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Opinião de Manuel Luar

Comer em Casa: Um dia feliz

Procura-se afanosamente um dia que nos encha as medidas, que nos tire a cabeça de…

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Procura-se afanosamente um dia que nos encha as medidas, que nos tire a cabeça de outras coisas, que nos faça agradecer aos deuses o termos nascido e estarmos ainda vivos e a mexer.

Ultimamente - e fruto dos tempos presentes - tenho tido bons episódios ao longo de um dia, mas intervalados por outros menos bons. E infelizmente parece que a sombra destes últimos acaba por ultrapassar a claridade dos outros. Porventura porque esta Primavera mais parece um duro Inverno, o que também não ajuda nada.

Vai daí pus-me a fantasiar: O que seria para mim o dia ideal?

Ora tomem lá disto:

Acordar ao lado de alguém que amamos e que nos corresponde, olhar para o relógio e verificar que estamos atrasados para o emprego, mas depois cairmos na realidade e lembrarmo-nos que se trata de um Sábado.

Nestas reviravoltas aproveitar a exceção da lei do isolamento e ir ao mercado abastecer a despensa.

Regressar a casa a tempo de pôr a assadeira com um pargo legítimo no forno. No frio já aguardam duas garrafas de Redoma Branco Reserva (seja de que ano for).

Almoçar principescamente.  Arrumar o estrago e vai de deitar olhares de carneiro mal morto à legítima para bem acomodar a sesta a dois.

Lá para as cinco da tarde pensar no jantar.  Mas antes, cocktails na sala exatamente como se estivéssemos no bar do velho Albatroz, a olhar para a baía.   Dry Martini, à moda do “007” - com 10 medidas de gin para uma de vermute seco, e com azeitona verde em vez da casquinha de limão. É de rigor pôr a tocar em fundo um dos grandes do Jazz. Por exemplo,  “I got lost in her arms” de  Winton Marsalis.

Para o Jantar uns “Rigatoni à Bolonhesa”.

Uma embalagem de Rigatoni de sêmola dura (500g) dá bem para 3 ou 4 pessoas. Mais uns 500g de carnes picadas, 3 salsichas também picadas. Queijo ralado - eu, que sou "sortudo" por comprar na Beira Alta diretamente aos pastores, guardo para ralar algum queijo da serra que não me esteja a saber tão bem. 

Precisamos ainda de molho de tomate e de um outro molho com base de azeitonas, ambos de marca conceituada.

Para cozer os Rigatoni basta deixar ferver a água com sal e um fio de azeite, e só depois deitar o conteúdo da embalagem. Esperamos 9 ou 10 minutos, 

 Ao lado passamos por um triturador 1cebola e 3 dentes de alho, mais as salsichas. E misturamos com a carne que se pediu para picar (2 vezes) no talho.

Leva-se ao lume a mistura em azeite e deixamos apurar, temperando com sal e um pouco de malagueta. Quase no fim deitamos um copito de bom vinho branco (ou moscatel de Setúbal) e o conteúdo de dois frascos de molho de tomate de boa qualidade para bolonhesa e de molho com azeitonas.

Pomos os Rigatoni num pyrex, deitamos por cima a mistura de carnes e molhos. Misturamos bem com uma colher. Salpica-se abundantemente de queijo ralado e vai assim ao forno uma meia hora.

O que se gastou ao almoço (com o pargo) poupa-se ao jantar. Não se chega a gastar mais de 15 euros com os Rigattoni.  Comem três ou quatro, e faz-se em 60 minutos...

Acompanhem com um tinto, Dão Quinta de Pinhanços Reserva de 2011 , ainda disponível nas melhores garrafeiras por cerca de 25 euros.

Depois de arrumar a cozinha é tempo de aconchegar os corpos num sofá. Fica para outro dia o prazer solitário que um grande livro nos proporciona, trocado desta vez por um bom filme ou uma boa série em melhor companhia.

Deixemos a magnífica e sóbria “Chernobyl” para outros dias melhores, dias de sol e de luz sem vírus nem contaminações.

Se já viram a 3ª temporada da “The Crown” (Netflix) recomendo que se aventurem pela Amazon (Prime Video) e que vejam “The Man in the High Castle”.

Antes de nos deitarmos reconforta pensar que amanhã é Domingo e que o cabrito já ficou temperado...

-Sobre Manuel Luar-

Manuel Luar é o pseudónimo de alguém que nasceu em Lisboa, a 31 de agosto de 1955, tendo concluído a Licenciatura em Organização e Gestão de Empresas, no ISCTE, em 1976. Foi Professor Auxiliar Convidado do ISCTE em Métodos Quantitativos de Gestão, entre 1977 e 2006. Colaborou em Mestrados, Pós-Graduações e Programas de Doutoramento no ISCTE e no IST. É diretor de Edições (livros) e de Emissões (selos) dos CTT, desde 1991, administrador executivo da Fundação Portuguesa das Comunicações em representação do Instituidor CTT e foi Chairman da Associação Mundial para o Desenvolvimento da Filatelia (ONU) desde 2006 e até 2012. A gastronomia e cozinha tradicional portuguesa são um dos seus interesses.  Editou centenas de selos postais sobre a Gastronomia de Portugal e ainda 11 livros bilingues escritos pelos maiores especialistas nesses assuntos. São mais de 2000 páginas e de 57 000 volumes vendidos, onde se divulgou por todo o mundo a arte da Gastronomia Portuguesa. Publica crónicas de crítica gastronómica e comentários relativos a estes temas no Gerador. Fez parte do corpo de júri da AHRESP – Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal – para selecionar os Prémios do Ano e colabora ativamente com a Federação das Confrarias Gastronómicas de Portugal para a organização do Dia Nacional da Gastronomia Portuguesa, desde a sua criação. É Comendador da Ordem de Mérito da República Italiana.

Texto de Manuel Luar
Ilustração de André Carrilho

As posições expressas pelas pessoas que escrevem as colunas de opinião são apenas da sua própria responsabilidade.

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