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Da caça à observação do cachalote: a mudança de paradigma que quebra barreiras e inunda corações

O arquipélago dos Açores, banhado pelo oceano Atlântico, é reconhecido como um oásis de cetáceos, sendo que, no ambiente marinho dos Açores, os cetáceos registam 28 espécies residentes e migrantes. Por migrantes entendem-se espécies que passam alguma parte do seu ciclo de vida naquele ambiente, entre baleias, golfinhos e botos. Nada, o ano inteiro, nas águas açorianas, uma criatura marinha que se tornou o ícone da região: o cachalote.

Texto de Redação

©Rafael Martins

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De nome científico Physeter macrocephalus, esta espécie, segundo a historiografia açoriana, surge sempre designada como baleia, tratando-se, assim, de uma designação insular ainda hoje utilizada. Trata-se, então, das maiores baleias com dentes e os maiores predadores com dentes do mundo, sendo que o macho pode chegar até aos 18 metros, enquanto a fêmea poderá atingir os 12 metros, e são detentores das maiores cabeças e maiores cérebros do mundo, característica que permite a sua fácil identificação e que fez surgir o apelido Cabeçudo, atribuído por açorianos, muitas vezes utilizado, de forma carinhosa, na prática de observação de cetáceos.

É a partir da década de 1830 que se desenvolve, nos Açores, a caça à baleia, tornando-se uma atividade de elevada importância económica para a região. Os navios de caça à baleia americanos chegaram aos Açores através da procura de locais onde abundassem cachalotes e encontram neste lugar condições favoráveis à caça da baleia. Os americanos encontraram nas gentes açorianas uma mão de obra bastante responsável e trabalhadora, sem medo do mar, como se, desde sempre, o mar fosse uma componente intrínseca ao ADN açoriano. Os jovens açorianos encontravam, igualmente, aqui, uma oportunidade de melhorar a sua vida, ou como forma a evitar o recrutamento militar, ou como tentativa de combate à pobreza existente na altura ou unicamente, para os açorianos de espírito mais aventureiro, o embarcar nestes navios era tido como uma atitude arrojada de descobrir terras distantes. A atividade começava ainda em terra, com o lançar do foguete pelo vigia, que tinha como missão observar, com os seus binóculos, durante horas, o mar e descobrir onde existia movimento ou jatos de água, lançando um foguete sempre que fosse avistado o animal. Este era o som que a população toda desejava ouvir: era altura de preparem a tripulação e embarcarem nos botes, utilizando métodos artesanais e embarcações pequenas e frágeis, prontos para começar a perseguição ao animal, com a incerteza de regressarem a terra, para junto das suas famílias. Os baleeiros caçavam, maioritariamente, cachalotes e deste animal aproveitavam praticamente tudo e todas as partes significavam uma moeda a mais, na miséria que era vivida naquele tempo. Do lado oposto, o foguete seria o ecoar a morte para a baleia, que nadava, tão pacificamente, no mar que constituía o seu lar.

Cachalote a saltar | ©Rafael Martins

Por serem tão grandes, e por influências norte-americanas, os cachalotes machos nos Açores são, igualmente, apelidados de bulos, expressão vinda da palavra inglesa bull, que significa touro, ou seja, um macho grande e forte. Na altura em que se caçavam baleias, os açorianos não dominavam a língua inglesa e acabaram por adotar a palavra, todavia, pronunciando-a da forma que entendiam. As condições morfológicas do animal foram fundamentais para o sucesso da caça à baleia, não apenas pelo seu tamanho e pelo facto de os cachalotes andarem em grupos, o que permitia, normalmente, a caça de mais do que um animal, mas também, pela existência de espermacete no animal, tratando-se de uma substância que garantia que os cachalotes fossem as únicas baleias que não afundavam depois de mortas, facilitando, posteriormente o arrastamento do animal até à costa. O animal morria, então, à tona de água, com uma das barbatanas a apontar para o céu, com a única culpa de ser a baleia mais dócil e mansa, e, por consequência, a mais fácil de caçar. As referidas gigantescas condições morfológicas do animal podem ter sido responsáveis pelo nome Cetus, como eram denominadas as baleias na Grécia antiga, que significaria monstro marinho e, por consequência, os perigos do mar. Esta ligação das baleias na mitologia pode explicar a ocorrência de muitas vezes este animal aparecer associado a maus presságios, desgraças, perigo e catástrofes, como nos foi incutido desde pequenos, até através de padrões e costumes do nosso quotidiano. Veja-se o exemplo do filme de animação Pinóquio de 1940, que foi e continua a ser um sucesso, a personagem Monstro, um cachalote que engole a personagem principal e é considerada, como o próprio nome indica, o monstro dos mares. A sua presença no filme surge de forma a representar o terror dos mares, pretende-se personificar o medo, a solidão, a tragédia e até a morte, deixando qualquer criança com medo da Monstro, do Mar, das Baleias. Todavia, atualmente o panorama é outro. Se antes a baleia acarretava uma carga negativa, atualmente começam a representar o poder dos mares, quase como as guardiãs dos oceanos e símbolo de poder e tranquilidade e os sons emitidos pelos cachalotes são até utilizados para situações de relaxamento.

Imagem subaquática de cachalote à superfície | ©Rafael Martins

Especulações e teorias são abundantes quando o assunto trata o surgimento e chegada ao arquipélago dos Açores, porém, note-se que, em qualquer uma das teorias, o mar dos Açores tem um papel crucial em termos de desenvolvimento e expansão da Região no mundo, sendo que há mesmo quem afirme que o mar é a razão de ser dos Açores. O mar dos Açores teve, desde o seu povoamento, e continua a ter atualmente, uma função essencial para o desenvolvimento e expansão do território, para as relações externas, para funcionar como potenciador de oportunidades nas áreas científicas, criar valor no que concerne ao empreendedorismo e à economia azul, fazendo ainda parte da identidade e património açoriano e serve, também, de inspiração, em diversos campos distintos. A origem vulcânica dos Açores e a sua localização isolada fazem deste arquipélago um verdadeiro paraíso para os amantes de biodiversidade, que vai combinar espécies de climas frios com outras de climas temperados e, ainda, de zonas tropicais e, perfazendo, deste modo, uma das zonas do mundo onde se observam mais espécies de cetáceos.

Nas águas açorianas, ao longo dos tempos, o cachalote tornou-se, de mãos dadas com o mar dos Açores, um dos elementos cruciais para o desenvolvimento da região e uma fonte de inspiração para variados artistas açorianos, nacionais e até internacionais. Adolfo Mendonça, um artista terceirense que usa o mar como inspiração, refere que relativamente à mensagem que pretende transmitir através da sua arte e tendo por base o mar dos Açores, esta prende-se com a ideia da fragilidade dos oceanos e a obrigação em cada um de preservar e cuidar deste património, admitindo mesmo que “a ideia seria oferecer às pessoas as características do mar ou representações de elementos marinhos, sem existir a necessidade de extraírem ou danificarem a natureza”.

Adolfo Mendonça - o artista no seu ateliê, na ilha Terceira | ©Adolfo Mendonça

O ceramista pretendia que cada cliente fosse capaz de sentir que tinha quase uma parte do mar dos Açores consigo. Para Mendonça, apesar de, numa fase inicial, ter tido mais impacto nos açorianos, hoje a sua bolsa de clientes estende-se além-fronteiras, sendo já de cariz internacional. “O mar é visto como uma forma de quebrar barreiras, mesmo quando estas são barreiras geográficas”, e, para Adolfo, o “mar consegue ter já um grande impacto nas pessoas, mesmo quando estas vivem em locais sem acesso direto ao oceano”.

Um estudo em Gestão e Conservação da Natureza, por Cláudia Oliveira, da Universidade dos Açores, revela que, entre os anos 50 e 80, as capturas de cachalotes representaram praticamente metade do total de capturas desta espécie no Atlântico Norte. Segundo o site da empresa de observação de cetáceos Futurismo Azores Adventures, nos Açores, o pico da caça às baleias acontece de 1896 a 1949, com cerca de 12 000 baleias mortas. Após este período, a caça à baleia começou a diminuir no arquipélago por diversos motivos, como a emigração de diversos açorianos para os Estados Unidos da América ou Canadá, mudança de paradigma relativa à passagem dos pescadores para a indústria do atum, falta de procura de óleo de baleia e encontro de produtos substitutos e, principalmente, a pressão por parte de organizações como a Cousteau Foundation, Greenpeace ou International Fund for Animal Welfare (IFAW) para o alerta relativo à preocupação em proteger os cetáceos.

Assim, por volta de 1980, encerra a prática da caça à baleia nos Açores, tornando a caça à baleia uma atividade-memória, que influenciou aquela que é hoje a identidade açoriana e concedeu uma diversidade patrimonial e museológica ligada a esta prática. Com isto, dá-se uma mudança de paradigma relativamente à missão da baleia nos Açores e da visão dos açorianos perante o animal: deixam de se matar baleias para começarem a serem observadas e preservadas, ensinando tanto, todos os dias, aos que esgotam os lugares dos barcos das diversas empresas de observação de cetáceos espalhadas pelas nove ilhas dos Açores, sobre serenidade e equilíbrio.

Esta transição, em 1991, veio contribuir para o renascimento dos cetáceos e para uma contribuição científica dos Açores e das suas espécies a nível internacional, criaram-se plataformas de registo científico das espécies e muitos são os estudiosos destas espécies e curiosos que viajam até aos Açores com a única missão de saber mais sobre o rei dos mares, o cachalote. Esta mudança de paradigma de morte para proteção cria-se, atualmente, fora do mar: transborda de coração em coração, com uma naturalidade a quem vive e é mar e onde as ambições têm todas sabor a água salgada, é o caso do skipper [ou capitão é o profissional responsável pelo governo das embarcações, pelas manobras do barco e pela tomada de decisões a bordo, em que a prioridade está na segurança dos passageiros e da embarcação] e biólogo marinho micaelense Rafael Martins que considera o mar dos Açores a sua primeira casa, por acreditar que é no mar que encontra a sua zona de conforto e onde “o meu escritório deixa de ser escritório para ser a partida para uma aventura e onde, todos os dias, me apaixono cada vez mais pelos cetáceos, pelo brilho nos olhos dos clientes ao conhecerem o nosso paraíso e pela serenidade e empatia que o animais me transmitem, em especial o cachalote, o meu preferido”, afirma Martins.

Rafael Martins - o biólogo marinho e skipper açoriano, após uma viagem para o mar com a empresa Futurismo Azores Adventures | ©Álvaro Palácios

Para o skipper, a insularidade é uma bênção, mas pode, de igual forma, ser traiçoeira e, por isso, apostou, em 2021, na Noruega onde assumiu funções como skipper no Orca Camp, mas admite que ao fim das primeiras semanas já sentia nostalgia das saídas no mar dos Açores, da proximidade das gentes açorianas ao oceano e do respeito dos açorianos pelos animais. Acredita que ao escolher biologia marinha limitou severamente o seu trajeto profissional, porém, confessa: “Quando fiz a primeira saída para o mar percebi que já tinha descoberto o que queria fazer o resto da vida, senti que era uma vocação.” Rafa, como gosta de ser chamado, acredita que o facto de ser açoriano acarreta, por si só, um peso enorme para o sentimento de pertença que nutre para com o mar, não obstante, confessa que este sentimento, por mais contraditório que possa ecoar, ganha mais relevo no inverno, quando a atividade profissional é menor devido às condições atmosféricas. “Sinto saudades — do mar e das baleias — como se fosse uma parte de mim que não está, algo que fica a faltar, e o meu humor muda drasticamente… para pior!”, confessa, a rir. Desde 2016 que trabalha no mar, com o mar e para o mar, mas ainda se recorda da primeira vez que viu um cachalote, com apenas 10 anos. Recorda que, num dia de mau tempo, ele e o pai, embebidos em espírito aventureiro, decidiram fazer observação de cetáceos, e, “até hoje a imagem está totalmente nítida na minha cabeça de um salto de cachalote fora de água e nessa altura já me senti em casa no mar”, diz Rafa. O biólogo e apaixonado por cetáceos pretende, todos os dias, lutar pelo bem-estar e a preservação animal e defende o respeito pelo animal e pelo seu habitat como prioridade na hora de levar clientes a conhecerem os encantos do mar dos Açores e conclui ainda que “é um privilégio e um orgulho ter a companhia do gigante dos mares”.

Dois cachalotes a mergulhar: à esquerda uma fêmea adulta, à direita um macho adulto | ©Rafael Martins

Certo é que tal como a atividade baleeira, existe, sem dúvida, uma ligação interarquipelágica vigorosa entre os Açores e os açorianos quando o assunto refere as baleias e o mar. Muitos são os que conhecem os Açores e ficam rendidos aos encantos do verde, à tranquilidade do azul e à genuinidade das nove ilhas, no entanto, nos últimos anos, os fatores marinhos referidos anteriormente tornaram-se dos fatores mais pesados, na hora de escolher um destino turístico ou, até, novo local de residência. O exemplo da bióloga marinha Georgina Cabayol, a residir na ilha de São Miguel há já quatro anos, afirma que quando vivia em Barcelona não sabia localizar os Açores no mapa, admite também que “foi a chance de um contacto direto com o mar, com a biodiversidade e as oportunidades que daqui surgem, que me fizeram querer ficar”.

A bióloga espanhola, numa das saídas para o mar, com a empresa Futurismo Azores Adventures, onde trabalha atualmente | ©David Rodrigues

Nos Açores, Georgina teve a oportunidade de aprofundar estudos na área do mar e confessou que os cachalotes foram uma parte integrante da sua escolha em permanecer na ilha: “Os cachalotes convertam-se num símbolo da observação de cetáceos e da região e estudar este animal tornou-se numa paixão. Sinto que me tornei uma peça deste puzzle natural, e é um privilégio conseguir estar aqui e ficar, todos os dias, de forma diferente, surpreendida e encantada com este local e com este animal”, afirma a bióloga, confessando que já ambiciona alguns projetos futuros na área do mar dos Açores. Para Georgina, ou Geo, como os colegas gostam de a tratar quando estão no mar, e onde, entre salpicos de água salgada, a emoção e os avistamentos inesperados se tornam os seus principais aliados, é complicado obter uma conclusão sobre o significado do mar e a figura do cachalote, declarando mesmo que “faltam as palavras para explicar algo tão imponente e majestoso como o mar dos Açores e as baleias, mas com a certeza de que se os Açores são mar, então o cachalote faz já parte de quem eu sou”, completa a bióloga.

*Esta reportagem foi inicialmente publicada a 14 de setembro de 2022.

Texto de Carlota Dâmaso

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