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Cooperação internacional. Está a minha organização preparada para trabalhar internacionalmente?

Tal como ocorreu no Erasmus+ e no Horizonte Europa, no passado dia 20 de maio…

Opinião de Francisco Cipriano

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Tal como ocorreu no Erasmus+ e no Horizonte Europa, no passado dia 20 de maio foi publicado em Jornal Oficial da União Europeia o Regulamento Programa Europeu Europa Criativa 2021-2027. Como anunciado, foi adotado o plano de trabalho para 2021 do novo Programa. A divulgação do programa de trabalho permite perceber o enquadramento geral do Europa Criativa, bem como as características essenciais das diferentes vertentes de financiamento, que têm como objetivos gerais a salvaguarda, o desenvolvimento e a promoção da diversidade e do património culturais e linguísticos europeus, bem como aumentar a competitividade e o potencial económico dos setores culturais e criativos, nomeadamente do setor audiovisual.

As publicações dos vários avisos nas diferentes linhas de financiamento completarão o leque de documentos que termos de conhecer para apresentar novos projetos culturais a financiamento europeu. Mas a questão é também! Está a minha organização preparada para trabalhar internacionalmente?

Trabalhar internacionalmente é no fundamental um exercício de partilha e de aprendizagem mútua. Nos últimos tempos, durante a crise pandémica, a partilha de recursos provou ser essencial para ajudar as entidades culturais a continuar a oferecer serviços ao seu público mais fiel mesmo com as portas encerradas.

Antes do grande passo é, porventura, útil pensar nos benefícios da cooperação internacional para as organizações culturais. Com ou sem fundos comunitários, há uma variedade de maneiras das instituições e dos agentes culturais estarem ativos em parcerias internacionais. Estar envolvido em projetos de pesquisa internacionais nas suas áreas criativas; colaborar com as indústrias criativas para desenvolver novos produtos ou serviços, simplesmente promover e organizar eventos internacionais e exposições itinerantes ou ser um pouco mais ambicioso e experimentar novos modelos de negócios ou maneiras de se dirigir ao público. Cada organização terá certamente as suas motivações.

Dependendo da natureza do projeto, dos seus objetivos e do papel desempenhado pela entidade cultural, os benefícios decorrentes da cooperação internacional podem ir desde o exercício de comparação das práticas internas com as melhores práticas desenvolvidas nos outros países, com o objetivo de obter uma visão das práticas experimentadas e testadas noutros países ou noutros setores para adaptá-los ao da instituição cultural, passando pela necessidade de elevar o perfil da instituição local, nacional e internacionalmente, tornando-se parte de redes ou de comunidades internacionais e, claro, desenvolver novos públicos e gerar novos produtos e serviços.

Todas as razões são válidas, já que a troca de práticas e o partilha de know-how sobre como envolver o público digitalmente, por exemplo, mostrou mais uma vez que a cooperação internacional é muito importante para chegar à audiência local e fiel a um determinado produto cultural. Contudo, este não dever um ato irrefletido ou uma ação tomada por impulso.

As entidades culturais interessadas ​​em desenvolver projetos de cooperação internacional devem, em primeiro lugar, realizar uma breve verificação organizacional, certificando-se de que trabalhar internacionalmente é algo que se encaixa na estratégia geral da organização e que tal é apoiado por quem tomas as decisões, designadamente, conselhos de administração, sócios ou diretores. Por exemplo, é importante saber se a organização desenvolveu uma estratégia internacional e como esta se encaixa na visão, missão e objetivos estratégicos da organização.

Tem a entidade cultural necessidades ou problemas específicos que poderiam ser abordados e/ou resolvidos de forma mais eficaz se por meio de projetos de cooperação internacional? Não menos importante é a viabilidade da sua concretização. Neste sentido, importa avaliar se existem contactos internacionais ou redes internacionais já estabelecidos na entidade ou oportunidades para estabelecer tais contactos via parceiros de projetos anteriores, redes formais ou informais, fóruns de trabalho, plataformas, etc. que permitam encontrar parceiros potenciais para novas iniciativas.

Já se em causa estiver um programa europeu, importa ainda refletir sobre a existência de uma relação prévia com aquele ou outro instrumento de financiamento europeu e se as atividades programadas correspondem com as prioridades dos programas europeus de financiamento em vista ou mesmo com as agendas da UE em diferentes áreas de interesse para a organização. Se a tudo isto a resposta for afirmativa, fará sentido apenas garantir que há funcionários designados para essas atividades e que estes estão apropriadamente formados, incluindo do ponto de vista linguístico. Por vezes o difícil é começar. Mas nada como começar começando.

Ter e alimentar uma rede de contactos é essencial e muitas vezes um pré-requisito para trabalhar internacionalmente. Por vezes esta rede está muito mais próxima do que julgamos. Algumas dicas para reflexão interna sobre como encontrar os novos parceiros internacionais. A organização já é membro de uma rede internacional? Existem eventos na área, como festivais, aniversários, etc., que poderia fornecer um ímpeto para a colaboração internacional? É a vila ou cidade onde a entidade cultural está localizada geminada com uma vila / cidade em outro país? Existem organizações na área com experiência adquirida em financiamento europeu com quem se poderiam aconselhar sobre novas oportunidades ou de financiamento?

Os projetos de cooperação funcionam melhor quando se baseiam em contactos e relacionamentos pré-existentes, com base em conhecimento e respeito, valores partilhados e objetivos futuros comuns. Outra mensagem para os iniciados muito relevante é a de que a cooperação internacional não precisa começar grande. Na verdade, é exatamente o contrário. É possível começar por participar em conferências e workshops internacionais (até online) ou participar em visitas de estudo ou em programas de trocas de pessoal que nos permitam iniciar o processo de construção da nossa rede. Também é possível, diria mesmo, desejável, começar por ser um parceiro menor ou um parceiro associado num projeto financiado pela UE. Neste caso, a organização cultural, embora seja parte de um consórcio internacional, não tem de ser responsável por nenhuma atividade fundamental do projeto, e não terá a necessidade de gerir avolumados montantes de financiamento, podendo até ter apenas uma atividade simbólica, relativa à cedência de um espaço, por exemplo, o que não lhe retira nenhum capital de experiência em todo o processo.

Ideias de projetos e a intenção de colaborar internacionalmente surgem com muita frequência durante encontros informais, num café, durante um intervalo de uma conferência ou numa viagem de trabalho quando as circunstâncias encorajam o diálogo e o pensamento criativo. Mais do que desenvolver uma ideia de projeto e importante mapeá-la de acordo com a nossa própria organização. A inexperiência não deve ser um fator impeditivo, deve antes ser um motor de realismo que nos conduza a dar os passos certos e sólidos na direção correta.

-Sobre Francisco Cipriano-

Nasceu a 20 de maio de 1969, possui grau de mestre em Geografia e Planeamento Regional e Local. A sua vida profissional está ligada à gestão dos fundos comunitários em Portugal e de projetos de cooperação internacional, na Administração Pública Portuguesa, na Comissão Europeia e atualmente na Fundação Calouste Gulbenkian. É ainda o impulsionador do projeto Laboratório de Candidaturas, Fundos Europeus para a Arte, Cultura e Criatividade, um espaço de confluência de ideias e pessoas em torno  das principais iniciativas de financiamento europeu para o setor cultural. Para além disso é homem para muitas atividades: publicidade, escrita, fotografia, viagens. Apaixonado pelo surf vê̂ nas ondas uma forma de libertação e um momento único de harmonia entre o homem e a natureza. É co-autor do primeiro guia nacional de surf, Portugal Surf Guide e host no documentário Movement, a journey into Creative Lives. O Francisco Cipriano é responsável pelo curso Fundos Europeus para as Artes e Cultura – Da ideia ao projeto que pretende proporcionar motivação, conhecimento e capacidade de detetar oportunidades de financiamento para projetos artísticos e culturais facilitando o acesso à informação e o conhecimento sobre os potenciais instrumentos de financiamento.

Texto de Francisco Cipriano
Fotografia da cortesia de Francisco Cipriano

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