Oui Je veux mourir sur scène é o nome da exposição que revisita dez anos da Plataforma285. Contando com a curadoria de David Revés, a exposição que assinala inauguração no dia 2 de novembro apresenta objetos, figurinos, vídeos e memórias que foram parte daquelas que são as dez vidas da companhia de teatro.
Prolongando-se até dia 6 de novembro, na Appleton Associação Cultural a exposição que se apropriou de um verso da música Mourir sur scène da Dalida - “Oui je veux mourir sur scène” - desenha-se enquanto momento comemorativo dos 10 anos de fundação e atividade contínua da companhia de teatro Plataforma285.


Resgatando a memória material de 2011 a 2021, a exposição recorta elementos das mais distintas origens e naturezas — gravações vídeo, composições musicais, cartazes, documentação de bastidores, objetos de comunicação e merchandising, figurinos, cenografias, textos-guiões dramatúrgicos, entre muitas memórias que se fizeram ouvir nos 16 espetáculos desenvolvidos pela companhia.
Com uma “viagem ao baú” registada, ou melhor, o 'novo cenário' que se avizinha, pretendem manter-se em "linhas de força que norteiam o pensamento [sobre teatro — e a vida] desta estrutura artística, a sua orgânica criativa, mas também as relações estéticas e políticas que procura desenvolver nos seus espetáculos e nas parcerias que estabelece com outros agentes culturais e artistas das mais variadas áreas da criação", lê-se em comunicado.
O coletivo realça ainda que esta viagem pela sua 'curta história' foi entregue a David, o qual a partir de uma garagem escolheu objetos, vídeos, textos ou memórias que aparentam ser mais característicos de eles mesmos. "Não nos interessa que esta exposição seja uma mostra de trabalho, mas sim uma apresentação daquilo que a Plataforma285 é. Como todas as relações que se criam, mais do que aquilo que somos há a imagem daquilo que o outro cria de nós mesmos", acrescentam.
Não sendo estranha para David, a Plataforma285 decidiu abrir 'a sua casa' ao curador que afirma ser "sempre com alguma magia e encanto que nos vemos passar, literalmente, para o lado de lá da cena, navegando nos labirintos dos bastidores [materiais e conceptuais] e integrando, de alguma forma, a actividade criativa (pelo menos da forma como encaro esta exposição). Enquanto curador que preponderantemente trabalha com as artes plásticas e visuais, uma aproximação ao teatro é sempre algo inusitado e da mesma forma estimulante. Além disso, conhecer o, chamemos-lhe, sistema de pensamento desta companhia, perceber o seu percurso e evolução crítica, assim como a relação livre que estabelece com as restantes práticas artísticas, tem sido uma experiência muito enriquecedora e consequente".
O baú abriu naquele que é um momento de comemoração. A Plataforma285 pretende eternizá-lo em 4 dias que serão a alavanca para mais dez anos.