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Crise climática: “se não for isto que tem a capacidade de nos unir, não sei o que mais poderá”

A comunidade científica anda a avisar há décadas, mas foi o ano de 2019 que ficou marcado pelo despertar do mundo para a gravidade da crise climática. Greta Thunberg, o movimento estudantil que inspirou e os ativistas da Extinction Rebellion foram essenciais para esta chamada para a ação global. A crise climática é a maior crise do nosso tempo (ou até mesmo a maior que a humanidade já enfrentou), mas o mundo tem vindo a enfrentar crises sem precedentes desde 2020, e é fácil deixar o clima passar para segundo plano quando as dificuldades estão por toda a parte.

Texto de Redação

© Sofia Matos Silva

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Com confinamentos gerais e o cancelamento de todos os eventos, as ondas de manifestantes pelo clima que inundaram as ruas das cidades durante 2019 desapareceram da noite para o dia. As marés não param, e os ativistas também não; o movimento perdeu algum fôlego, mas nos finais de 2020 e por 2021 dentro já estava de volta às ruas. Três anos depois das maiores manifestações pelo clima de sempre e com a COP27 (Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas) a decorrer no Egito, como está a luta pela justiça climática? Num mundo a caminho do colapso, esta luta importa mais do que nunca.

Em janeiro, o Relógio do Apocalipse manteve-se nos 100 segundos para a meia-noite, mas é provável que o ponteiro avance em janeiro do próximo ano. A guerra na Ucrânia e a ameaça nuclear constante serão, sem dúvida, fulcrais nesta decisão, bem como a crise económica geral de um mundo pós (ou talvez não ainda tão pós) covid-19, mas as alterações climáticas vão ser decisivas. Os fenómenos climáticos extremos já atingem todas as partes do globo, com recordes de temperatura sucessivos e incêndios, secas, inundações e tempestades destrutivas. “E os compromissos climáticos globais e nacionais estão a ficar lamentavelmente aquém”, como apontou António Guterres — Secretário-Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) — na mensagem que acompanhou o relatório do UNEP (Programa das Nações Unidas para o Ambiente) de 27 de outubro.

Os relatórios da UNFCCC (Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas) e do UNEP que precederam o início dos trabalhos na COP27 não são nada positivos. Ambos referem que os esforços de redução de emissões continuam a ser tudo menos suficientes, e que meta tão sonhada de limitação da subida global de temperatura a 1,5ºC (graus Celsius), prometida no Acordo de Paris, não passará disso mesmo, de apenas um sonho, arriscando-se a humanidade a assistir a uma subida global da temperatura de 2,5ºC até 2100 (sendo que as previsões apontam para uma estimativa no intervalo de 2,1 a 2,9).

Simon Stiell, secretário executivo da UNFCCC, avisa em comunicado que a “tendência de queda nas emissões esperada para 2030 mostra que as nações fizeram algum progresso este ano”, mas que “a ciência é clara, assim como nossas metas climáticas sob o Acordo de Paris. Ainda não estamos nem perto da escala e do ritmo das reduções de emissões necessárias para nos colocar no caminho de um mundo de 1,5 graus Celsius. Para manter esse objetivo vivo, os governos nacionais precisam de fortalecer os seus planos de ação climática agora e implementá-los nos próximos oito anos”.

Teresa Santos, da Scientist Rebellion, comenta que o relatório acabou “por bater em grande parte com aquilo que os vários grupos de desobediência civil dizem e pedem, que é admitir que o 1.5ºC está morto. Ou seja, que as crises climática e ecológica vão ser muito mais fortes do que aquilo que foi prometido pelos governantes a nível internacional. E a partir do momento em que as próprias Nações Unidas admitem isto, está mais do que na altura de os governos começarem a ouvir a ciência e a atuar em conformidade com ela o mais rapidamente possível, em vez de continuarem apenas a falar e a proteger lobbies e os interesses económicos de determinadas empresas”.

Um mundo com uma subida de 2,5ºC torna diversos territórios perto de inabitáveis, mas as medidas para o impedir são do conhecimento público há muito tempo. Afinal, os ativistas pela justiça climática andam a anunciá-las recorrendo a todos os meios possíveis e imaginários — discursos em convenções, cartas de exigências a governos, artigos de opinião nos meios de comunicação, livros, documentários, todas as redes sociais, manifestações com milhões de participantes, bloqueio de todo o tipo de infraestruturas (desde estradas e pontes a edifícios governamentais, sedes de empresas associadas a combustíveis fósseis, bancos), faixas em autoestradas, grafitis e cartazes espalhados pelos muros das cidades, invasões de desfiles de moda ou de eventos políticos, ataques a obras de arte, die-ins (forma de protesto em que os participantes simulam estar mortos) massivos. Os exemplos são infindáveis.

O movimento de movimentos, e outros movimentos

Grande parte destes métodos são usados pela Extinction Rebellion, que foi fundada no Reino Unido, em 2018, por Gail Bradbrook, Roger Hallam, Simon Bramwell e oito outros membros do grupo de campanha Rising Up!. A Extinction Rebellion (ou XR) é um movimento internacional descentralizado e sem afiliação político-partidária que usa a desobediência civil não violenta (na forma de ações diretas) para pressionar governos a responder de forma justa à emergência climática e ecológica, tentando interromper as extinções em massa e minimizar o risco de colapso social. “O movimento conseguiu engajar pessoas de todas as idades e teve um crescimento enorme, e esse crescimento assentou na capacidade que a XR teve de fazer quatro exigências ou reivindicações – inicialmente eram três, depois acrescentou-se mais uma — muito claras”, explica Cheila Rodrigues em entrevista ao Gerador.

  • “Número um: dizer a verdade e agir de acordo com a verdade, declarando emergência climática e ecológica. Isto é mais direcionado a governos e à imprensa em geral, que, a nosso ver, não estão a responder à crise ecológica e ao nível de gravidade que ela tem.”
  • “Número dois: neutralidade carbónica para 2025 — e esta parte já temos noção de que está praticamente perdida — e parar com a perda de biodiversidade, o que para nós, na XR, é um ponto muito importante, uma vez que sentimos que muitas das mudanças estruturais que estão a ser anunciadas pelos governos e pela União Europeia não respeitam este ponto. O que vemos é que o capitalismo se está a tentar reorganizar rapidamente tendo em conta o cenário de crise ecológica, de forma a tentar prolongar-se no tempo para lá do que é possível. E o que temos visto a vir dos gabinetes passa muito pelo greenwashing — estamos a ser bombardeados com soluções que não são soluções nenhumas, com opções por medidas altamente extrativistas e destruidoras para a natureza.”
  • “Número três: adoção de políticas de maior proximidade, nomeadamente de assembleias de cidadãos, que devem representar uma amostra real da sociedade (ou seja, além de apenas uma representação de partidos). A esta amostra vai ser disponibilizada toda a informação de todos os lados possíveis de cada questão — neste caso, a crise ecológica – e tomará decisões de acordo com essas informações. Nós acreditamos que isto é o que faz mais sentido a nível democrático, até porque não confiamos que o sistema que conduziu a situação até agora (principalmente nos últimos trinta anos) seja capaz de assumir e tomar as decisões difíceis que têm de ser tomadas.”
  • “Número quatro: todos estes processos devem ter em conta a interseccionalidade. Devemos ter em conta que estamos a tentar nivelar desequilíbrios que são bastante antigos, que envolvem o patriarcado, o colonialismo, o racismo, e, então, quando estamos a fazer esta amostra e quando estamos a tomar decisões, temos obviamente de nos lembrar de quem já é afetado pela falta de democracia, ou pelos efeitos das alterações climáticas. São precisas políticas que pensem também nas dívidas públicas: existe agora toda uma secção da XR a nível internacional que está dedicada às dívidas dos países do Sul global. Dito de outra forma, esta adenda acrescentou-se às reivindicações da XR para se tentar criar uma maior justiça (o que chamamos transição justa). Esta quarta revindicação foi uma iniciativa da XR dos Estados Unidos, que depois foi aprovada pela XR a nível internacional.”

Para lá das exigências, o movimento rege-se por dez princípios — “1. Temos uma visão partilhada de mudança. 2. Concentramos a nossa missão naquilo que é necessário. 3. Precisamos de uma cultura regenerativa. 4. Desafiamo-nos a nós próprios e o sistema tóxico. 5. Valorizamos a reflexão e a aprendizagem. 6. Todos são bem-vindos, em todos os aspetos. 7. Reduzimos ativamente estruturas de poder. 8. Evitamos culpar e envergonhar. 9. Somos uma rede não violenta. 10. Baseamo-nos em autonomia e descentralização.” A ativista refere que os dez princípios são o que dá “uma garantia e confiança adicional a muita gente para se juntar ao movimento”. Destes, destaca que “temos uma visão partilhada do que será esta mudança estrutural e acreditamos em sistemas regenerativos — e isto é muito importante, porque temos uma proposta alternativa de mundo e não fugimos à adaptação profunda; não apontamos dedos a pessoas individuais, porque percebemos que a questão é sistémica e que precisa de intervenção sistémica; acreditamos que nascemos num sistema tóxico, logo as respostas têm de ser de cuidado e de empatia”.

Qualquer pessoa ou grupo se pode organizar de forma autónoma e agir em nome da XR: “claro que a XR é um movimento bastante amplo, logo, existem inúmeros grupos que trabalham com total autonomia, mas o que faz de cada célula parte do corpo que é a XR é mesmo o respeito por estes princípios que norteiam a nossa ação”. São disponibilizados todo o tipo de conteúdos nas plataformas da XR, desde o logótipo do movimento até modelos de cartazes, guias informativos ou instruções sobre como criar um ramo. O movimento também já publicou vários manuais e guias; o principal é This Is Not A Drill: An Extinction Rebellion Handbook, livro de 2019 que reúne 35 textos escritos por fundadores da XR, cientistas, ativistas, economistas e políticos.

Desde o lançamento público da sua “Declaration of Rebellion [Declaração de Rebelião] que a Extinction Rebellion se destacou imediatamente pela sua eficácia de organização e concretização, a sua capacidade rápida de mobilização e a força visual dos seus símbolos e das próprias ações. O movimento cresceu de forma instantânea, com as primeiras ações a juntarem milhares de ‘rebeldes’ nas ruas de Londres e a provocar dezenas de detenções. No ano seguinte, já estava espalhado pelo mundo inteiro (neste momento, a base de dados de ramos da XR apresenta 1179 grupos locais em 85 países).

Embora o seja noutros países, a Extinction Rebellion não é atualmente o grupo com maior atividade em Portugal. O ramo português do movimento foi fundado logo em 2018, com tentativas de o estabelecer a nível nacional e grupos locais em cidades como Lisboa, Porto, Coimbra ou Guimarães. As bandeiras em representação da XR foram sendo vistas nas Greves Climáticas e o movimento foi organizando várias séries de sessões de esclarecimento (as XR Talks). As ações diretas também foram proliferando, com estradas cortadas e múltiplos die-ins. No final de 2022, no entanto, “não estamos ativos como gostaríamos de estar”. “Estamos numa fase de reestruturação de pós-pandemia”, esclarece Cheila. “Algumas pessoas saíram para o estrangeiro, também, então, neste momento, somos um grupo mais pequeno. Temos refletido no que somos enquanto coletivo e no caminho que queremos seguir, enquanto vamos dando apoio a ações organizadas por outros coletivos e formações. À semelhança dos companheiros de outros países, estamos a tentar ser uma espécie de guarda-chuva onde várias organizações possam conversar entre si e pedir apoio.”

Há outros movimentos que continuam a resistir. A Scientist Rebellion (SR), uma espécie de movimento irmão da Extinction Rebellion (a SR trabalha no âmbito da XR e subscreve os seus princípios), foi estabelecida internacionalmente em 2021. Os seus membros pertencem à comunidade científica e distinguem-se pelas batas brancas que usam. A sua “Carta de Exigências” já foi assinada por mais de 500 cientistas de 42 países, incluindo cientistas do IPCC (Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas das Nações Unidas). Os métodos de atuação da SR são semelhantes aos da XR (com a adoção de algumas novas formas de organização), partilhando a organização descentralizada, a desobediência civil não violenta e a disponibilização de todo o tipo de materiais online — listas de leitura, formações, todos os elementos visuais do movimento e instruções detalhadas de como proceder para levar a cabo diversos tipos de ações diretas.

“A crise climática é o maior problema que a humanidade já enfrentou e combatê-la requer a maior mobilização da história. Nenhum país sozinho pode fazer o suficiente: a revolta deve ser global, e os cientistas – internacionalmente associados e conectados – estão numa posição melhor para a liderar do que quase qualquer outro grupo”, escrevem. “E enquanto Scientist Rebellion”, diz Teresa Santos em entrevista ao Gerador, “a nossa preocupação, de momento, é mesmo que os governos admitam que falharam. Porque a partir do momento em que admitem que falharam, são obrigados a fazer alguma coisa”.

O Climáximo já existia muito antes de a Extinction Rebellion e a Scientist Rebellion terem começado a sair às ruas, e os seus membros são atualmente dos com maior atividade de desobediência civil em Portugal. João Costa explica em entrevista ao Gerador que são “um coletivo de pessoas sem voluntários nem chefes, porque somos todos voluntários e chefes. Funcionamos de uma maneira horizontal e qualquer pessoa se pode juntar. Em termos mais ideológicos e políticos, somos um coletivo que luta pela justiça climática – e como acreditamos que está tudo interligado, também nos definimos como anticapitalistas”, desenvolve. Tal como a XR, o Climáximo também aposta muito na formação – tanto dos próprios membros como do público em geral.

A força da Greve Climática Estudantil (GCE) está nos seus números. Começou em agosto de 2018, quando uma jovem sueca de 15 anos se recusou a ir às aulas e se sentou sozinha em frente ao Parlamento com um cartaz onde se lia Skolstrejk för klimatet. Pouco mais de um ano depois, o movimento começado por Greta Thunberg atingiu uma mobilização pelo clima sem precedentes, com mais de 4 milhões de pessoas de 150 países a saírem à rua na Greve Climática Global de setembro de 2019. Os jovens portugueses também se incluíram nesses números: calcula-se que 30 mil se terão juntado às manifestações em 30 cidades do país.  E a greve continua — todas as sextas-feiras são dias de greve estudantil, as Fridays for Future —, mas os jovens ativistas também já se começaram a mobilizar em ações de desobediência civil não violenta.

Já a ZERO - Associação Sistema Terrestre Sustentável nasceu em Portugal em 2015 e tem uma atuação completamente diferente. “Somos uma ONG de âmbito nacional, e acabamos por ter uma intervenção mais formal e institucional do que propriamente os movimentos e coletivos”, diz Maria Santos em entrevista ao Gerador. “O propósito para o qual trabalhamos é o de influenciar políticas públicas – influenciar no sentido de acompanhar tendo os interesses da sociedade civil em mente – e de integrar a sustentabilidade como algo estruturante na sociedade.” De todas as organizações referidas, a ZERO é a que funciona mais dentro dos limites do sistema. Reúnem com governantes, acompanham os grandes eventos internacionais sobre a crise climática (como a COP27, da qual estão a fazer balanços diários), escrevem artigos de opinião, fazem palestras em escolas e conferências e desenvolvem amplas campanhas de comunicação sobre os mais variados temas da atualidade ambiental (recorrendo às redes sociais, a infografias, aos media, à divulgação de comunicados). Desta forma, Maria explica que quando tentam “fazer passar mensagens ou desconstruir políticas”, é muito importante “fazê-lo de um ponto de vista em que a sociedade civil também consiga ser empoderada a acompanhar estes temas, e que desenvolva interesse em continuar a acompanhá-los”.

O impacto da pandemia e das crises atuais

2019 foi um ano de protesto global a todos os níveis. Poucas foram as grandes cidades que escaparam aos mares de manifestantes, com contestação social em zonas como França, Hong Kong, Líbano, Chile ou Brasil pelos mais variados motivos. A pandemia da covid-19 provocou uma interrupção abruta; alguns movimentos conseguiram reorganizar-se, adaptar-se temporariamente à realidade online e regressar gradualmente às ruas quando voltou a ser seguro fazê-lo, mas, para muitos outros, 2020 foi mesmo o fim. Cheila Rodrigues diz que “é inegável que há coletivos que se separaram, outros que estão adormecidos, outros que continuam em paralelo embora mantenham os métodos da XR”.

Em entrevista ao Gerador, Ana Carvalho, da GCE Portugal, admite que “a pandemia foi uma grande pausa e a luta pela justiça climática perdeu um pouco aquele momentum que teve com a Greta”. “O movimento estava a ficar mais organizado e a crescer exponencialmente”, continua, “e agora é quase como se estivesse a haver um renascimento pós-pandemia. 2020 foi um ano em que acabou mesmo por se parar, ficou tudo muito limitado em relação ao que se podia fazer; em 2021, conseguiu voltar-se mais em força, e, agora em 2022, estamos a continuar e esperamos que essa força continue, que cada vez mais pessoas se juntem e se organizem para fazer ações”.

Embora as infeções, internamentos e mortes tenham diminuído, as consequências da covid-19 ainda se sentem. A crise económica a nível global marca a atualidade, bem como as guerras, as migrações de refugiados e a sensação de instabilidade geral. “O debate da justiça climática passou para segundo plano, mas precisa de voltar a estar no primeiro plano”, defende a ativista da GCE. A colega ativista da SR Portugal partilha desta opinião. “Sinceramente, é bastante frustrante, até porque enquanto cientista é muito difícil perceber como é que há uma compartimentalização tão vincada destes tópicos todos, quando estão intrinsecamente ligados e se alimentam uns aos outros”, diz Teresa Santos. “A própria pandemia vem, em parte, como resultado da crise climática e ecológica, estamos a ter problemas de saúde a vários níveis que vêm como resultado desta crise, desde doenças como a covid-19 (e já se prevê que haja cada vez mais pandemias num futuro bastante próximo), quer a nível de problemas respiratórios causados pela poluição, quer doenças do foro psiquiátrico. E, por outro lado, devido às temperaturas altíssimas, estamos a ter uma produção agrícola muito abaixo do que é normal, o que acaba também por desembocar em problemas de saúde como a malnutrição e no aumento do custo de vida”, desenvolve. “Enquanto não se tratar desta grande maleita que é a crise climática e ecológica, tudo o resto vai continuar a propagar-se e a piorar.”

Uma nova era de desobediência civil não violenta

“Chegou-se ao ponto da desobediência civil porque todos os outros métodos falharam”, afirma Teresa Santos. “Enquanto cientistas, temos utilizado todos os meios ‘normais’, desde falar diretamente com políticos e com empresários, a publicar artigos científicos, a organizar conferências e por aí fora. Mas, apesar de haver todos esses esforços, acabamos por ser constantemente ignorados. Olhando puramente para os factos, de acordo com as projeções e com o caminho que está a ser levado pelos vários governos um pouco por todo o mundo, não será possível manter o Acordo de Paris de aquecimento médio global de 1.5ºC. De todo. A partir daí, somos obrigados a agir, e se os métodos que já estão a ser utilizados há décadas não funcionam, temos de nos virar para outros métodos”. As ‘rebeldes’ dos movimentos irmãos estão em sintonia: Cheila Rodrigues refere que os ativistas estavam “cansados de marchas e de petições, e de absolutamente nada mudar. E a XR consegue agregar todas essas pessoas que estão nesse ponto de frustração por nada acontecer, por essa inação que estamos a ver desde que nascemos”.

Mas o que é a desobediência civil não violenta? “É quebrar a lei dando a cara, é dizer ‘eu não quero fazer isto, preferia estar a fazer outra coisa qualquer, não quero ter de quebrar a lei nem sou uma criminosa, mas vejo-me forçada a fazer isto devido a X – no nosso caso, a crise ecológica”, resume Cheila, e Teresa acrescenta que parece ser algo assustador, mas não tem de o ser. “A desobediência civil não violenta é apenas algo tão simples como não fazer aquilo que é esperado de nós no dia a dia”, desenvolve a cientista, exemplificando que desobediência civil pode ser “dar uma palestra no meio de uma praça sem pedir autorização prévia” ou “decidir fugir ao programa definido e dar uma aula sobre alterações climáticas”. A colega da XR também lembra este facto, referindo que “todos os papéis são importantes, desde cozinhar refeições durante ações mais longas até coser bandeiras e pintar cartazes”. “Nós não achamos que todos os ativistas têm de ser ativistas de primeira linha de corpo de bloqueio”, ou estarem prontos para se colarem às paredes de ministérios ou lhes atirarem com “sangue falso e petróleo falso”, como exemplifica Teresa. “Há vários graus do que pode ser feito e tudo depende daquilo com que a pessoa está confortável.”

A estratégia destes movimentos assenta na tentativa de “criar simpatia no público que nunca se vai levantar do sofá e que nunca vai tomar essas ações mais arriscadas”, elucida Cheila, bem como “criar uma capacidade massa crítica que esteja do lado de quem está a tomar os riscos e a dar o corpo ao manifesto”. Não se espera que toda a gente escolha levar a cabo ações de desobediência civil; quando a XR estava a ser pensada e planeada, foram feitos estudos “para se tentar perceber o que seria necessário para mudanças efetivas e estruturais a nível social”. O que era necessário, concluiu-se, era desobediência civil e ações diretas não violentas por parte de 3,5% das populações. Tanto Cheila como Teresa recordam que já se provou em diversos momentos na história que a desobediência civil não violenta funciona, dando os exemplos das sufragistas, do movimento dos direitos civis nos Estados Unidos com Martin Luther King Jr., Rosa Parks e os Freedom Riders, e do movimento de independência da Índia com Mahatma Gandhi. A XR toma “a decisão de seguir os passos dessas figuras, porque estamos a viver o concluir de uma civilização – quer por termos tido a capacidade de reorganizar as atividades humanas, ou por simplesmente não termos tido a capacidade de mudar a tempo. Estamos a assistir ao tempo mais importante a nível planetário e humano, e sabemos de que lado da história é que estamos”.

Adicionalmente, Cheila lembra que o direito à resistência “é um direito que está consagrado na Constituição Portuguesa e que está acima das leis vão fazer com que nos detenham ao fazermos uma ação”. “Agora, claro, nenhuma ação que seja efetivamente disruptiva vai ter a simpatia de toda a gente. É impossível fazer este tipo de ação e posicionarmos desta forma e acharmos que toda a gente vai estar de acordo com o que estamos a fazer e com como o estamos a fazer. Há sempre uma tentativa de curadoria do que é que é o protesto e do que é legítimo ou não fazer por parte de quem está de fora. E também é importante sublinhar que infelizmente é muito difícil criar disrupção apenas para as elites.”

“Claro que sabíamos que ia haver um backlash muito grande contra nós”, continua, “porque quando as pessoas sabem do modus operandis do movimento, muita gente olha para nós e diz ‘sim, concordo com o que vocês estão a defender nos protestos, mas assim não’. Passar o limite da legalidade, para muita gente, é algo que é impensável, mas para muitos de nós era o que fazia sentido”. As ações massivas ou as publicity stunts são as que conseguem mais atenção e que “põem toda a gente a falar do assunto”; o ideal é “ter a maior visibilidade possível com o menor esforço possível”, até porque quase tudo o que fazem depende do “próprio tempo, esforço e bolso”.

As detenções já são habituais — os fundadores da XR até defendiam que estas eram essenciais (principalmente Hallam, que entretanto se desvinculou do movimento), porque só com centenas ou milhares de ativistas a serem detidos se conseguia causar uma disrupção tal que forçasse governantes a agir. Teresa Santos conta que foi detida numa das ações que a SR tem desenvolvido na Alemanha, e “só o processo de detenção já é completamente assustador”. Mas, ainda assim, “pondo as coisas na balança, mais vale ter medo enquanto se está a realizar uma ação destas do que a própria possibilidade de um colapso da humanidade e do sistema ecológico. Sei que os cientistas que foram, de facto, para a prisão estavam cheios de medo, não se colocaram nesta posição porque queriam, mas é pôr as coisas na balança e ver o que pesa mais”.

Pelas ruas: ações diretas

Por entre Extinction Rebellion, Scientist Rebellion, Climáximo e Greve Climática Estudantil, todos dizem a mesma coisa: planear uma ação é um processo variável e subjetivo que depende sempre do contexto. A situação muda radicalmente se o objetivo é fechar uma loja individual ou fechar a sede de uma petrolífera, bloquear uma estrada ou bloquear cinco pontes, afixar cartazes com palavras de aviso ou formarem os próprios ativistas as palavras do aviso, impedir o acesso à entrada de um aeroporto ou bloquear a pista de aterragem inteira, fazer um die-in numa praça ou fazer um die-in no meio de uma autoestrada, colar mãos a paredes ou atirar com sangue falso a janelas, bloquear a circulação numa cidade durante uma hora ou bloquear a circulação numa cidade durante uma semana.

Há ativistas com todo o tipo de tarefas. Na preparação inicial, é necessário perceber o que faz ou não sentido, prever o impacto que poderá ter, contactar pessoas, fazer prospeção do local, dialogar com a equipa legal que faz o trabalho de aconselhamento (“também para cada pessoa envolvida na ação entender os riscos que corre, e assumir ou não esses riscos”, lembra João Costa), fazer formações e ensaios, coser bandeiras e faixas, pintar cartazes, construir roupas DIY ou figuras monumentais, por vezes contactar com autoridades e com jornalistas.

Durante a ação, é importante monitorizar muito bem tudo o que se passa e prever o que se pode passar nos momentos a seguir, mantendo as pessoas animadas e motivadas, antecipando potenciais conflitos ou interferência externa e impedindo todos os tipos de confrontos. É preciso manter os ativistas (e, por vezes, também a população que observa de fora ou dá apoio, e até mesmo as forças de segurança) hidratados e alimentados, bem como garantir ao máximo os seus cuidados pessoais e possivelmente de primeiros socorros; em ações mais longas, montam-se zonas de alimentação e cozinha-se no local.

Na fase final, lida-se com eventuais detenções e processos judiciais, analisa-se e aprende-se com o que foi feito (ou fazem-se debriefs, como diz Cheila Rodrigues), descansa-se e reflete-se sobre o que fazer a seguir.

Cheila refere que as ações da XR sempre se caraterizaram pelo cuidado com que são pensadas, e que isso já se reflete nas ações de outros movimentos. “E é nisso que a XR foi revolucionária. Nunca houve desobediência civil massificada a nível global ao ponto que a XR chegou, mas também temos de pensar que a crise ecológica chegou a um ponto que nunca se pensou que chegasse, portanto, era expectável que algo como a XR nascesse, não é?” Brinca que o movimento tem sido bastante generoso, porque tudo é partilhado livremente. “Não importa qual é o logótipo que está nas bandeiras, o que importa é que os métodos sejam utilizados. É muito notório que a XR formou muitos coletivos, quer seja a nível de metodologia, quer seja na questão visual, quer seja no lado performático e facilmente mediatizado das ações.”

Pelas ruas: Unir Contra o Fracasso Climático

De uma maneira ou de outra, a maior parte destes movimentos estão todos conectados. Cheila explica que os movimentos “se alimentam uns aos outros”. A Extinction Rebellion nasce de movimentos como a RiseUp! e a Occupy, da Extinction Rebellion saem movimentos como a Just Stop Oil e técnicas para inúmeros outros. Exemplificando como tudo funciona em rede, a ativista refere que “tem havido várias ações em França em que se juntam alguns coletivos pequenos e depois pessoas da XR e da Just Stop Oil” e que “agora nesta última grande ação na Holanda, em que centenas de ativistas bloquearam o aeroporto de Schiphol, eram pessoas da XR, eram pessoas da Greenpeace e eram pessoas de outras redes”. “Precisamos de ter essa capacidade de articulação e de apoio entre movimentos e de não cairmos nessa lógica muito capitalista da competição. E nunca vai haver uma unidade de movimento, mas tem de passar pelo respeito pela diversidade, pela capacidade de trabalharmos uns com os outros, respeitando as nossas diferenças, mas focando-nos no que nos une, que neste momento é evitar a extinção da vida como a conhecemos. Se não for isto que tem a capacidade de nos unir, não sei o que mais poderá.” Estas ações em França e na Alemanha são exemplos de iniciativas levadas a cabo dentro da já habitual intensificação de mobilização na altura da cimeira anual. A Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas deste ano é a 27ª (daí ser conhecida como COP27), e nela estão integradas a 27ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (UNFCCC), a 17ª reunião das partes do Protocolo de Quioto (CMP17) e a 4ª reunião das partes do Acordo de Paris (CMA4).

Agora, estamos em plena quinzena de ações. A coligação Unir Contra o Fracasso Climático portuguesa engloba Climáximo, DiEM25 (Movimento Democracia na Europa 2025), GCE Lisboa, Sciaena, SR Portugal, Último Recurso, UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta) e ZERO. As Ocupas (internacionalmente End Fossil Occupy) já estão a decorrer desde 7 de novembro, sendo que a ocupação de escolas e universidades  está a ser feita por toda a Europa, tal como o foi a manifestação internacional de dia 12.

A desconfiança em relação a medidas e acordos que possam resultar da COP27 é geral. João Costa comenta que “já existiram tantas COPs e nunca saiu dali nada sem ser o aumento das emissões, e logo esta que decorre num país altamente ditatorial dentro de um resort de luxo, já sabemos perfeitamente que não vai sair dali nada”. Teresa Santos também admite que, na capacidade de uma cientista que tem vindo a seguir de perto estas cimeiras, não tem “grandes esperanças” que seja este o ano em que tudo vai mudar, referindo também a ironia da localização escolhida para o evento.

Pelas ruas: batalhas e conquistas em Portugal

Neste momento, esclarece João, o Climáximo tem três grandes eixos: as campanhas Gás é Andar Para Trás, ATERRA e Empregos Para o Clima. Estas iniciativas também funcionam sempre em rede, porque o coletivo está inserido “em várias redes internacionais”. A primeira “toca na questão da descarbonização, mas focando-se no gás”, porque este “está a ser utilizado para vender uma certa transição, para apenas se continuar a investir em combustíveis fósseis, então a campanha serve para desmistificar um pouco essa ideia de que o gás é mais limpo que os outros combustíveis fósseis (não é)”. ATERRA “é pelo decrescimento da aviação, com propostas muito concretas” para como este decrescimento deve ser feito. Já o terceiro eixo está relacionado com a “resolução de problemas relativos à crise climática” em geral com o objetivo de, “ao mesmo tempo, criar postos de trabalho”; “a campanha tem um relatório onde se apresenta uma proposta concreta para Portugal cortar cerca de 80% das emissões e criar 200.000 novos postos de trabalho públicos”.

Relativamente à descarbonização, os coletivos portugueses conseguiram “entre 2014 e 2019 cancelar quinze contratos para a exploração de combustíveis fósseis”, e “a última empresa com contrato ativo, a Australis Oil & Gas, admitiu mesmo ter cancelado por falta de apoio do Governo em relação aos protestos das comunidades locais”.

A Extinction Rebellion tem andado mais focada no apoio e formação a outros coletivos. “Estão a acontecer coisas pelo país fora e temos tentado dar eco a várias questões, quer seja as construções de golfe no Sudoeste alentejano, ou as que se têm passado na Madeira. Temos também tentado amplificar as vozes do interior e apoiar com a questão das minas, no Alentejo, na zona centro, no norte, porque muitas vezes não há uma ponte real entre estas realidades, entre o que é o ativismo em Lisboa e o que é preciso noutras zonas do país”, explica Cheila Rodrigues.

Maria Santos destaca a Lei de Bases do Clima como uma vitória na luta contra a crise climática em Portugal. A ZERO também tem vindo “a acompanhar a questão do aeroporto, também temos sido muito vocais nesse tema, inclusive sobre a nova localização, e estamos sempre a intervir em participações públicas, em reuniões de trabalho, a pressionar o Governo em relação ao estudo de impacto ambiental que é necessário fazer”. O Climáximo também tem trabalhado bastante na pressão contra o aeroporto, “porque se queremos cortar emissões, não podemos aumentar o número de voos, construir um novo aeroporto é precisamente o oposto do que se deve fazer”, bem como na pressão contra a expansão do Porto de Sines, “que recebe muitas mercadorias essenciais para o nosso dia a dia, mas recebe também regularmente gás natural liquefeito e há projetos para aumentar a capacidade de importação”.

O desespero – e a esperança – em relação ao futuro

“A maior parte da população ainda está em dissonância cognitiva, em negação para o que está a acontecer”, lamenta Cheila Rodrigues, acrescentando que “se realmente levassem a sério, a vida como a levam deixaria de fazer sentido e seriam obrigadas a tomar ações, e claro, a nossa psique tenta proteger-nos desse tipo de situação”. “As pessoas dizem que percebem a crise ecológica, mas se realmente percebessem estariam a rasgar as vestes, não é? Isso a nível emocional, porque obviamente que a nível racional nós conseguimos perceber que estamos numa situação muito difícil, mas ao nível emocional, se realmente sentíssemos o que é podermos estar perante o fim da vida como a conhecemos no planeta, as ações de desobediência civil não seriam tão chocantes”. Ana Carvalho também aponta que “a melhor ferramenta é mesmo agir. Não é que não seja importante a ação individual, mas já foi provado muitas vezes – e o movimento estudantil é uma grande prova disso – que só se as pessoas se juntarem, e se unirem, e se organizarem, e se falarem, e se tomarem ações, se consegue com as coisas mudem. A ação direta resulta, e a ação coletiva resulta”.

Teresa Santos admite que “é bastante difícil”. “Até porque vejo as pessoas mais preocupadas com um jogo de futebol do que com aquilo que está a acontecer. E, em parte, compreendo, esta informação não está toda a chegar às pessoas, e as pessoas não podem preocupar-se com aquilo que não compreendem.” Fala da frustração que sente pela inação dos decisores políticos, mas partilha da opinião de que agir ajuda bastante, gerando alguma “esperança para que talvez ainda seja possível mudar um pouco as coisas no meio de todo o caos que se antecipa”. 

E o que se antecipa? “Em termos de um futuro próximo, há muita coisa que pode mudar dependendo da velocidade com que as ações políticas vêm ou não vêm. Se as coisas continuarem como estão, o que é mais do que certo é que vamos ter mesmo um colapso civilizacional. Mais cedo ou mais tarde, isto irá acontecer. Porque, lá está, se temos temperaturas cada vez mais altas, se temos desregulação de todo o sistema Terra, automaticamente haverá problemas a nível de água, porque estamos a ver cada vez mais fenómenos extremos a acontecer um pouco por todo o lado, desde secas a autênticos dilúvios. Consequentemente, se temos problemas com água, temos problemas com a agricultura, com a alimentação, o que também vai gerar uma série de outros problemas, como ainda mais doenças. E claro que com tudo isso irão obviamente haver revoluções sociais, porque ninguém consegue ficar quieto quando vê a vida a piorar, então também é óbvio que a nível político as coisas poderão ficar um bocado negras. No fundo, é abrir uma Caixa de Pandora.” João Costa destaca que “temos um sistema económico que não combina com a capacidade de regeneração do planeta. Não é preciso ser matemático nem académico para fazer as contas e para perceber que todos os anos esgotamos os recursos que existem no planeta”.

“A frustração vai estar sempre presente, acho que nunca nos vamos conseguir livrar dela – mas até acho que se não a tivermos, se calhar é um sinal de que não estamos a fazer bem as coisas”, conclui o ativista da Climáximo. Em Why Rebel, Jay Griffiths (autora e ativista da Extinction Rebellion) escreve que “apenas quando está escuro o suficiente se pode ver as estrelas, e elas estão a alinhar-se agora para escrever revolta nos céus. Porquê a revolta? Porque a natureza não é um hobby. É a vida da qual dependemos.”

*Esta reportagem foi inicialmente publicada a 17 de novembro de 2022.

Texto de Sofia Matos Silva

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