Inaugurado há quase dois anos, o Centro de Interpretação da Comunidade Judaica de Torres Vedras dá a conhecer a história da presença judaica em Torres Vedras, valorizando-a e dando a explicar o seu papel na História. Foi a 18 de maio de 2017 que este espaço museológico abriu portas, sob a supervisão científica da Cátedra de Estudos Sefarditas Alberto Benveniste, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
O centro conta com quatro salas de exposições com conteúdos em português e em inglês, apresentados através de painéis expositivos e documentos — como contratos, cartas de perdão ou cartas régias — para desvendar o quotidiano da Comunidade Judaica de Torres Vedras e dar a conhecer o seu destino após a sua expulsão do território.
A visita à exposição é complementada por um circuito de visita que passa pelos espaços urbanos outrora ocupados pelos judeus. As visitas são organizadas pela equipa do centro de interpretação e pensadas para grupos escolares, para visitantes regulares, mas também com grupos de séniores como o Clube Sénior da Câmara Municipal, com quem contactam regularmente.
A presença da Comunidade Judaica em Torres Vedras
Ainda que as origens da presença judaica em Torres Vedras se percam no tempo, as referências mais antigas conhecidas a judeus no município remontam à segunda metade do século XIII. Segundo o Centro de Interpretação da Comunidade Judaica, os registos demonstram que era uma comunidade bem organizada , bem relacionada com o poder régio e particularmente próspera — o que sugere um enraizamento antigo no território do atual concelho, eventualmente anterior à fundação do reino. Em 1381 chegaram a viver na vila 25 famílias, que compunham a comunidade.
Durante a Idade Média, Torres Vedras tinha um “bom e gracioso termo, de pães [cereais] e vinhas”, que abarcava um território maior do que o do atual concelho. A comunidade judaica destacava-se comparativamente às de outras regiões do país pela elevada percentagem de judeus proprietários agrícolas – vinhas, olivais e pomares – e arrendatários de propriedades da Igreja.
Ainda que a presença da comunidade judaica em Torres Vedras date apenas da segunda metade do século XIII, presença de judeus em Portugal está provada, arqueologicamente, desde o século II, encontrando-se documentada desde o século X. Por esta altura, já existiam comunidades com alguma relevância, nos principais núcleos urbanos. No reinado de D. Afonso Henriques, inclusive, surgem vários judeus ligados à Corte, destacando-se o rabi-mor Yahia Aben-Yaisch, recompensado pelos serviços prestados ao rei.
Recentemente a Câmara Municipal de Torres Vedras partilhou um pequeno vídeo que ajuda a compreender o percurso do Centro de Interpretação da Comunidade Judaica
Centro de Interpretação da Comunidade Judaica e Rotas de Sefarad: (re)descobrir o passado
Situado no alto do município, junto ao castelo, o Centro de Interpretação da Comunidade Judaica trata temas que vão dos conflitos com os cristãos à expulsão e conversão forçada dos judeus, assim como a presença dos cristão novos e a inquisição em Torres Vedras.
Para melhorar (re)descobrir o passado, o centro de interpretação juntou-se à Rede de Judiarias de Portugal — Rotas de Sefarad, que reúne os diferentes pontos importantes na história (ou na sua difusão) e na herança judaica em Portugal. A defesa do património urbanístico, arquitetónico, ambiental, histórico e cultural são os seus pilares.
É possível visitar o centro de terça a domingo, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 19h00.