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Ciclo 12 em Rede: Aqui, as pedras contam histórias sobre a cultura portuguesa

Com início em 2017, no ciclo “12 em Rede — Aldeias em Festa” celebram-se as…

Texto de Isabel Marques

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Com início em 2017, no ciclo “12 em Rede — Aldeias em Festa” celebram-se as aldeias e contam-se histórias sobre a cultura portuguesa. Atualmente, integram esta iniciativa dez municípios, que vão do ponto mais a norte, do município da Mêda, com a aldeia histórica de Marialva, até ao ponto mais a sul, com a aldeia histórica de Monsanto, no concelho de Idanha-a-Nova. No total, o território abrange 680 quilómetros.

Em tempos “normais”, o evento ocorreria dos meses de verão até ao final do ano, presencialmente. Ainda assim, com a chegada da pandemia ao território nacional, o ciclo teve de se readaptar. Por enquanto, ainda não há uma data prevista para a realização. Espera-se, sim, que este ocorra em regime híbrido.

Em entrevista ao Gerador, Maria Manuel, responsável pela área da inovação, e João Santos, ligado à área da comunicação, das aldeias históricas, desmistificaram o conceito deste ciclo, falaram sobre a readaptação do evento, refletiram sobre a maior busca pelo interior de Portugal, sobre o tipo de atividades propostas no ciclo, e confessaram alguns pontos que gostavam, ainda, de melhorar.

Gerador (G.) – Como é que começou a vossa história neste ciclo das “12 em Rede — Aldeias em Festa”? E como surgiu esta iniciativa?

Maria Manuel (M.M.) – Eu acho que é importante, neste momento, perceber que, embora tenha havido uma diferença entre o modelo do ciclo de eventos, como o conhecemos no passado, é importante referir que o ciclo já se pode chamar de tradição. Iniciou-se em 2017.

Na altura, no anterior quadro comunitário, a perspetiva de celebrar as aldeias de uma forma única era já uma realidade. O modelo que era adotado, esse sim, era diferente. O conceito do ciclo 12 em rede, na verdade, representa mais do que o conceito. É uma identidade de um território vasto, mas que em todos os aspetos conta histórias sobre a cultura portuguesa. Estamos na linha fronteira, temos uma série de fortalezas, que contam a história da nossa portugalidade e da nossa identidade. E isso traz uma dinâmica social, cultural e comunitária diferenciadora. Por isso, o ciclo de 12 em rede nasce dessa perspetiva de incentivar a uma experiência imersiva do património físico, e simbólico, de cada uma das aldeias. Parece-me que é importante definir, neste ponto, que nas aldeias históricas, a Associação de Desenvolvimento Turístico atua nesta vertente do desenvolvimento turístico. Portanto, incentivar a promoção de um desenvolvimento turístico é um elo central da atividade da associação, que é promotora deste tipo de eventos, que faz parceria com estes dez territórios.

A partir daqui, e acreditando que esta era uma marca que se estava a afirmar, no panorama local e nacional, e para não deixar esta marca aqui, face à pandemia, fomos obrigados a reformular o contexto do próprio ciclo de eventos. Dado que esta dinâmica social, de que falava há pouco, era realmente sentida pelas comunidades que interagiam de perto com a organização. Mas também pela produção do ciclo de eventos. Ora, isto não sendo uma possibilidade, estamos no território do interior, ao nível demográfico, portanto, para salvaguardar o território, e para o não deixar de celebrar, começamos a olhar para ele como uma renovação do ciclo de eventos.

João Santos (J.S.) – Mais que um desafio, tornou-se uma oportunidade. No meu caso específico, entrei a meio daquilo que foi o processo da criação do 12 em rede, no ano passado. Se bem que depois sofreu todas as reformulações que tiveram de acontecer obrigatoriamente, e que foram, precisamente, um desafio para mim, como para a Maria, como para todos os municípios parceiros. Mas acho que ao fim ao cabo correu muito bem, e temos uma boa perspetiva aqui para 2021. Temos aqui um modelo híbrido que esperamos que seja possível fazer, ainda que estejamos dependentes do desenrolar da pandemia.

(G.) – João, no teu caso, o que te fez apostar neste projeto, já a meio?

(J.S.) – Eu entrei em março do ano passado, e sendo a área da comunicação algo transversal a tudo o que é feito nas aldeias históricas, juntamente com a Maria, tratámos de tudo o que era a dinâmica deste evento. Existe, aqui, o desafio de ter dez parceiros, que ao mesmo tempo é um vasto desafio de conseguirmos desenvolver este ciclo de eventos. E é neste âmbito que o projeto se desenvolveu.

Fotografia disponível via facebook João Botão Dos Santos

(G.) – Tal como referiam anteriormente, integram, atualmente, o ciclo dez aldeias. Como é que funciona este processo de integração das aldeias históricas? Existe algum critério de seleção?

(M.M) – O projeto das aldeias históricas teve várias fases. A constituição da associação é um processo mais recente. No fundo, as aldeias históricas de Portugal começam com a recuperação do património imaterial, de base, deste território. Nós temos dez municípios, como já referi, que vão mais a norte, do município da Mêda, com a aldeia histórica de Marialva, até ao mais sul, com a aldeia histórica de Monsanto, no concelho de Idanha-a-Nova. 

Temos, então, Mêda, com a aldeia histórica de Marialva; Trancoso, com a aldeia histórica de Trancoso; Figueira do Castelo Rodrigo, com a aldeia histórica de Castelo Rodrigo; Almeida, com as aldeias históricas de Almeida e Castelo Mendo; Celorico da Beira, com a aldeia histórica de Linhares da Beira; Belmonte, com a aldeia histórica de Belmonte; Sabugal, com a aldeia histórica de Sortelha; Fundão, com a aldeia histórica de Castelo Novo; Idanha-a-Nova, com as aldeias histórica de Idanha-a-Velha, e Monsanto. E, já a caminho do litoral, Arganil, a aldeia histórica de Piódão, e a aldeia histórica de Xisto.

Em boa verdade, este projeto começa com a recuperação patrimonial, que é bandeira, e é identitário desta casa, e deste testemunho. Mas, que ao longo deste processo, não foi um processo em que todos os parceiros entraram no mesmo momento, foram juntando-se, muito embora, que desde o início praticamente toda a rede está constituída. Foram alguns parâmetros definidos pela entidade gestora, Centro 20, e é um projeto apoiado por fundos comunitários. Portanto, a perspetiva da recuperação já estava em linha com o contexto, e as dinâmicas de investimento já vinham de normativas europeias.

Mas, de facto, percebeu-se que no âmbito da gestão, e do desenvolvimento prático do território, seria necessário criar uma casa que celebrasse estas parcerias, que unificassem este território. Estamos a falar de um território que é vasto. Isto para a maioria dos países europeus. Estamos a falar de 680 km, de rotas, que ligam todas as aldeias. Mas, de facto, há esta pertença histórica, e patrimonial, que a todas elas é comum. Cada uma delas tem um traço identitário muito único, tanto ao nível demográfico, como ao morfológico, como para as suas comunidades… Ao nível morfológico, nós temos diferenças todos os dias se fizermos o circuito. Nós conseguimos ver paisagens de dia para dia. Temos um conjunto de cinco serras, portanto, se nós começarmos do ponto inicial, com a zona do Douro, vão ser múltiplas as realidades com que te vais deparar. É um chavão. É uma bandeira que as unifica a todos.

Aldeia Histórica de Marialva via facebook ALDEIAS HISTÓRICAS DE PORTUGAL

(G.) – Sentem que, nos dias de hoje, ainda, existe muito a dicotomia entre o litoral e o interior?

(M.M.) – É normal. Eu acho que seria irreal não assumirmos que há uma diferença. E há uma diferença há muito tempo. A capacidade de resiliência que existe nas nossas comunidades é fruto desse êxodo. No entanto, e isso era já uma situação que se vinha a verificar, parece-me que, com o contexto pandémico, começa-se a inverter a tendência. E começa a ser cada vez mais jovens.

Aldeia Histórica de Monsanto via facebook ALDEIAS HISTÓRICAS DE PORTUGAL

(G.) – Mas, por exemplo, Maria consideras que desde a criação do ciclo 12 em rede a busca pelo interior aumentou?

(M.M.) – Foi precisamente aí que a noção de necessidade da criação desta estrutura se evidenciou. De facto, há um conjunto de medidas, inclusivamente, ao nível das estruturas das aldeias, que era preciso ser feito para que as pessoas pudessem vir. E vir com qualidade para o território. Nós temos um conjunto de projetos a nível da acessibilidade, de infraestruturas, de condição de acesso físico e tecnológico. Até porque, neste momento, todas as aldeias históricas estão infraestruturadas com fibra ótica de última geração. Portanto, a aposta nestes projetos ainda vem mais a realçar a decisão de mudar do litoral para o interior.

Nós estamos num ponto de triangulação evidente. Nós estamos entre três principais aeroportos europeus.

(J.S) – No fundo, essa dicotomia serve quase como uma oportunidade, como uma forma de estarmos centralizados entre o Porto, Lisboa e Madrid. É quase como um triângulo que nos permite estar entre Portugal, e Espanha, de uma forma muito concreta. E a Maria também referenciou a questão dos projetos. Um deles é o facto de as aldeias históricas de Portugal estarem todas ligadas com fibra ótica e Internet gratuita, para quem nos visita. Portanto, só assim é que se permitiu que o modelo, no ano passado, fosse transmitido via streaming.

A juntar a esta questão da questão demográfica, da dicotomia, até porque nós não gostamos muito dessa mensagem dos coitadinhos. Não é isso que pretendemos desenvolver.

Aldeia Histórica de Sortelha via facebook ALDEIAS HISTÓRICAS DE PORTUGAL

(G.) – Que tipo de atividades propõem durante o ciclo? Face à pandemia instaurada, de que forma se tenderam a adaptar, nomeadamente, para a realização do evento?

(M.M.) – As dinâmicas do 12 em rede foram ajustadas, tanto para salvaguarda de quem é de cá, como para quem nos visita. De facto, nós temos aqui de olhar, e assumir que as aldeias históricas são um destino seguro. Aliás, esse é o mote pelo qual nos regemos. Tanto pela nossa ação diária, tanto pelas ações que praticamos no território. Especificamente, no ciclo em rede, nós implementámos esta lógica híbrida. E esta dinâmica híbrida surgiu de um ponto: nós não vamos deixar a marca cair ou morrer. Nós vamos mantê-la. E vamos assumir sempre numa vertente dual, ou seja, sempre que seja possível cumprir com as regras de higienização, nós vamos permitir público no formato presencial. É um público controlado. Definimos uma quota que responsabilizava todos os parceiros por esta definição. E uma quota disponível para os habitantes. E, ainda, uma quota para os turistas. Sempre que foi possível, falando da edição passada, nós tivemos sempre esta realidade a acontecer. Para além da manutenção, e da reinvenção da marca, nós também entendemos este como uma responsabilidade social, de apoiar a cultura portuguesa. De facto, como sabemos é o que é…

E nós tínhamos a capacidade de promover um espaço, que não só permitia essas dinâmicas, como as permitia com um olhar diferente. Para qualquer artista, para além da programação, pedimos apoio a todos os artistas para nos ajudarem nesta promoção, e neste convite. [Convidamos] todos a reviver 2020, em rede.

De facto, uma das questões que levantamos é promover dinâmicas culturais, e espetáculos num espaço inusitado, e num espaço inspirador. Aqui, cada pedra conta uma história, cada pessoa tem na sua identidade a história de cada uma das pedras. E isso faz parte de um ambiente. É palpável por todos. É um estreitar de laços que fica para a vida. Há uma identidade que fica para sempre partilhada. É neste modelo entre troca de algo, de comunidades, que a nossa atividade cultural se rege.

(J.S) – Temos vários projetos que estamos a desenvolver, em paralelo com o ciclo em rede. Um deles quanto à pandemia que nos assolou, e nós fomos o primeiro país, pelo menos em Portugal, que decidiu desenvolver um plano de resposta à covid-19. Nós estamos a desenvolver medidas, no território, que possam ajudar a mitigar o vírus. Isto vai ajudar a que o ciclo seja mais seguro, e mais sustentável.

Este ano, vamos ter, ainda, um maior aliciante. Vai ser mais acessível. Já que a nossa fisionomia é composta por muitas pedras é importante que exista esta acessibilidade para todos. Em 2020, lançámos o nosso guia de percursos recicláveis, que teve o aliciante de ser acessível para a comunidade daltónica. Nós temos uma paleta de cores, que é uma entidade de cores, da qual somos parceiras, da colorhead, que ajuda os daltónicos a conhecer os percursos.

Aldeia Histórica de Belmonte via facebook ALDEIAS HISTÓRICAS DE PORTUGAL

(G.) – No presente ano, já existe alguma data para a realização do ciclo “12 em rede — Aldeias em Festa”? É necessário algum tipo de inscrição prévia?

(M.M.) – Neste momento, estamos a finalizar o calendário. Sentimos necessidade de ajustar alguns pormenores. Mas, até ao final do mês, já teremos uma data disponível, em todas as plataformas. O modelo mantém-se o mesmo. A questão do processo híbrido voltará a ser híbrido.

Aldeia Histórica de Castelo Mendo via facebook ALDEIAS HISTÓRICAS DE PORTUGAL

(G.) – O que gostavam, ainda, de alcançar com este projeto? A união a mais aldeias está nos vossos planos?

(M.M.) – Esta perspetiva, de que falávamos logo no início, de readequação do modelo de ação, para promover a segurança de todos, acaba por inviabilizar determinadas dinâmicas, que no seio das comunidades se consegue. Parece-me que é, de facto, uma grande aposta, e no próximo quadro estratégico essa linha mantém-se.  As indústrias culturais e criativas são uma linha estratégica que assumimos. Portanto, a manutenção está na nossa visão. De facto, a criação de novas técnicas de diálogo, entre artistas e comunidade residente é algo que queremos engrandecer ao longo das edições. Já estamos a adequar novas medidas, mas obviamente isto é um trabalho construído aos poucos.

Aldeia Histórica de Linhares da Beira via facebook ALDEIAS HISTÓRICAS DE PORTUGAL

Texto de Isabel Marques
Fotografia disponível via facebook ALDEIAS HISTÓRICAS DE PORTUGAL

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