A terceira edição da Anozero’19, a bienal de artes visuais de Coimbra, está a chegar ao fim e é num momento de contagem decrescente que te falamos melhor sobre três dos dez espaços expositivos que acolhem o evento este ano e que podes visitar até ao dia 27.
Se ainda não traçaste planos para o intervalo entre o Natal e a passagem de ano uma visita a Coimbra pode ser uma boa ideia, uma vez que só vais poder experienciar a bienal daqui a dois anos. Com um total de 39 artistas a compor esta edição, a bienal chegou com o tema “A Terceira Margem”, nome do conto do autor brasileiro João Guimarães Rosa, com curadoria-geral de Agnaldo Farias e curadoria-adjunta de Lígia Afonso e Nuno de Brito Rocha.
Os artistas portugueses são nomes que soam em qualquer parte do país - entre eles João Maria Gusmão e Pedro Paiva, Luís Lázaro Matos, João Gabriel e Mariana Caló -, mas os espaços podem ser um convite duplo a quem quer visitar a cidade e ainda não a conhece bem. O Convento de Santa Clara-a-Nova, o Convento São Francisco, o Museu da Ciência ( com o Laboratório Chimico e a Galeria de História Natural e Gabinete de Física), o Círculo Sereia, o Círculo Sede, o Colégio das Artes, o Edifício Chiado, a Sala da Cidade e as Galerias Avenida dão, até ao dia 29, a conhecer o património de Coimbra sob outros olhares.
Entre o mais antigo e o mais recente, hoje falamos-te da história do Convento São Francisco, do Circulo e das Galerias Avenida.
Convento São Francisco
O início da construção do Convento de São Francisco data de 1602. Sete anos depois foi ocupado por frades franciscanos e foi modificando a utilidade que serviu - de hospital a quartel e, mais tarde, a unidade fabril têxtil. De seu nome Fábrica de Laníficios de Santa Clara, a unidade manteve-se ativa de 1888 até ao século seguinte e, devido às necessidades da fábrica, foi descaracterizando o edifício inicialmente pensado para fins conventuais e eclesiásticos.
No ano de 1986 foi adquirido pela Câmara Municipal de Coimbra, que o recuperou, e quando pronto assume a função de Centro Cultural e de Congressos, num projeto da autoria de João Luís Carrilho da Graça. Em 2015 iniciou-se a obra de recuperação da antiga igreja que em 1996 regressara “à posse da Diocese de Coimbra”, mas foi entregue à Câmara Municipal de Coimbra em 2009, conforme indica o site da Anozero.
O Convento São Francisco reabriu ao público em abril de 2016 e desde então tem sido o espaço de eleição para artistas apresentarem espetáculos, concertos e outras manifestações artísticas na cidade de Coimbra.
Circulo (Sede)
A sede do Circulo é, provavelmente, um dos espaços com maior valor simbólico para o total que compõe a bienal. Situado junto às Escadas Monumentais, foi “um espaço fundador para a experiência e para os múltiplos modos de ser que caracterizaram os sessenta anos de vida do CAPC”.
Inicialmente a residência de uma família burguesa, o prédio transformou-se no espaço unificador e de experimentação que abriu portas a artistas que marcaram uma geração. Júlia Saldanha, Ernesto de Sousa, Alberto Carneiro, Ângelo de Sousa, Julião Sarmento, Pedro Cabrita Reis, Rui Chafes e Miguel Palma são apenas alguns deles.
A bienal caracteriza-o como um “espaço de enorme abertura conceptual, propício à reflexão e ao nativismo artístico”, que se reflete na vida e obra de Túlia Saldanha, por exemplo.
Até ao dia 26 de dezembro a sede do Círculo é a casa das obras de Susan Hiller e Anna Boghiguian e pode ser visitada entre as 10h00 e as 18h00.
Galerias Avenida
Após a demolição do Teatro Avenida foram mandadas construir, na década de 80, as Galerias Avenida. “Um marco irónico da arquitetura, cultura e comércio da cidade de Coimbra” - assim as descreve a Anozero. Como as restantes superfícies comerciais inseridas em galerias, foram perdendo a força no início dos anos 2000, com a entra das grandes superfícies comerciais.
Ainda assim, mantêm um papel ativo não só na memória mas também na divulgação cultural e possuem salas de exibição que ainda estão devidamente equipadas. A Sala 2, ocupada pela Anozero, abre-se no dia 28 de dezembro pelas 11h00 para abrir as portas a uma viagem na obra da artista e cineasta Lynn Hershman Leeson.
Até ao dia 28 de dezembro há ainda muito para conhecer, performances e filmes para ver e um espaço de reflexão para encontrar na Bienal de Coimbra. Podes saber mais sobre as atividades com as quais ainda vais a tempo de te cruzar, aqui.