja o tipo de conteúdos que mais consomem, atribuem valor. O que eu acho que não funciona, muitas vezes, nesta área da comunicação para os direitos humanos e jornalismo sobre mulheres e minorias, é a lógica de pôr as pessoas umas contra as outras, de entrevistar uma pessoa que fala sobre o assédio sexual que sofreu e, portanto, isto é um ataque aos homens, “os homens assediam, são violadores”… Nunca fui fã desse tipo de discurso. A realidade tem de ser trazida e, de facto, a maior parte das pessoas que assediam são homens, mas acho que a mudança não se faz por aí, mas sim por trazer os dados, as histórias, os casos, mostrar às pessoas que há mais como elas, mais gente a passar pelo mesmo, que isto é um problema, não é só na cabeça delas, e fazer essa mudança ao contar as histórias. Faz-se, também, por mostrar aos homens aquilo que as mulheres passam, mostrar às pessoas heterossexuais aquilo que as homossexuais passam, etc. Porque cada um de nós está no seu mundinho, não temos consciência daquilo que as outras pessoas vivem, estamos preocupados connosco, com a nossa carreira, sobrevivência, dinheiro, relações pessoais, com o nosso futuro. Portanto, o Gender Calling não é um projeto ácido, que diz “isto é contra os homens e os homens CEOs das empresas”. Não é essa a postura, a postura é “vamos falar das coisas”, dar voz às realidades, àquilo que as mulheres – jovens, mais velhas, negras – passam, àquilo que é fazer um aborto, ter uma crise de saúde mental, mudar de vida profissional, ter HIV, àquilo que é ser homossexual no mundo corporativo… Vamos dar voz a tudo isto e a partir daí, com conhecimento, de facto, transforma-se a mente das pessoas, porque já têm referências. A ideia é trazer as histórias cá para fora.

Texto de Francisca Valentim

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