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Opinião de Manuel Luar

Comer em Fátima

Perto do Santuário de Fátima existe a localidade de Fátima, sede de freguesia no concelho…

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Perto do Santuário de Fátima existe a localidade de Fátima, sede de freguesia no concelho de Ourém.

Chegados ao largo da igreja (na muito convenientemente chamada Rua do Adro) encontramos o restaurante Tia Alice, inaugurado em 1988 e um dos mais importantes poisos gastronómicos da região centro do nosso país, para já não dizer de todo o retângulo.

Por ocasião das celebrações do centenário das aparições tivemos um grupo de vários operadores postais, de países onde a influência mariana é bem forte, connosco em Fátima para visitar o santuário, lançar uma emissão de selos conjunta e falar com vários responsáveis.

Era gente da Áustria, S. Marino, Itália, Alemanha, França e Polónia.

Como todas as reuniões e cerimónias se realizaram durante a manhã, por volta das 13,30h houve que dar de comer à comitiva.

Estava marcada a mesa para catorze pessoas no Tia Alice, e estava escolhida a ementa: morcela de arroz e presunto pata negra, arroz de robalo, e depois chanfana. Vinhos verdes da quinta do Soalheiro e tinto do Douro D. Berta Reserva 2011. Bolo de noz com chocolate e salada de frutas.

Se o arroz de robalo antes de entranhar já estranhou a alguns colegas, quando chegámos à chanfana houve vários pares de olhos mais esbugalhados. Até provarem…

O amigo Nuno, gerente, estava delirante com a companhia. Obviamente que não fomos num 13 de maio, e a casa estava bem composta, mas não a abarrotar, como acontecia aos fins de semana e dias de devoção especiais a Nossa Senhora.

E por estar bem satisfeito ainda deu a provar a quem mostrou ter “peito” para isso o “arroz à transmontana”.  Vinha numa caçoila e era bem malandrinho, ocultando dentro do pequeno tacho o feijão, as carnes de porco e de vaca e a farinheira de alto calibre.

Tomou-se café ou chá, desdenhou-se dos digestivos e veio a comitiva toda para o hotel de Lisboa a ensimesmar no autocarro (para não dizer outra coisa).

Quando falávamos entre nós dos pormenores do negócio e da visita a Fátima, a malta só me perguntava quando lá poderiam ir outra vez.

Mas lamento dizer que por detrás da pergunta não estava a vontade de rever o recinto sagrado.

Hereges.

-Sobre Manuel Luar-

Manuel Luar é o pseudónimo de alguém que nasceu em Lisboa, a 31 de agosto de 1955, tendo concluído a Licenciatura em Organização e Gestão de Empresas, no ISCTE, em 1976. Foi Professor Auxiliar Convidado do ISCTE em Métodos Quantitativos de Gestão, entre 1977 e 2006. Colaborou em Mestrados, Pós-Graduações e Programas de Doutoramento no ISCTE e no IST. É diretor de Edições (livros) e de Emissões (selos) dos CTT, desde 1991, administrador executivo da Fundação Portuguesa das Comunicações em representação do Instituidor CTT e foi Chairman da Associação Mundial para o Desenvolvimento da Filatelia (ONU) desde 2006 e até 2012. A gastronomia e cozinha tradicional portuguesa são um dos seus interesses.  Editou centenas de selos postais sobre a Gastronomia de Portugal e ainda 11 livros bilingues escritos pelos maiores especialistas nesses assuntos. São mais de 2000 páginas e de 57 000 volumes vendidos, onde se divulgou por todo o mundo a arte da Gastronomia Portuguesa. Publica crónicas de crítica gastronómica e comentários relativos a estes temas no Gerador. Fez parte do corpo de júri da AHRESP – Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal – para selecionar os Prémios do Ano e colabora ativamente com a Federação das Confrarias Gastronómicas de Portugal para a organização do Dia Nacional da Gastronomia Portuguesa, desde a sua criação. É Comendador da Ordem de Mérito da República Italiana.

Texto de Manuel Luar
Ilustração de André Carrilho

As posições expressas pelas pessoas que escrevem as colunas de opinião são apenas da sua própria responsabilidade.

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